Seungmin se lembrava de seu primeiro beijo. Lembrava de cada detalhe, da sensação engraçadinha que correu pelo seu peito, das cócegas que sentiu quando a pessoa que o beijava, fez carinho em sua nuca, e principalmente, de com quem tinha sido.
Era um sábado qualquer na sua adolescência, e Seungmin com seus quatorze anos de idade, estava entediado em sua cama, lendo uma revista em quadrinhos de super herói. Foi quando, na janela, escutou um barulho, como se alguém o chamasse.
— Psst! — Escutou, mais alto.
O Kim largou o gibi na cama, se arrastando preguiçosamente pelo quarto, em direção ao barulho. Seu rosto corou violentamente assim que viu quem o chamava.
— Tá afim de andar um pouco comigo? — Perguntou, sorrindo ladino, e Seungmin sorriu de volta, concordando. — Ótimo. Te vejo em alguns minutos.
O Kim observou a figura o dar as costas e fechar a janela, enquanto sorria abobalhado. Olhou para o céu, que começava a escurecer, com a tarde dando lugar a noite, e resolveu só pegar uma jaqueta e colocar seu all star azul favorito, descendo as escadas de seu quarto logo depois.
Passou pelo quarto de seus pais, que tiravam um cochilo serenamente, dado ao trabalho da semana inteira. Se orgulhava muito de ambos os pais serem advogados, mas achava que era uma profissão um tanto quanto desgastante às vezes, o que o fazia repensar completamente sobre o que queria seguir num futuro um tanto quanto próximo.
Fechou a porta da entrada devagar, não querendo fazer barulho, e logo viu a outra figura já sentada na bicicleta azul que ficava todo dia apoiada na cerca da casa vizinha. Os dois sorriram cúmplices, enquanto Seungmin subia em sua bicicleta com detalhes em um verde claro, e pedalava atrás do outro garoto.
Era um hábito deles. O garoto da casa ao seu lado costumava o chamar todo fim de semana para pedalarem juntos pela vizinhança, matando o tempo tedioso do qual não tinham nada pra fazer. E eles sempre acabavam no bosque da cidade. Os dois, mais ao fundo do lugar, conversando sobre coisas meramente insignificantes ao lado do riacho.
E assim que se cansaram de andar de bicicleta por aí, as deixaram no canto enquanto iam se sentar perto do riacho, escutando o barulho da água se movendo suavemente enquanto procuravam assunto para trocar.
De repente, o outro garoto tirou algo do bolso, e ofereceu para Seungmin.
— Quer? Tem um gosto meio forte, mas é até bom. — Ele estendeu um cantil com a tampa aberta, e Seungmin se aproximou apenas para sentir o cheiro, torcendo o nariz logo depois.
— Não. E você não devia beber isso. Somos menores de idade.
O garoto deu de ombros, o tampando e guardando no bolso novamente. Naquele dia em específico, alguma coisa parecia diferente. Algo no ar que Seungmin não conseguiu pegar de primeira.
— Seungmin.
O Kim virou a cabeça devagar para o lado, murmurando um "hm?" em resposta.
— Uma garota pediu pra sair comigo ontem.
— Ah...
Aos seus quatorze anos, Seungmin não sabia bem como era a sensação de estar apaixonado. Não conhecia o amor completamente, e não sabia identificar as sensações que vinham acompanhadas dele. Mas, naquele momento, ele só sabia que algo doia bastante em si. Como se tivesse acabado de levar um soco no estômago, daqueles que te impedem de respirar direito, e te deixam irritantemente zonzo.
— Escuta. — Seungmin não respondeu. — Eu nunca beijei ninguém, sabia?
Novamente, nenhuma resposta. Só o encarar do Kim, que não entendia aonde aquela conversa ia chegar. E não sabia se queria.
— E você? Já beijou alguém, Seungmin?
Ele balançou a cabeça, devagar, num simples não.
Olhando para trás, Seungmin tinha vergonha do fato de ter sido alguém tão calado na pré adolescência, e queria que tivesse sido uma pessoa com atitude diferente. Mas por algum motivo, não mudaria em nada aquele dia. Faria ele do mesmo jeito, de novo e de novo.
Ele inclinou sua cabeça para perto do Kim, que mal se moveu. Levou sua mão para a parte de trás do pescoço deste, e o puxou para ainda mais perto. Surpreendemente, seu hálito não tinha o mesmo cheiro do conteúdo do cantil.
Mas então... Por que?
Se fosse pedido para descrever aquele dia, Seungmin conseguiria com facilidade. Lembrava de cada sentimento. Se lembrava do enrolar lento da língua do outro garoto sobre a sua, se lembrava da maneira que os dois se moviam devagar, se complementando, do dedilhar em seus cabelos que arrepiou cada centímetro de seu corpo, e principalmente, de terem trocado mais de um só beijo naquela tarde. Ele se lembrava tudo.
Ele não mudaria nada desse dia. Absolutamente nada.
Dois dias depois, quando chegou no colégio, porém, viu uma cena que embrulhou seu estômago por meses. E ainda o assombrava às vezes. Aos quatorze, logo depois de descobrir como era se apaixonar e ter seu primeiro beijo, Seungmin sentiu a dor de um coração partido pela primeira vez.
— Ei, eu fiz algo estranho no sábado? Acabei extrapolando na bebida, até levei um xingo dos meus pais. — Ele dizia divertido, como se fosse algo cotidiano. Seungmin não entendia. Mas seu coração doía ainda mais. — Você não vai acreditar! Acabei de ter meu primeiro beijo!
Seungmin se lembrava de cada detalhe. De quando imaginou que só tinham ele e outro garoto vivos e sentindo tudo que sentira naquele momento. Ele não mudaria aquele dia, mas, se pudesse, mudaria os seguintes. Se ele pudesse, voltaria e gritaria para que o outro se lembrasse. Se lembrasse do que aconteceu, porque Seungmin jamais esqueceria, e pensava sobre isso toda vez que fechava seus olhos.
Ele se viraria para aquele garoto, e, diria.
"Jeongin, você se lembra quando..."
(N/A): haha oi
não vou ter muito o que falar, mas quem pegou o indício de que isso tinha acontecido no capitulo passado, pegou, quem não pegou, surpreeesa :D
"sam você tinha isso planejado?" NÃO absolutamente não, minha mente trabalha sozinha gente, é sério, não tenho muito controle do que sai aqui.
falem comigo!! digam o que tão achando, o que querem, surtem, o que quiserem aqui.
enfim, foi isso hein, espero que tenham gostado!! (wallows na mídia é de lei, em quase toda fic acontece.)
até o próximo! <3
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From The Start
FanfictionSeungmin era bem resolvido consigo mesmo, e gostava de se basear nas certezas da vida. Era alguém lógico, se movia através da razão e pensava duas vezes antes de agir ou tomar uma decisão. Ele só tinha uma única incerteza que sempre martelava em sua...