capítulo 4
Um ano depois. 13 de julho. A descoberta
Nesse um ano da minha vida, tudo mudou. Minha relação com Meredith - Tínhamos mais intimidade e nos comunicamos melhor -, Os gêmeos fizeram 6 anos e já sabiam ler e escrever seus próprios nomes, era a coisa mais linda.
Mas, o que me fazia bater cabeça, era saber o paradeiro de Julia. Até então, desde que decidi viver uma vida com Meredith, nunca mais tivemos contato. Só lembro de uma única vez, estamos por coincidência na mesma cafeteria - Era próximo do meu apartamento antigo - comprando o mesmo café de sempre em uma manhã chata de segunda. E é aí que me pergunto do porquê ela sorriu ao me ver, deu um aperto de mão e falou "Oi, Addison. Quanto tempo. Como estão os gêmeos e sua esposa Meredith?" fui curta e respondi "Estamos todos bem". Logo em seguida, mais outra pergunta que furava os meus olhos "Que ótimo, estão morando no mesmo lugar?" No caso, ela se referia ao meu apartamento antigo. Respondi que sim para cortar assunto e ela outra vez fala "Qualquer dia apareço por lá. Sou louca pra conhecer sua esposa" Sorri simpática, peguei meu café e fui embora. Faz uns 8 meses tudo issoMinha única preocupação era meus filhos. Não eram meus de sangue, mas eram de coração. Eu os criei.
6 anos é muita coisa, crianças com essa idade são tão curiosas. Eu e Meredith já estávamos enlouquecendo com as perguntas, birras, as brigas que eles dois arrumavam. A birra de Colin era porque odiava o banho, diferente de Stella que amava estar sempre perfumada, com as roupas mais bonitas, os lacinhos no cabelo. Era vaidosa demais. - Esse lado com certeza puxou de mim - Colin era mais largado, se é que podemos dizer isso. Gostava de brincar no quintal da nossa nova casa, mexer com terra. A bagunça toda é com ele.E eu, levo minha vida normalmente, bem monótona até. Mas sempre louca de amores pela minha mulher. Tentando todos os dias ser melhor.
[...]
Foram três batidas na porta, com pressa, corri para abrir pensando que seria Arizona. Ela me ligou hoje cedo, disse que precisava me contar algo urgente.
- Oi Addison - E quem eu menos esperava estava lá, na porta da minha casa, ou melhor, na porta da minha família. - Achou que eu não iria aparecer? - Julia enfiou as mãos para me tirar do meio da passagem e conseguiu. Ela era alta, bem mais forte que eu.
- Você não pode entrar aqui! Sai agora! - O nervosismo me consumia
- Você tá aqui, né? Vivendo sua vida de casada e sendo mãe. Por que não conta pra sua esposa que estava comigo e com ela ao mesmo tempo? - Ela parecia fora de si, mas ao mesmo tempo a Julia de sempre.
- Você está drogada, não é possível. - Tentei não gritar para que Meredith não ouvisse, mas era meio impossível. - Sai da minha casa!
- Quem está aí? Addison! Que gritos são esses? - Para minha surpresa, Meredith apareceu na escada que ligava aos quartos. - O que ela está fazendo aqui?
- Ela não te contou, não é mesmo? Muito prazer, eu sou a Julia. - Julia era afrontosa, só não mais que Meredith. - Ela estava comigo quando voltou com você.
- Isso não é verdade, querida. Será que você pode sair da minha casa? Não sei que tipo de droga você usou, mas é melhor sair antes que eu chame a polícia.
Nesse meio tempo, eu estava parada, olhando as duas discutirem. Foram tantos os xingamentos. Não interrompi porque tive medo, sou covarde. Mas, não me acho na razão de me meter na briga mesmo que o assunto fosse sobre mim.
Só sei que depois dessa, Meredith nunca confiaria em mim de novo.
Me julgue, mas quando você está em uma fase boa do seu relacionamento, não quer que volte tudo do início. As brigas, crises e tudo mais. Não penso só em como vou me sentir, mas em como os meus filhos também vão. Esse peso.
Depois de todo esse alvoroço, Meredith prendeu os cabelos em um coque, subiu as escadas e se trancou no quarto. Sei que deveria respeitar o espaço dela, afinal, foi eu quem errei.
E permaneceu assim por semanas, tentei me redimir de farias formas. As únicas palavras que trocávamos era "sim e não". Meus filhos sentiram esse peso e me doía demais saber que eles também sabiam que suas mães eram instáveis e não sabiam se comportar como adultas.[...]
- Bom dia. Fiz seu café - Ela me encarou, olhou para o café e sentou.
- Eu não quero. - Ela suspirou - Você não se cansa? - Fiquei reflexiva com sua pergunta, encarei por alguns segundos e respondi.
- Não. Eu amo você. Quero que me perdoe.
- Não é só por que você quer que vou te desculpar. - Ela foi curta e certa com as palavras. Realmente, as coisas não são por querer. - As vezes, a gente tem que merecer. Sabia, Addison?
- Eu sei. Toma o seu café. - Me impressionei em ver que ela realmente tomou o café, era o seu favorito. - Se a gente tá assim? Por que continuamos? - Soltei a pergunta de uma vez só.
- Eu não sei. Você está insinuando que a gente deveria terminar outra vez? - Sua expressão mudou, ela parecia brava. Mais brava que o comum.
- Não, não é isso que você tá pensando. Mas, estamos assim há tanto tempo. Convenhamos, parece que não existe mais nada. - Ela permaneceu em silêncio, me olhou e voltou a fazer o que estava fazendo. – Mas como você é dramática né, Addison? O erro foi inteirinho seu! Espero que isso fique claro. – A expressão era amedrontadora, não mudava. Acho que nem piscando ela estava. – Sabe de uma coisa? Você tem muito o que aprender. - Ela me olhou, logo em seguida bebeu um gole do seu café e voltou a falar. - Você deveria pensar mais. - Isso me pegou, talvez eu fosse sonsa. Mas, pensar em que?
- Você me perdoa? Olha, eu ando falhando com você, até demais. Mas, será que dá? - Sei que ela não deveria, nem que quisesse. Só quero consertar tudo isso porque os erros são meus. - Eu sei que é difícil, me desculpa. Nossos filhos acabam sentindo essa pressão, talvez até pensem que é culpa deles. Eles são grandes, já são espertos. E sinceramente, não quero que nossos filhos passem por isso de novo, Meredith.
Estou abrindo o meu coração, sendo sincera com você. Nós somos a base de tudo. Acredito que ainda exista um pouquinho de amor aí. Existe? - Soltei tudo, desabafei de verdade e nem era 9h da manhã. Existe turbulência sim, com toda certeza. Porém, somos maiores.- Eu vou pensar no seu caso. Vem aqui. - Recebi o abraço mais caloroso do mundo. Eu preciso dela. Logo em seguida, um beijinho para começar a nossa manhã. - Tudo bem. A gente conserta.
Nunca fiquei tão feliz na minha vida. Acredite, sempre que somos perdoados por alguém, é como se você tivesse vencido uma maratona.
As crianças acordaram logo em seguida. Colin pediu colo, estava choroso. Até disse que teve um pesadelo. Pedi para ele contar e ele só disse "Você e a mamãe vão ficar juntas, promete?" As crianças sempre acabam sentindo a pressão. Isso é triste. Felizmente já nos resolvemos e tudo está em paz.- Será que alguém vai lavar a louça do café? Acho que a louça chama a mamãe Addison, o que vocês acham? - As crianças, que estavam extremamente sentimentais, gritaram falando que quem deveria lavar a louça era eu. - A louça é sua.
- Muito obrigada, Meredith. - Eu estava sendo irônica.
- Espero que você tenha aprendido sua lição.