II

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capítulo 2

– Cadê as crianças?! – Pulei da cama como se algo tivesse acontecendo. Talvez fosse meu instinto materno. – Meredith? Que porra a gente tá fazendo juntas? – Vocês vão me desculpar, mas, eu acabei de acordar no susto.

– Tá doida, é? – Ainda na cama, Meredith me encarava tão confusa quanto eu. – Foi você quem.. – Interrompi.

– A gente dormiu juntas. Entendi. Posso ao menos te beijar por um pedido de desculpas? – Meredith abriu um sorriso e assentiu. Eu sabia que era um erro voltar, porque já éramos divorciadas. Aproximei meu rosto, e assim que encostamos nossas bocas, Colin e Stella gritavam pela casa.

– Mamãe, Ad. Mamãe, Mer. Vocês estão aqui! – Colin afirmava. Era um menino esperto.

– O que vocês estavam fazendo? – Stella perguntava, e ao mesmo tempo, corria sem parar.

– Coisas de adulto, filha. – Respondi tentando parecer séria. – Vamos tomar café. Eu preciso ir.

– Não fala essas coisas. Eles vão chorar. – Meredith tentava falar entre os dentes.

– Ir pra onde, mamãe?

– Filha da put.. – Ok, acho que Meredith estava irritada. – Vamos tomar café, pessoal.

Fui para o quarto das crianças, era tudo tão, sei lá, infantil? Eram crianças, Addison. Fala sério.
Enfim, revirando a cômoda de roupas das crianças, encontrei uma camiseta escrita "Sou a favorita da mamãe" que era da Stella. Dei de presente pra ela quando os gêmeos fizeram 4 anos. Colin tinha uma igual.
Peguei as camisetas combinando, um shorts pra cada um e esperei eles saírem do banho.

– Lembra disso aqui, am.. Meredith. Lembra? – O que? eu quase chamei ela de amor, era brincadeira. Vi que ela deu um sorriso de canto e respondeu.

– Lembro, sim. Bons tempos. Quem sabe dessa vez você compra uma escrito "volta pra casa, mamãe"? – Fiquei calada por uns minutos, sorri pra ela, e respondi. – Vou pensar no seu caso.

– Bom, então pense logo. O tempo não para. – Ela rebateu.

[...]

Pouco depois do café, eu precisava ir embora. Eu recebi uma ligação de Júlia, e eu precisava acabar com aquilo logo. Pedi pra que ela esperasse no meu apartamento.

– Você precisa ir mesmo? Tava tão bom.. Você com as crianças.. Nós.

– Infelizmente. Mas, prometo voltar. Será que você poderia me esperar pro jantar? Qualquer coisa ligo pra você.

– Tudo bem, Ad. O importante é ter você de volta. – Aquilo reacendeu alguma coisa em mim. Eu sentia falta e precisava suprir. Era óbvio, se ela quisesse, eu queria também. – Não tá esquecendo de nada? – Ela estava com a chave do meu carro, eu nem tinha percebido. Voltei pra buscar. – Tem certeza de que não está esquecendo de nada mesmo? – Olhei para minhas mãos, chave do carro, ok. Celular, ok. O que mais faltava?

– O que? Não está faltando nada. – Falei.

– Está sim. Vem cá. – Ela me puxou e só pude sentir seus lábios no meu. Depois que acabou, olhei pra ela, ela olhou pra mim. E eu apenas disse "Até mais tarde." Saí de lá o mais rápido que podia.

[...]

Assim que entrei no meu apartamento, dei de cara com a Júlia. Uma loira, alta, de olhos castanhos e pele latina. Ela me lembrava a Evelyn Hugo. Seu vestido preto com um decote enorme destacava os seios. Eu não gostaria que outras pessoas olhassem pra ela como eu olhava.

– Nenhum "oi"? Você some e eu não recebo um "oi"? – Ela fala, abrindo início à uma leve briga. – Eu sei que você tem seus filhos, e eu entendo. Mas, se toca, Addison. Eu também preciso de atenção, não é só seus filhos o tempo inteiro.

– Desculpa. Eu vi meus filhos mês passado, Júlia. Será que eu não posso vê-los nem na semana do meu aniversário? – Respirei fundo. E era óbvio, isso era uma puta mentira. Eu queria me safar de briga. Júlia nunca me perguntou sobre isso, acho que não era seu interesse.

– Ai meu Deus. Me desculpa, meu amor. Eu não fazia ideia. Vem cá. – Ela me puxou para um estranho e constrangedor abraço. – Já decidiu onde vai passar seu aniversário?

– Sim. Vou passar com meus filhos. – Todos nós sabemos o real motivo, Júlia não precisa saber também. Pra ser bem sincera, eu gosto de estar com as duas. Mas, sei quem eu realmente amo.

– Tudo bem, Addison. Mas.. Sei lá. – Ela solta o abraço e senta no sofá. – Você tá agindo estranho. Raramente te vejo em casa. Você só vê aquela Meredith. Tem certeza que não voltou com ela? – Eu conto ou vocês contam? Bom, querendo ou não, vou negar. Ela não precisa saber disso.

– Ela é a mãe dos gêmeos, que também são meus filhos. Já éramos uma família antes de você, Júlia. Não se sinta mal, mas, eles tem 5 anos, precisam de mim também. – Ela se calou, me encarou por uns segundos e então falou.

– Por que eles não moram com a gente? Poderíamos ser uma família também. – Eu sei, ela quer mostrar que pode ser uma boa mulher. Mas, não quero exigir isso dela. – A mãe deles podem vir aqui visitá-los, podemos até ser amigas. O que você acha?

– Nós vamos terminar, Júlia. Não posso ser cruel e mentir pra você. Você é incrível, tem um sorriso encantador, sua simpatia então, nem me fale, é assustadora. Juro que amei cada segundo com você, não me arrependo de nada. Mas, não posso ser desonesta. Meus filhos precisam de mim, e você também. Mas não posso te oferecer mais do que isso. Meredith está me cobrando também, ela quer que eu fique com as crianças uma semana sim, e outra não na casa dela. E acho que você não se sentiria bem com isso. – Meu Deus, essa é a maior mentira que já contei na vida. – Então, o melhor que podemos fazer é terminar.

– Não, Addison. Nós não vamos terminar. Eu posso aprender a dividir você. Sei que você é mãe e bem mais velha do que eu, isso significa que você também tem mais responsabilidades, isso incluindo seus filhos. Você já teve uma família. Se você quiser, podemos continuar.. Posso tentar mudar por nós. – Uma lágrimas caiu dos olhos dela. Confesso que me deixa magoada saber disso. – Eu posso ser diferente. Quando você dormir lá, nos falamos por mensagem. E está tudo bem por mim. Saiba que você não precisa se sentir pressionada.

– Tudo bem, Júlia. Vamos continuar.

Não me levem a mal, por favor. Mas, o que posso fazer se estou confusa. Júlia é uma menina nova, tem 23 anos e não sabe quase nada sobre a vida. O mínimo que posso fazer por ela, é suprir tudo isso.
O amor da minha vida sempre será Meredith. E, não existe Júlia no mundo que me faça pensar o contrário disso.

As amantes | 2° Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora