Um

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"- Ela é uma obra de arte que se não
existisse, eu mesmo teria esculpido.
Falo que amo ela fala "duvida"
Eu falo no ouvido..."

Allana🌷

Passo a minha carteirinha na máquina, a máquina apita após alguns minutos, passo na catraca e me sento no banco ao lado da janela.

Hoje o dia foi muito cansativo, eu trabalho no asfalto e moro no Morro da Maré.

Trabalho como manicure e pedicure, ganho até que uma grana boa por uns dias, mas quando as mulheres não recebem eu fico sem nenhuma cliente.

Como eu moro no morro, várias e várias mulheres tem preconceito comigo por causa disso. Eu fiz amizade com algumas, mas a maioria tem nojo de mim.

Eu trabalho em um dos melhores salões da cidade e vai mulheres de luxo, então por isso elas tem bastante preconceito.

E como eu não posso falar ou fazer algo fico quieta, se não eu já levo mijada da chefe e saio como errada.

Não gosto muito de brigas, mas se tirar a minha paciência eu explodo, não consigo guardar para mim.

Vou guardando, guardando e guardando, mas quando eu não consigo guardar mais eu falo tudo o que tá preso dentro de mim e explodo.

Tipo na escola, quando eu estudava muitas meninas não gostavam de mim por que eu era muito amiga dos meninos.

Elas me chamavam de metida, feia, marmita, rodada, entre outros nomes e eu não falava nada, até que um dia eu falei tudo e elas ficaram putinhas não entendi porque.

Tudo isso por causa de homem, aff.

Sempre fui meio famosinha, eu já estudei em 6 colégios na minha vida, e sempre era famosinha.

Quando terminou o ensino médio, me afastei e perdi muitas amizades. Só tenho 5 amizades que ainda duraram.

Minha melhor amiga é a Fabi, nos conhecemos porque nossas mães eram bem próximas.

Ela mora no Jacarezinho, sempre vou lá visitar ela, e vou falar uma verdade, lá só tem gostoso de qualidade.

Nunca cheguei em nenhum deles, tenho vergonha e medo de levar um fora bem vergonhoso.

Nunca levei fora na vida por causa disso. E agradeço a minha vergonha.

Saio do ônibus chegando no terminal, atravesso o terminal e ficando de pé do lado de um banco.

XXX: Vai me cumprimentar não? - escuto uma voz familiar e olho pro lado. É a Jéssica.

- Oi! Nem te vi menina. - falo animada.

Jéssica era uma colega de trabalho, mas a chefe demitiu ela porque ela mora no Complexo do Alemão, estou sentindo que a próxima será eu.

A gente vai conversando até o ônibus dela chegar.

Jéssica: Tchau mô! - ela acena e eu aceno também até ela entrar em seu ônibus.

Era 19:00 e o meu ônibus chega 19:15 então eu pego o meu celular vendo o meu whats, não costumo muito responder as pessoas e se eu respondo eu demoro em torno de meia hora ou uma hora. E se a pessoa achar ruim o problema é dela, tô nem aí.

Tinha várias mensagens da Fabiane mas nem vejo, até que ela me liga. Eu vou ter que atender se não ela enche o meu saco.

- Alô?

Ela não responde e desliga na minha cara, vagabunda. Abro as mensagens dela e é ela me pedindo para eu ir na casa dela amanhã.

Fabi💞: Amanhã vem jantar aqui em casa
Fabi💞: Eu peço pro Thiago te pegar aí

Tão tá👍🏼

Hoje é quinta, eu trabalho Segunda á sexta. Odeio trabalhar em final de semana, fazer o que né.

O meu ônibus chega e eu sou uma das primeiras pessoas á entrar, e eu sento no banco ao lado da janela novamente.

Passa uns segundos e uma mulher de uma certa idade senta ao meu lado. Ela é bonita, cabelo longo com franja com mechas loiras. Mas nem vou puxar assunto, tenho vergonha e nem sei conversar com quem eu não conheço.

SENTIMENTOS PROIBIDOS - ZynhaOnde histórias criam vida. Descubra agora