Capítulo 1

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- Eu podia ficar lento, só perdido... - cantarolou o garoto de olhos e cabelos de coloração castanho escuro.

Esse era Oikawa Toru.

Sim, esse Oikawa Toru, o jogador de vôlei da Argentina de 27 anos e 1,86 de altura que ainda no fundamental ganhou o prêmio de 'best setter', estava atualmente
bêbado, sentado com a cabeça apoiada noa borda da cama do hotel que estava hospedado, com um fone estourando em seus ouvidos, chorando diante da letra que traziam memórias que o assombrava.

Flashbacks on| 31 de dezembro de 2012•

Ambos os terceiranistas decidiram passar o ano novo juntos, com as mãos entrelaçadas olhavam o céu naquela colina com vista do mar com no máximo mais quatro ou cinco pessoas além dos mesmos.

- Iwa-chan! - o chamou no tom de sempre, assim que teve a atenção do citado continuou - Ainda vai continuar no vôlei depois do ensino médio?

- Pretendo. - respondeu e ficou em silêncio mas assim que viu o bico nos lábios do outro indagou - E você Oikawa?

- Mas é óbvio! Uma maravilha como eu é raro! Não vou deixar que percam a chance de me terem! - disse com aquele típico narcisismo de sempre. Isso fez o mais baixo revirar os olhos.

- Vai começar.

Disse assim que viu as pessoas se aproximando da ponta da colina onde estavam e a aglomeração das pessoas na praia. Levantou e esticou a mão para o levantador, este que aceitou de bom grado, logo os dois estudantes estavam de pé e fazendo a contagem regressiva - mesmo que não desse de ouvir o tom baixo do moreno pela fala animada do acastanhado.

- Feliz ano novo Iwa-chan!! - gritou animado se jogando nos braços do amante. Este que se não tivesse previsto provavelmente iria se desequilibrar.

- Cuidado idiotakawa!

O repreendeu mas correspondeu o abraço sorrindo ladino, puxou o rosto do mais alto e selou seus lábios num beijo apaixonado, infelizmente esse sentimento não fora correspondido...

|14 de fevereiro de 2013 |

- O que queria me mostrar Iwa-chan?? - perguntou pela milésima vez no dia.

Os amigos estavam voltando da aula juntos como costumavam. Era tarde da noite pois ficaram até mais tarde para o moreno cuidar da mão machucada do acastanhado que ficou até tarde treinando.

O moreno no horário do almoço lhe dissera que tinha algo para mostrar deixando assim o mais novo curioso e ficando no pé do mais velho o dia inteiro, este que não cedeu por um segundo sequer.

- Estamos quase chegando.

Adentraram a trilha tão conhecida por ambos, caminharam e quando o moreno virou um caminho diferente do habitual perguntou:

- Vai me sequestrar Iwa-chan? Que romântico - zombou divertido.

- Aqui.

Quando o acastanhado olhou para frente viu um lago com algumas pedras brilhantes no fundo, flores em volta, uma mesa improvisada com um toco de uma árvore e duas almofadas.
Andou até a mesma que tinha um papel dobrado, curioso, abriu o mesmo e leu o que estava escrito.

Oi, Tõru. Não sei como iniciar isso mas em primeiro lugar gostaria de lhe dizer que você é a pessoa mais importante para mim, mesmo sendo um idiota que muitas vezes se machuca propositalmente para tirar a frustração que sente. Em segundo, sendo bem direto, eu te amo. Amo cada pedacinho seu, sua personalidade de merda, sua aparência, o jeito que se dedica a tudo que gosta, como anima os jogadores, como se esforça para melhorar. Amo absolutamente tudo em você!

Por favor peço que vire para trás.

Virou o corpo para trás e viu Iwaizumi ajoelhado segurando uma caixinha de veludo preta com dois anéis dentro.

- Quer namorar comigo Tõru?

Perguntou visivelmente nervoso e olhou para o outro que tinha lágrimas escorrendo de seus olhos.

- E-eu... - o mais alto estava estagnado por isso fez a única coisa que pensou - Desculpa!

Exclamou e fez uma leve e rápida reverencia antes de sair correndo.

Quando estava saindo da trilha sentiu gotas de agua em sua cabeça, olhou para cima e percebeu que começou a chover, aumentou o passo para chegar em casa o mais rápido possível.

Quando chegou passou pela porta em silêncio, sabia que todos já haviam se recolhido para os próprios quartos, abriu a porta do seu e a trancou, se jogou na cama e começou a chorar em silêncio.

|31 de março de 2013|

Já era dia da formatura, todos do terceiro ano agora concluíram o ensino médio e iriam seguir suas próprias vidas e sonhos.

Em fileiras lado a lado em duas filas se encontravam Iwaizumi e Oikawa, o acastanhado ignorando completamente a existência do moreno, sempre olhando para frente e nunca o dirigindo um olhar ou palavras.

Desde o dia que o mais velho se declarou a relação dos dois garotos mudou abruptamente.
Em primeiro lugar não se viam mais durante os lanches sequer se falavam mais - e quando o mais baixo tentava ou era ignorado ou o outro simplesmente dizia precisar ir a outro lugar, resumidamente: fugia.
Em segundo, não iam mais para casa juntos, o moreno sempre saia mais cedo dos treinos e o acastanhado ficava até tarde.
Em terceiro e não menos importante apenas se falavam quando necessário na hora do treino, o que deixava os colegas de treino confusos.

Assim que acabou o discurso e cada um foi lá na frente sairam do colégio. Uns chorando pelas lembranças boas e amigos que ficarão para trás e outros agradecidos por finalmente ser o último ano.

O acastanhado olhou de relance o moreno ir embora assim que cumprimentou algumas pessoas conhecidas.
Foi para casa mais tarde pois saiu com alguns amigos.
Porém ao chegar em casa desabou em seu quarto, como vinha fazendo a meses.
Só soube o valor dele quando o perdeu.

Flashbacks of 20 de maio de 2021•

- Qual a graça em se comprometer quando eu tenho um mundo pra ver...

Sempre que ditava aquelas palavras - letra da música que tocava em seu fone - percebia o quão imaturo e imbecil era e foi anos atrás.
Notava que se importava demais com a opinião de pessoas que hoje considera insignificantes.

- E quando a gente dança e se perde as montanhas se estremecem...

Lembrava claramente do garoto por quem sempre fora apaixonado, se recordava de como ambos se entendiam apenas com um olhar, de como o outro sempre o ajudava a se reerguer quando tinha suas crises, como o moreno sempre estava ali, na hora exata em que precisava.
Porém foi covarde, afinal a única coisa que sentiu ao ver o garoto que tanto amava ajoelhado em sua frente foi medo.

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Continua?

Música usada nesse capítulo:
Lobos - Jão

Reencontro (IwaOi)Onde histórias criam vida. Descubra agora