Capítulo 4

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— E então? Vai falar ou vai levar esse segredo até o túmulo? – questionei olhando intensamente para ele que mantinha os olhos a sua frente.

Mas ele sabia que eu estava o observando. Sempre sabíamos o que o outro estava sentindo e fazendo...

— ..... – ele suspirou e abaixou a cabeça, fazendo de seus braços uma caverna para a mesma – Ok... Acho que não dá mais para prolongar isso né?

— Não, não dá.

Soltou uma risada nasal e ergueu a cabeça novamente.

— Eu fui um estúpido e escroto com você...-

— Que bom que sabe. – o interrompi mesmo sem querer.

O mais alto virou a cabeça minimamente com um sorriso incrédulo. Mas logo soltou um riso nasal e concordou com a cabeça e a virou para frente novamente.

— Mas eu tava com medo... – o vi morder o lábio inferior discretamente e apertar os punhos.

— Só por isso? Sério?

— Não... Tem mais.

— Então fale.

— É difícil ok?!

— Então não frite seu cérebro calculando cada mínima palavra. Só fala o que vier na cabeça,

— Eu...

— Mas se não quiser falar então só me avise que irei para meu quarto.

— Você sabe que vou falar – ele resmungou e eu sorri minimamente com isso, nós dois sabíamos. Ele respirou fundo novamente e continuou:
— Senti medo pelo o que iriam pensar de você, que fizessem bullying contigo. Imagina só, um futuro treinador profissional simplesmente aparecer em um relacionamento com um outro garoto? – ele puxou o ar novamente e o soltou – Senti medo pelo o que meu pais poderiam fazer... Mas não só por você, por mim também, medo do que eles iriam fazer comigo e sei que é egoísta, mas senti temor pelo que poderia acontecer comigo e com meu sonho de jogador profissional. Eu só... Senti medo, senti raiva por você ter se apaixonado por mim, logo por mim, um imbecil, e raiva de mim mesmo de ter deixado com que as coisas evoluíssem na época, se eu tivesse dito não, nada disso estaria acontecendo... É.. é isso.

O observei, estava com os olhos abertos e brilhantes pelas lágrimas acumuladas, eu sabia que ele não queria chorar.
Não queria me submeter a mesma situação de anos atrás.

Mas mesmo com tudo isso senti meu sangue ferver, estava ao máximo controlando minha respiração, sentia as palmas das minhas mãos doendo pelo aperto de minhas unhas nelas. O olhei com raiva e ele me olhou pelo canto de olho. E quando nosso olhares se encontraram eu desabei...

— E você acha que eu não teria dado um jeito?! Acha mesmo que eu não abandonaria tudo para ficar contigo? Acha que eu ligo para o que as outras pessoas pensam ou acham de quem ou com quem eu escolho para ficar ao meu lado? Acha que eu não daria um jeito em cada um que ousasse falar mal de você? Sério isso Tõru?! Até parece que não me conhece há anos! – ri irônico.

Minha respiração agora estava desregulada e eu tentava ao máximo manter as lágrimas ainda em meus olhos. Ele me olhou e sorriu triste.

— Por isso mesmo. Por te conhecer eu sei que você largaria seus sonhos por minha causa, eu não poderia deixar isso acontecer. Eu não ia deixar isso acontecer.

Respirei fundo, coloquei as mãos no bolso da calça moletom e tirei outro cigarro "precisava me acalmar". Me escorei novamente no parapeito.

— Então não me perdoe – o olhei confuso – Você sempre me perdoou quando eu fazia qualquer merda que fosse, então não faça isso dessa vez.

— Não vou – afirmei, sabendo que era mentira, ele me olhou desconfiado mas aceitou em um suspiro.

— Ok... Vou para o meu quarto deveria fazer o mesmo, está ficando frio.

Falou e se virou indo em direção a porta calmante.

— Merda – resmunguei.

Joguei o cigarro no chão e o apaguei com o pé. Andei até ele que estava quase alcançando a maçaneta, quando abriu a porta eu a empurrei novamente fazendo um barulho alto pelo empurrão brusco.

— O que-

— Você se arrepende Oikawa?

— Do que está falando falando Iwa-chan?

— Você sabe muito bem. Agora responda! Você se arrepende.

Ele estava com os olhos arregalados e boca entre aberta de surpresa. Talvez não tivesse esperado tal atitude minha, bom... Nem eu esperava agir assim. O vi desviar o olhar e morder o lábio inferior, mas dessa vez sem tentar esconder que fazia tal ato.

— Não... – sussurrou. E se não fosse pela aproximação e por meu olhos estarem fixos em seus lábios eu não teria entendido.

Você se foi, e me deixou aqui perdido. Cê já contou pros seus amigos de nós? – cantarolei baixo me aproximando.

O vi arregalar mais os olhos (se é que fosse possível) e deu um passo para trás. Sorri internamente com sua ação.

Errei, larguei, não nego não... Mas lembra do que eu disse então – ele não falou no sentido da música, já que seus olhos me fuzilavam em desaprovação. Então ele falou para me fazer lembrar de seu pedido para não o perdoar.

— Eu sei mas... Amar é muito melhor que ter razão – me aproximei novamente e de novo ele recuou. – Joga sua verdade toda na minha cara, mas antes de ir embora eu te impeço, para!

Dei mais um passo para frente e ele tentou se afastar, mas suas costas bateram na parede, dessa vez meu sorriso ladino foi externo. Ele me fitou com raiva por se deixar cair em minha armadilha.

Coloquei meus braços na parede o "prendendo", e aproximei meu rosto do seu. Não iria fazer nada sem sua confirmação, olhava em seu rosto com expectativa.
Expectativa de que talvez eu não fosse o único que ainda nutria sentimentos.

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Continua ~

Música: Me beija com raiva - Jão

Reencontro (IwaOi)Onde histórias criam vida. Descubra agora