Capítulo IV

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- Alô? - A voz de Dazai podia ser ouvida, ele parecia preocupado. - Chuuya?

- Dazai. - Beatrice encara o meio-fio.

- Quem é você?

- Irmã do Chuuya, você pode vir aqui?

- Aconteceu alguma coisa com ele?

- O mais rápido possível. Chuuya vai te mandar o endereço. - Ela desliga, entrega o celular pro irmão e se vira, indo em direção à porta.

- Vai voltar lá?! - Por um segundo a visão de Chuuya fica embaçada, e ele volta rápido demais.

- Eu tenho que mediar a situação antes que eu não tenha mais um irmão mais velho ou uma mãe. Relaxa, eu vou chamar a polícia, só sai daqui antes que eles cheguem.

- Mas...

- Me liga se alguma coisa acontecer na escola.

- Me liga... quando publicar seu livro.

Ela sorri. Chuuya percebe que é a primeira vez que vê ela sorrir de verdade. Em uma de suas bochechas surge uma covinha que ele nem sabia que ela tinha, seu rosto brilha um pouco com a luz fraca de fim de tarde e seu cabelo ruivo, que já não está mais preso, cai sobre um de seus olhos.

- Ligo. Agora fala com o seu amigo. - Ela se desfaz do sorriso e bate a porta.

- Dazai. Endereço... - Ele digita rápido, enquanto anda em círculos. - "Me encontra no parque perto da casa, no fim da rua"... pronto. - Ele anda rápido até o parque, e se senta em um balanço.

As correntes de ferro tilintam, e ele escuta um ranger enferrujado.

[...]

Alguns momentos depois, pôde-se ouvir as sirenes das viaturas se aproximando, param na frente da casa e entram, saindo com a mãe machucada, o pai num estado equivalente e sua irmã com o rosto fechado, entregando alguns cacos provavelmente de outro prato com um pouco de sangue, e deixando que um dos oficiais algeme-a. O irmão saíra logo depois, ele parecia em choque e estava ao telefone com alguém.

Quando a movimentação em frente a casa dos Nakahara é percebida pelos vizinhos, eles observam de longe, cochichando enquanto apontam para uma pessoa ou outra envolvida na confusão.

Um carro pequeno, cinza-escuro para do lado contrário à casa dele, e de lá sai Dazai, olhando de um lado para o outro, Chuuya acena com um sorriso fraco, o moreno corre até o ruivo.

Chuuya estava encolhido, sua bolsa no chão, jogada, e, por tanta coisa ter acontecido de uma só vez, ele estava pensativo. Dazai para à sua frente, completamente confuso.

- O quê houve? Fizeram alguma coisa com você? Por quê aquela garota tava toda ensanguentada? Quem é ela? - Ele desviava o olhar das viaturas que iam embora, olhando para Chuuya.

Ele parecia ter tantas respostas quando o recém-chegado.

Dazai franze o cenho, com pena. - Não gostava desse sentimento, mas era o que estava sentindo. - Se abaixa e segura o rosto do outro.

- Como você 'tá?

- Eu estou bem.

- OK.... quer ir embora logo ou conversar sobre tudo isso antes?

- Conversar...

Dazai observa aqueles olhos azuis-escuros, miravam ele, e era penetrante. Ele se lembrava da vez que seu tutor levara ele à praia, ele encarava o oceano do mesmo tom de cor, e era como se ele o encarasse de volta.

Entre tintas e cartuchos - SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora