Wasted Nights

the loneliness is haunting me

Jongho poderia fazer uma lista enorme de motivos para não estar na frente daquela casa e tocando a campainha como se fosse uma visita bem vinda e esperada. Começando pelo fato de que ele com certeza chegaria atrasado no trabalho; Wooyoung provavelmente ficaria ainda mais irritado; o alfa Jeong poderia atender a porta e lhe cumprimentar com murro que o deixaria com a cara inchada por no mínimo uma semana inteira; além de que certamente ele era a última pessoa que San gostaria de ver no momento. Torceu internamente para que fosse Yeosang quem o atendesse, ou Hongjoong que mesmo com raiva não perderia a classe lhe estapeando — pelo menos era o que queria pensar.

Contudo, ainda que existissem muitos contras o alfa insistiu no seu objetivo: ele iria se desculpar, e então a coexistência daquele grupo de conhecidos desconhecidos se tornaria menos complicada, porque se precisasse enfrentar um conflito a cada encontro infeliz que tivessem, Jongho tinha certeza de que não chegaria inteiro até o fim daquele semestre. E claro, ninguém poderia dizer que ele não tentou, já que estava ali agora de coração aberto e sincero pronto pra resolver as coisas. Mas de todas as hipóteses criadas no caminho até ali, a única que não cogitou foi a possibilidade de San o receber; ou no caso ocorrido, bater com a porta em sua cara.

San era inacreditável.

E era Isso um fato que confundia e instigava Jongho na mesma medida, e até que ponto aquilo era bom ou ruim o alfa não sabia dizer. Porque o ômega tinha alterações de humor frequentes, sorrisos sinceros e cínicos, olhos marejados e que julgavam, além de picos de coragem que eram verdadeiramente adoráveis quando não se escondia dentro da personalidade arredia. Jongho não conhecia San, mas já quis conhecê-lo, por isso gargalhou, pois sabia que ele poderia ser absolutamente apaixonante desde que se permitisse, e Jongho por um momento quis fazer parte daquele minúsculo círculo de pessoas confiáveis e dignas da espontaneidade de Choi San.

— Vai ficar com essa cara de besta aí na porta até quando? — A expressão impaciente dele quase fez o alfa voltar a rir — Entra logo, antes que eu me arrependa!

Das poucas vezes que esteve ali o alfa não obteve muito acesso aos cômodos, suas visitas se resumiam a passar direto pela sala e ficar no quarto de Yeosang por alguns minutos até que pudessem sair para onde quer que estivessem indo. Nunca ia até lá para ficar, nunca houve um convite sequer para um jantar ou qualquer coisa desse tipo, mas não podia negar que a casa era verdadeiramente aconchegante; a combinação de móveis modernos, cores claras das paredes e o cheiro doce que impregnava o lugar faziam com que se sentisse confortável.

No entanto, os olhos afiados do ômega à sua frente fizeram Jongho se lembrar de que ele não era exatamente bem-vindo. San tinha os braços cruzados e o quadril apoiado no encosto do sofá enquanto encara o alfa parado no arco da porta entrada e a sala de estar, o silêncio era desconfortável e claramente San não sabia como quebrá-lo, já que a sua única vontade no momento era correr até o quarto de Yunho e roubar um de seus casacos enormes para sentir-se protegido. Ou quem sabe pudesse se esconder dentro do armário do alfa, longe daqueles olhos curiosos e de uma conversa que ele claramente não sabia do que claramente se tratava — e não queria — participar. Mesmo que a presença de Jongho não fosse exatamente ameaçadora e sua postura fosse quase como a de um garoto acuado naquele momento, ainda era desconfortável de uma maneira absurda, assim como a de qualquer estranho.

— Então, por hoje mais cedo, eu te devo desculpas. — O alfa assumiu uma postura tensa, indo diretamente ao ponto do principal motivo de ter ido até ali. — Eu sei que foi muito insensível da minha parte, então de verdade me desculpe por isso. Minha mãe sempre diz que eu tenho a língua maior que a boca e, é verdade. — San ouvia atentamente enquanto o alfa falava, e Jongho parecia desajeitado com as mãos no bolso canguru do moletom que usava. — Nunca quis te fazer mal, na verdade eu tinha te procurado justamente pra falar sobre a reunião e de como eu tenho sido um babaca. Eu preciso falar com os meninos também, porque isso tá me comendo o juízo eu sei que faço besteira mas eu quero consertar e eu sei que é desconfortável pra você a minha presença insistente, eu só queri-