i think too much when i'm alone

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Jongho podia sentir o suor brotando na sua têmpora, seguir em direção ao pescoço até alcançar a gola da regata que usava. O rosto se contorcia em uma careta dolorida pelo esforço necessário para levantar o peso excessivo no supino. Descontar suas frustrações na academia já era um costume do alfa, tanto que nem mesmo um jantar preparado por Mingi o faria ir pra casa mais cedo naquele dia; principalmente, por conta daquele incômodo de raiva e tristeza que subia do estômago até a garganta em uma mistura que o dava vontade de gritar e chorar ao mesmo tempo. O garoto sabia que tinha errado em perder o controle da própria língua e pretendia se desculpar de alguma maneira; no entanto, antes, ele precisava lidar com a confusão que sentia, pois já não sabia dizer se era só a sua própria confusão ou se ele havia deixado Yeosang verdadeiramente irritado a ponto do ômega não conseguir controlar os sentimentos através da ligação de almas que tinham.

Soltando um suspiro de frustração, o Choi deixou a barra pesada no apoio com mais força do que o esperado, o barulho alto ecoando por todo o box da academia chamou atenção o suficiente pra ter muitos olhos voltados pra si e mesmo que isso não fosse um incômodo, a vontade de mandar todo mundo à merda era altíssima. Endorfina nenhuma iria arrancar aquela agonia que sentia no peito, definitivamente detestava se sentir daquela forma e principalmente — depois de analisar os acontecimentos daquele dia —, odiava o fato de ter magoado seu soulmate e o Choi nunca foi do tipo que deixava as coisas pra depois ou que se resolvessem sozinhas.

— Você definitivamente não 'tá nada bem. — Changbin havia se aproximado até estar ao seu lado, os braços cruzados e um sorriso no rosto. — Brigou com o namorado? Você até mudou o turno da tarde, não foi? — O colega de trabalho era naturalmente curioso, mas dessa vez, mesmo o tom debochado mascarado de brincadeira que Jongho sempre entendeu foi capaz de irritar o alfa.

— Não que isso seja da tua conta, mas eu mudei sim. — Foi preciso mentalizar muito a necessidade de uma boa convivência profissional pra que não mandasse Changbin ir à merda. — É por causa daquele maldito trabalho integrador... Agora que sua curiosidade foi sanada, eu tô vazando. Falou! — A última sentença foi proferida enquanto o Choi se afastava para buscar suas coisas no vestiário, seu turno já havia acabado há quase duas horas atrás.

— Ah sei! Você 'tá fazendo com quem? O Yeosang deve tá no seu grupo né...? — uma risadinha de canto escapou do alfa a sua frente e o Choi entendeu onde ele queria chegar.

— Changbin, fala logo o número de quem você tá interessado! — Jongho queria rosnar em frustração, porque ele odiava enrolações e seu dia já havia enchido sua cabeça o suficiente. — ... Ou melhor, pergunta 'pro Wooyoung e me deixa em paz!

— Cara, o Woo me xingou horrores por isso então você é minha única chance — insistiu mais uma vez, segurando o braço do Choi. — O ômega que vive com o Yeosang, o magrinho... acho que é San o nome dele... não fala com muita gente, é meio tímido e você sabe que os quietinhos são sempre os piores. — Naquele momento um grande foda-se brilhava na mente do Choi, ele iria socar a cara de Changbin e arrancar aquele sorriso que cresceu ao falar do ômega. Já não bastasse toda a confusão que tinha acontecido por causa dele, o tom usado pelo outro alfa era nojento.

— Wooyoung já te deu a resposta. — Foi a única coisa que disse antes de seguir até a saída, dessa vez sem ser interrompido.

Jongho podia não conhecer San, mas conhecia Changbin e mesmo que o ômega tenha sido um dos motivos das suas frustrações naquele dia, não permitiria que o alfa se aproximasse depois do tom usado para se referir a ele. Não era segredo que San evitava se relacionar com desconhecidos e, apesar da implicância diária e a raiva passada pela falta da presença do ômega nas reuniões do trabalho, Jongho não seria tão filho da puta a ponto de permitir que um babaca feito o Seo fosse importunar o garoto.

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