Stupid Wife ― Clarena

Capítulo 4

POV CLARA ALBUQUERQUE

Aquilo podia ser algum tipo de piada ou castigo. Tudo bem, eles já me convenceram que estamos em 2023...

Puta merda! Eu quase toda minha vida. Porquê logo comigo? Eu nunca fui ruim e sempre respeitei os meus pais. Se a vida é uma piada, comigo ela está sendo um stand up completo.

Agora aqui estou eu parada, com a cara de tacho, enquanto meus pais e Helena conversam com o Dr. para entender o que houve. Eu realmente me casei com o estrupício? Mas como isso acontece? Nós nunca nos suportamos.

Como pude cair na lábia desse troço.

- Meu conselho é deixá-la viver sua vida normalmente. Quem sabe ela tendo convívio com a esposa e o filho sua memória não vá voltando? Eu sinceramente não faço ideia de como isso aconteceu, em meus 30 anos de carreira nunca ouvi sobre algo parecido com o caso da Clara.

Ah ótimo, agora só falta eles quererem fazer estudos comigo como se eu fosse algum rato de laboratório. Deus! Eu estou num mundo desconhecido com pessoas que eu conheço mas não conheço. Vocês conseguem entender o tamanho dessa confusão?

- Será que vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? - bufei irritada.

Estava se saco cheio deles falarem e especularem como se eu não estivesse aqui ouvindo.

Além de ter perdido a memória, será que virei mulher invisível?

- Minha filha. - Papai veio até mim, suspirei cansada. Eu só queria ir para casa, quero minha cama... Será que ela ainda existe? - Quer ir embora?

- Óbvio.

Resmunguei, cruzando os braços. Eu achei que fosse óbvio que eu queria ir para casa. O Dr. sussurrou algo para Helena, mas nem dei o trabalho de ouvir.

Não faço a mínima questão se saber sobre nada relacionado a esse estrupício.

Eu quero minha casa.

A minha vida sem graça.

Só quero dormir e lembrar de tudo o que eu esqueci... melhor não.

Eu sou casada com Helena Weinberg. O que fiz para merecer esse castigo?

- Dr... O que nós podemos fazer? Ela vai precisar de algum tratamento ou alguma coisa?

Mesmo não muito interessada naquela baboseira, eu sou obrigada a ouvir atentamente, porque afinal, é a minha vida ali. Certo?

- Ela vai precisar fazer alguns exames que vou pedir e, por hora, a única coisa que eu posso aconselhar vocês a fazer é deixar que ela volte a sua rotina normal, pois ainda não sabemos se essa perda de memória dela é temporária ou se ela nunca lembrará desses anos que esqueceu.

Ah, que ótimo! Voltar a rotina normal significa viver sob o mesmo teto que a psicopata? Não mesmo! Eu prefiro não lembrar de nada e viver com meus pais. Viver com ela que eu não vou, mas não voou mesmo.

☆☆☆☆

Eu disse que não iria viver sobre o mesmo teto que ela, certo? Infelizmente minha mãe não parece nada feliz com essa ideia.

- Clara, filha, estamos tentando te ajudar. O Dr disse que isso talvez ajude sua memória, o que custa voltar para casa com sua esposa? Você e a-

- Não, mãe! Não fala isso nem de brincadeira, eu não sou casada com ela e não a amo. Eu odeio ela com todas as minhas forças.