epilogue

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2022

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2022

❝ como você consegue ser tão descuidada com meu coração? ❞




  EU AINDA NÃO ACREDITAVA, mas quando entrei em seu apartamento pela segunda vez e vi tudo encaixotado e embalado, eu senti vontade de chorar de novo.

  Nem sei por que vim, honestamente, mas meu coração e minha mente não iriam me deixar em paz se eu não o fizesse.

  Chelsea parte amanhã, e eu não consegui falar com ela desde aquele dia até então.

  Eu não conseguia.

  Tentei milhares de vezes, mas em todas elas a dor me impedia. 

  A dor de aceitar que ela vai embora, a dor de aceitar que eu e ela vamos terminar assim, a dor de perder alguém que, potencialmente poderia ser o amor da minha vida.

  Alguém que desistiu de nós dois.

  Chelsea estava sentada em seu sofá quando eu entrei. Tinha seu celular na mão e bebericava uma taça de vinho encarando o nada.

  Não precisei falar nada para ela notar minha presença, e quando seu olhar se encontrou no meu, eu quis sumir.

  Isso foi o suficiente para meu coração congelar.

  Eu não sabia se sentava, se ficava em pé, se eu deveria falar ou não, mas ela quem disse algo primeiro.

  — Você veio.

  — Você me chamou — engoli em seco.

  Chelsea concordou e se levantou, desligando seu celular e o jogando no sofá. Logo a taça foi colocada no chão e ela veio até mim, sem me olhar nos olhos.

  Observei cada passo de Chelsea e engoli em seco quando ela foi até o aparador da sala e pegou uma caixa em mãos.

  — Eu queria te entregar isso — disse.

  Peguei a caixinha na mão ansioso. Não sei se quero abrir ou se espero para o fazer em casa.

  — O que é isso?

  — Algo que te pertence — falou simples.

  Não disse nada, apenas a encarei.

  — Não está doendo em você? 

  Chelsea desviou o olhar do meu e enfiou as mãos no bolso traseiro de sua calça.

  Os meus olhos permaneceram firmes nela, esperando por uma resposta.

   — Não se torture assim, Mount — foi o que ela disse.

  Minha resposta foi um balançar de cabeça, concordando.

  Eu não tinha mais o que dizer, para falar a verdade.

  Tomei coragem e abri a caixinha.

  Era o colar que eu havia dado para ela de aniversário.

  Meus lábios começaram a tremer assim que tentei segurar minhas lágrimas, mas quando subi meus olhos para ela, eles já estavam marejados.

  — Por que você está fazendo isso, Chelsea? — pedi.

  Aquela dor que não me deixava em paz, que ia e voltava nos piores momentos, voltou a me invadir.

  — Porque é seu. Eu não quero ficar com algo seu comigo.

  Meu coração doeu.

  Mas doeu tanto que eu suspeitei se ele ainda batia.

  — Ele é seu, eu dei ele à você!

  — Mas eu não quero. Pegue de volta, isso não faz sentido — falou firme.

  Chelsea saiu da minha frente, passou por mim e foi até algum lugar, me deixando imóvel onde estava, ainda observando a janela de sua sala.

  Ela voltou rápido.

  — E essas daqui também são suas — disse me entregando uma pilha com roupas dobradas.

  Não me contive.

  Deixei minhas lágrimas rolarem por meu rosto.

  — Chelsea, não faz isso.

  — O quê? Devolver o que é seu? — pediu confusa. — São suas, Mason. Não faz sentido ficar comigo.

  — Mas eu dei elas à você! — falei alto, chateado. — É pra ficar com você!

  — Por quê? Como lembrança de algo fracassado? — disse irritada, confusa.

  Isso doeu ainda mais, mas não tanto quanto me deixou com raiva.

  — Foi um fracasso porque você quis que fosse assim! — apontei. — E tudo o que a gente viveu?

  — Tudo? — ela riu incrédula. — Tudo? Não vivemos nada juntos, Mason. Nada!

  Eu não disse nada.

  — Foram míseros três meses e olhe lá! Nem foi tudo isso! 

  Eu queria falar mais, mas não conseguia.

  Chelsea balançou a cabeça.

  Não encarei ela, mas encarei seu colar.

  O peguei na mão com dor, sentindo meus olhos se lacrimejarem outra vez.

  — Só vá embora, Mason. Leve suas coisas e vá embora. 

  E então ela passou por mim e me deixou sozinho em sua sala.

  Eu caí sentado no sofá e continuei a encarar o pingente.

  E então eu chorei.

  Chorei feito um idiota, no sofá da mulher que quebrou meu coração.

  No fim das contas é isso que eu sou mesmo, um idiota.

  Insisti tanto em alguém que não queria nada, e que me avisou desde o início.

  É, fui um idiota.

  Chelsea sempre me disse que não namorava, e insistiu para que eu desistisse.

  Quem desistiu foi ela.

  Quem me deixou foi ela.

  Dói admitir, mas em algum momento precisa acontecer.

  Chelsea me deixou.



MEDICINE (Vol. 1) | Mason Mount (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora