Coração partido

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Beomgyu nunca foi alguém especial. Na verdade, ninguém é realmente especial, pois não passamos de meros grãos de poeira em comparação ao infinito do universo. Beomgyu era o garoto quieto, de poucos amigos, sabia se comunicar bem, porém não chegava a ser o popular.

Com o passar do tempo, era apenas ele, qualquer pessoa aleatória de vez em quando, e Soobin. Não sabiam, na verdade, não lembravam, como aquela amizade surgiu, mas criaram um vínculo tão forte que era meio impossível de quebrar. Soobin, por conhecer o Choi como a palma de sua mão, sabia exatamente como ele ficava quando tinha uma paixonite por alguém.

Tudo começava no momento em que pegava o alfa olhando para algum lugar específico enquanto brincava com qualquer coisa que estivesse em mãos. Soobin já tinha dado um susto nele, quando foi pegar um café e o viu parado, encarando a janela fechada enquanto alguns curiosos passavam e cochichavam sobre o assistente lelê do chefe.

O segundo sinal era se apegar a alguma coisa que lembrasse aquela pessoa. Soobin não aguentava mais ouvir ele falando sobre como tinha criado uma pasta no Pinterest com um monte de foto de cachorro caramelo. Beomgyu conseguia fazer o beta querer se jogar na frente de um carro para não ouvir coisas melosas.

Terceiro estágio era a negação.

Beomgyu podia até falar da pessoa, mas não admitia seus sentimentos, o que resultava em vários surtinhos por detalhes que somente ele percebia. Nessa brincadeira Soobin descobriu que o chefe tinha um cachorrinho chamado Dino, que ficou em Nova York por conta de alguns problemas e mais outras coisas bem insignificantes em sua humilde opinião. Mas, fazer o quê? Era o ouvinte fiel de Beomgyu, tinha que aturar.

O quarto estágio variava dependendo do desenrolar do terceiro. Aceitação, onde o alfa entenderia que está apaixonado e tentaria algo para cima do indivíduo. Ou desinteresse, às vezes acontecia.
Entretanto, existia um estágio extra e esse poderia ser considerado o pior de todos.

Coração partido.

Céus, esse fazia o sonhador cair de um prédio de milhares de andares até dar de cara no chão e se despedaçar por inteiro. Soobin sabia que tinha algo de errado com seu irmão e seu jeito sério e desanimado com qualquer coisa, não tinha passado despercebido. Principalmente quando recebeu a notícia que ele tinha comprado uma garrafa de tequila e sorvete de flocos diretamente do seu cartão.

E o Kim sabia muito bem que tinha deixado seu amigo naquele estado, porém, não adiantava saber quem era e não saber o motivo. Tinha que dar o braço a torcer em dizer que, às vezes, Sunghoon faz tempestade em copo d'água. O lado bom é que dava para resolver com conversa.

— Certo pai, a gente se vê no final de semana. Manda um beijo pro papai. Tchau! — terminou de enviar o áudio enquanto andava para entrar no elevador.

— Segura a porta aí! — Sunoo fez o que foi pedido e logo o novo chefinho entrou no cubículo. — Obrigado.

— De nada.

— Vai pro estacionamento?

— Não, térreo.

Yeonjun tocou nos botões correspondes e se encostou na parede de metal, esperando para ir logo para casa. Fazia uma semana que ele e seu assistente não falavam nada além de trabalho e, querendo ou não, aquilo era um saco.

Por que diabos estava sentindo falta das interações tão amigáveis? Não era assim que devia agir com seus funcionários? Sem laços afetivos, só se preocupando em fazer seus trabalhos de formas efetivas?

Seu pai disse que agiu certo, então estava tudo bem né?

— Yeonjun! Yeonjun! — chamou pelo loiro saltando para fora do elevador e correndo pelo estacionamento.

Chefe Temporário (Yeongyu Verson)Onde histórias criam vida. Descubra agora