Apartamento

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O alfa loiro ria da piada idiota que Beomgyu contou após saírem de uma reunião desgastante pelo tanto de burocracia e era bom ver que o mais novo estava lidando bem com a vida. Foi uma semana complicada, mas ajudou o Choi com o que podia e até chegou a levar ele no hospital, já que sua moto estava na oficina, e conheceu a simpática Mikyung.

Céus, não tinha como não dizer que Beomgyu puxou os olhos da mãe, até o sorriso caloroso e o nariz tinham em comum.

— Seu amigo é muito lindo filhote!

— Mãe!

— Sabe, Beomgyu, fico feliz que meu meninão tenha boas pessoas ao lado dele, além do Heeseung e do Soobin naquela empresa.

— Que isso, eu quem fico feliz do seu filho me ajudar tanto lá.

— Adorável, mas eu não vejo a hora de sair dessa bosta de cama, pegar essa bengala e bater na cabeça daquele chefe ridículo que fez meu filho chorar.

— Mamãe, esquece isso pelo amor.


Foi uma visita agradável, que arrancou boas risadas do Kim e não podia negar que o abraço que recebeu da mais velha foi algo bem reconfortante. Fazia um bom tempo que não recebia nada assim.

Yeonjun parou de rir quando viu seu pai na frente de seu escritório, seu corpo ficou rígido e engoliu a seco com a presença dele. O que diabos ele estava fazendo aqui e, por que tinha que ser justo agora?

Vendo o jeito do colega, Beomgyu tratou de abrir um sorriso simpático e ficou ao lado dele antes de se pronunciar.

— Senhor, Kim, boa tarde. — curvou-se em forma de respeito.

— Te conheço por acaso? — a voz de indiferença fez o sorriso do moreno murchar um pouco.

— Desculpa. — Yeonjun murmurou e deu um passo a frente.— Olá, pai. — curvou-se. — Esse é meu assistente, Choi Beomgyu.

Se já não tivesse passado por situações semelhantes, Beomgyu teria ficado muito incomodado com o jeito de nojo que o homem o olhou.

— Certo, tenho que conversar algo com você. A sós.

Daniel deu uma olhada para o Choi, que entendeu aquilo como um pedido de socorro.

— Ah, só um minuto, senhor Kim, temos que-

— Um minuto nada, vamos Daniel.

— Com todo respeito, o senhor não tem autoridade nem uma aqui e não tem horário marcado.

— E você é alguma autoridade? Meu filho quem está no comando disso tudo. Coloque seu funcionário no lugar!

— Ele está certo. Tenho mais coisas para fazer no momento e o senhor não me avisou previamente de sua visita, logo, não tem o direito de exigir algo e nem tratar meu assistente de forma ignorante.

— Daniel!

— Sinto muito senhor Kim, basta ir à recepção marcar um horário que eu terei o prazer de lhe encaixar. Ah, e se conseguiu subir até aqui, consegue descer. Vamos Yeonjun?

— Vamos, sinto muito, pai, são as regras.

Haebom rosnou com tamanha audácia e viu os dois entrando na sala.

(...)

Yeonjun virou como o GPS indicava e parou na frente de um residencial bem simples para os padrões que estava acostumado. Havia insistido que levaria o moreno em casa, como forma de agradecimento por lhe salvar de ter um encontro nada agradável com seu pai e agora estava ali, refletindo um pouco sobre o dia que teve.

— Yeonjun!

— Ah, desculpa, eu me perdi um pouco no mundo da lua.

— Normal, isso a pessoa cura com um belo banho, porcarias baratas e uma taça de vinho.

— Hmmm, então você vai beber bem no meio da semana?

— Claro, depois do dia de cão que tive, correndo de lá pra cá, mereço ter um descanso com um pouco de vinho enquanto vejo vídeos aleatórios.

— Me parece um programa relaxante.

— Quer subir e participar?

Yeonjun se encolheu ao lembrar o que fez da última vez em que ficou bêbado e foi trabalhar. Não estava nem um pouco afim de repetir a dose, mas queria passar mais um tempinho com o outro.

— Por onde fica a garagem?

Beomgyu sorriu ladino e mostrou onde poderia acessar, mostrando a carteirinha de residente do prédio e não foi difícil chegar em seu humilde apartamento no 4 andar do prédio.

Tirou os sapatos, sentindo um alívio tremendo ao calçar as pantufas e deu um par extra para o loiro antes de deixar a bolsa na bancada, que dividia a cozinha da sala.

— Fica a vontade, não é lá muita coisa, mas é meu cantinho. — disse bem alegre e Yeonjun sorriu.

— É bem aconchegante... Não vai dizer para não reparar na bagunça?

— Não né, sou um ser organizado. Ta tudo um brinco meu bem.

— Acho uma graça você ser um alfa tão controlado.

— Você conheceu minha mãe, me diz como não aprender a ser controlado perto dela. — brincou e ambos riam. — Mas é coisa de costume mesmo. Mamãe nunca pegou leve conosco. Em suas palavras: "Não é porque são homens que vai cair os ovos se ajudarem." Então, eu e o meu irmão não temos problemas em fazer tarefas domésticas.

— Sua mãe é uma figura. Eu sempre tive empregados desde pequeno.

— Burguês safado.

— Eu sei varrer, ta legal!

— Imagino, a empregada deve limpar suas vezes em tão.

— Ta me chamando de inútil, Choi?

— Se a carapuça serve.

Yeonjun rosnou baixinho e cruzou os braços, fazendo uma cara como se tivesse sido ofendido da pior coisa do mundo. Mal Beomgyu aproximou, o australiano pegou o moreno, fazendo cócegas nele, que tentava escapar de alguma forma daquela emboscada.

O Choi ria enquanto dava passinhos para trás, se contorcendo para se ver livre daquela brincadeira, até ser preso contra a parede e rir ainda mais com os toques em sua barriga.

— Tá bom! Tá bom! Hahahaha! Você... Não é inútil!— puxou o ar quando ele parou e ofegou, olhando para ele.

Kim também estava um pouco cansado, mas o sorrisinho em seu rosto não saiu até ver o estado do moreno. O cabelo bagunçado, a boca entreaberta, o peito subindo e descendo... Porra, estava ficando maluco. Beomgyu era um alfa! Não devia estar assim por um alfa!

Porém, Yeonjun estava. Estava assim há semanas e esse sentimento estranho só vinha crescendo ao passar do tempo. Queria ter uma forma de parar isso

Afastou-se do outro com um sorrisinho, tentando disfarçar seu coração acelerado no peito com algo tão bobo e idiota. Iria sair dessa situação de alguma forma, era só questão de analisar para descobrir como.

(...)

Beomgyu não sabia como chegou naquele ponto de embriaguez enquanto ria de qualquer mísera coisa que via na TV da sala. A garrafa de vinho já estava no final e boa parte do líquido foi toda do moreno, coisa bem normal. Não era tão fraco assim com bebida, mas tinha dias em que o corpo humano não aguenta e lá estava ele, rindo baixinho com um pijama confortável, junto ao seu chefe.

Yeonjun, por questões óbvias de ter que dirigir para casa, não bebeu muito e só saboreou os cubinhos de queijo e alguns salgadinhos, não aguentando o jeito bobo em que Sunghoon se encontrava. Era algo novo, vê-lo assim tão leve, e a imagem lhe dava um quentinho gostoso no coração.

— Acabou o ataque de risos? — indagou lambendo os lábios após comer o queijo e notar que estava sendo observado.

— Sim... Achei outra coisa para me concentrar.

— Se já não fosse normal, eu ficaria assustado.

— Quer dizer que agora é proibido admirar obra de arte? — Beomgyu cruzou os braços com um biquinho adorável, o que fez Yeonjun rir pelo nariz.

— Que eu saiba, para admirar obra de arte tem que pagar antes. — respondeu virando a cabeça de lado, olhando para o alfa.

— Ah, por que não me lembrou antes?

— Achei que fosse óbvio. Ninguém entra no Museu sem pagar.

— Então eu vou comprar um ingresso!

Yeonjun mal teve tempo para rir daquilo quando foi surpreendido por um selar demorado, mas logo foi desfeito.

— Posso admirar agora? — Yeonjun, ainda estava processando se aquilo era mesmo real dessa vez.

"Foda-se se não for." pensou levando uma das mãos até a bochecha dele e ficou mais perto para dizer:

— Esqueci de mencionar, para você é mais caro.

Dito isso, foi sua vez de tomar atitude e uniu seus lábios no dele, podendo sentir um arrepiou gostoso por finalmente fazer algo que tanto almejava há semanas. Um simples selar tornou-se um beijo quente, onde os dois estavam imersos na própria bolha.

Beomgyu foi deitando no sofá aos poucos, enquanto o beijo ficava mais e mais eletrizante. Logo estava puxando os fios loiros e soltando feromônios para atrair o outro ainda mais.

Yeonjun desceu os beijos até o pescoço branquinho do coreano, dando beijos e ficando completamente hipnotizado pelo cheiro viciante dele, o qual tanto gostava. Porra, ouvir Beomgyu gemer baixinho após um chupão foi o suficiente para rosnar baixinho em satisfação. Merda, não esperava por isso naquela noite.

Mas, Daniel caiu em si quando foi chamado da forma mais manhosa do mundo e percebeu que aquilo não estava certo. Mesmo estando perfeito, não queria fazer nada com o Choi claramente alto pelo álcool no organismo e, muito contra gosto, se afastou dele, ficando de pé para se acalmar.

— Yeonjun? — sua voz saiu suavemente, deixando o loiro totalmente arrepiado com tão pouco, principalmente pelo fato de que aqueles olhos vermelhos lhe encarando... Merda.

— Desculpa, é melhor eu ir.

— Vai me abandonar assim mesmo, alfa?

— Vocês dois não estão em condições para isso. Sinto muito, lobinho.

Deu um último beijo no Choi antes de pegar suas coisas e sair do apartamento, deixando um cara bêbado e seu lobo rejeitado para trás. 

Chefe Temporário (Yeongyu Verson)Onde histórias criam vida. Descubra agora