Capítulo 1: Bebidas Amargas

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Todos pareciam felizes naquela noite, depois de uma divertida corrida no X-games, todos da universidade foram convidados para a grande festa dos Gammas que ocorria todos os anos. Bobby, PJ e eu fomos convidados. A fraternidade estava cheia, haviam pessoas para todos os lados.

A música era alta, fazendo ser quase impossível escutar algo além dela. A maioria dos universitários dançavam de maneira despojada, enquanto outros se mantinha em movimentos mais minimalistas. Não era difícil de encontrar jovens namorados nos cantos do local. Também não era difícil encontrar pessoas enchendo o organismo com álcool.

Porém, mesmo com tudo acontecendo, nada naquele lugar chamava minha atenção. E tudo aquilo me lembrava ela. A música ao fundo lembrava a que escutamos em nossa primeira festa, os jovens namorando aos cantos lembrava-me da época em que eu estava em seus lugares. Minha mente não conseguia se desviar em pensar nela. Em Roxanne.

Fazia 2 anos desde que terminamos, desde que ela me traiu.

Foi em uma festa, não muito diferente dessa, havíamos completado pouco mais de 1 ano de namoro, quando descobri o que ela havia feito. Naquela noite, ela havia me dito que iria para a casa de sua mãe, mentindo de forma tão natural que não pude deixar de acreditar. Lembro-me de contar isso a Bobby e PJ, que me fizeram ir a uma festa com eles para aproveitar o tempo longe dela, na época recusei de ir, alegando que não seria certo ir a uma festa escondido de minha namorada, mas os dois ainda me convenceram a ir, de uma forma que eu já não me lembro como. A festa era na casa de um dos jogadores da minha antiga escola, poderia se dizer que era mais simples que essa, definitivamente era, mas não a impedia de ser tão barulhenta quanto. O local estava cheio de adolescentes e foi difícil não me perder de PJ e Bobby, o que ocasionalmente aconteceu. Eu fiquei cerca de 5 minutos procurando pelos dois, andando pelo local me espremendo pelas pessoas até encontrar algo que eu não gostaria.

Sentada sobre o sofá estava Roxanne, ao lado dela estava o dono da casa e organizador da festa, a beijando. Os dois pareciam entregues ao beijo, Roxanne estava com uma das mãos agarrando os cabelos do atleta e a outra puxava a sua gola, enquanto o garoto tinha uma de suas mãos sobre a cintura dela e a outra estava sobre a bochecha da garota.

Enquanto via aquela cena meu peito afundou, meu sangue se esquentou e meus olhos lagrimejaram. Não pude conter o impulso e a raiva, corri em direção ao sofá em que os dois estavam e soquei o jogador fazendo uma briga se iniciar.

Eu obviamente perdi, nunca fui bom em brigas, mas na hora senti que valeu a pena. Hoje vejo que foi algo estúpido e arrependo-me de tê-lo socado.

Desde então venho evitando festa, sentindo uma sensação amarga toda vez que vou em uma e essa não me trouxe uma sensação diferente. Eu não saberia dizer a quanto tempo eu estava parado no meio do salão, as pessoas ao meu redor dançavam e pulavam enquanto a música tocava, em certo momento tudo pareceu ficar tranquilo, tudo parecia estar em câmera lenta e eu já não podia mais ouvir a música, do outro lado da sala uma pessoa entrava e roubava minha atenção. Bradley. Não entendia o porquê, mas ele sempre conseguia a minha atenção de forma tão rápida e tão simples, minha visão sempre era levada a ele de forma tão natural que eu não sentia a necessidade de impedir.

Ele pareceu não notar a minha presença ou meu olhar a ele, o que não era grande surpresa, o lugar estava cheio e eu estava no meio de toda aquela bagunça. Não levou muito tempo até que ele começasse a se enturmar com os outros universitários, mesmo depois da corrida de hoje as pessoas ainda pereciam gostar dele. Bradley parecia a vontade conversando com algumas garotas. Um gosto amargo veio em minha boca.

Finalmente retiro minha atenção dele, voltando-a ao bar, sentia que precisava de mais uma bebida, não lembrava-me quantos copos já havia tomado, mas parecia não ter sido o suficiente.

A música antes abafada para mim, voltou a ter um volume que começava a me irritar. E as pessoas pareciam se moverem mais rápido do que antes.

O bar continha menos pessoas do que eu imaginava, algumas poucas jogadas pelo balcão e outras sentadas conversando umas com as outras. Ninguém do bar era alguém conhecido, todos do segundo ou terceiro semestre, agradeci internamente, preferia não ter que fingir uma falsa simpatia e ir falar com alguma amigo, meu único objetivo naquele momento era beber o máximo que eu conseguisse.

Eu olhava para o meu (novo) primeiro copo e lembrava-me da primeira vez que bebi. Foi uma noite após eu fazer 18, PJ e Bobby já haviam feito a alguns meses e disseram-me que esperaram eu completar também para que nós três experimentássemos juntos. PJ roubou uma lata de seu pai e levou a minha casa durante a noite, nós três sentamos em uma roda no chão e ficamos um certo tempo apenas olhando para a lata a nossa frente, até Bobby, em um movimento repentino, pegar a lata e abri-la, ele colocou um pouco da bebida em três copos de plástico da minha casa e entregou um para mim e outro a PJ. Eu fui o primeiro a beber, sendo seguido por Bobby e PJ logo em seguida. Me lembro da sensação da bebida descendo pela minha garganta, como se fosse um grande pedaço de vidro, cortando-me por dentro, o calor se alastrava por meu corpo, começando em minha boca e terminando em meu estômago. Depois disso prometemos nunca mais beber, promessa que foi quebrada 3 semanas depois.

Enquanto enchia o segundo copo, meu corpo se aliviou ao lembrar de que meu pai não estaria aqui nessa noite, gosto de sua companhia, mas seria um saco ter que ouvir sobre como bebida alcoólica faz mal ao jovens, eu sabia suas regras contra bebidas e também sabia que ele me mataria se me visse virando mais um copo de cerveja.

Ao terceiro copo, meu corpo parecia quente e minha visão rodava pela sala, passei alguns instantes desnorteado olhando para todos os lados até minha atenção ser fisgada. Meu olhar caiu sobre Bradley novamente, ele estava em canto afastado, tenho certeza que não notou minha presença, eu mal o notei. Levou um tempo até minha visão identificar com quem ele estava junto, parecia ser uma garota, não muito mais velha que ele, provavelmente do 3 semestre, ela estava de frente para ele e eles conversavam alegremente. Bradley jogou a ela um olhar, que não consegui decifrar, antes de puxá-la para um beijo. Ele segurava em sua cintura e a garota levou sua mãos a nuca dele. Eles ficaram com os lábios selados por alguns longos segundos, enquanto eu bebia mais um copo. Algo naquele beijo deixou um gosto muito mais amargo em minha boca do que a bebida, mas não fiquei tempo o suficiente olhando para ele para descobrir o porquê. Antes que eu me desse conta eu já me encontrava no lado de fora da casa, olhando para uma piscina vazia.

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Eu tô a uns dois dias preso no terceiro capítulo, então decidi postar esse capítulo logo porque eu sei que vou levar um bom tempo pra reescrever o 3°.

Bradley Beija Bem || MaxleyOnde histórias criam vida. Descubra agora