Maldiçao - I

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"Nunca sinta culpa por começar de novo"

Regina agarrou  mais uma taça de vinho, o fato de não conseguir se embriagar tornava aquilo deplorável, mas ela continuava tentando noite após a noite.  Durante tantos meses e anos que se perderam em tantas safras diferentes de vinhos.

No silêncio das lágrimas sua angústia era indisfarçável.

A morena estava ali jogada na poltrona em sua sala, em total escuro ouvindo uma música qualquer que tocava em sua TV, nem ao menos se deu ao trabalho de saber se ainda era algo que ela gostava.

Mas logo toda sua angústia foi atrapalhada por uma maldita música extremamente alta vindo pelo lado de fora. Ela se levantou irritada. Bufou  e carregou sua taça com sigo até o lado de fora da varanda. Olhou para o lado e logo viu o que a pertubava, seus vizinho em uma maldita festa da piscina.

Estavam no inverno. O quão idiota alguém tinha que ser para dar uma festa na piscina durante o inverno ?

A morena bufou  e tomou um pouco mais do vinho, o gosto do sangue misturado ao vinho já estava quase ausente, o que fazia o vinho arranhar sua garganta. Ela  continuou apoiada sobre as grades da varanda, encarando a escuridão em sua frente. Uma lágrima caiu em seu rosto. Chorar era algo que ela nem sabia que era capaz de fazer. Mas nós ultimos  séculos aquilo havia se tornado algo comum. A decadência na verdade havia se tornado algo comum. A  "vida" da Mills era resumida em noites e mais noites regadas a muito vinho, muitas lágrimas e músicas tristes. E sem duvidas aos pensamentos  de culpa.

— O que você pensaria de ver toda essa mudança? O que você pensaria do mundo como ele é hoje se estivesse aqui do meu lado ? — A morena falava encarando a lua enquanto sua voz estava totalmente embargada.  Ela apanhou o colar em seu pescoço,  com a aliança da amada. A lua, era algo que as ligava.  Sem duvidas o ponto mais alto de todo o poder de Regina eram a noite, durante as luas cheias. E para Sua amada Ruby não era diferente, afinal de contas sendo uma jovem Lycan as luas cheias eram o momento de maior poder onde se transformava.

A dor que ela sentia, não diminuía.
A culpa ? Muito menos.
Era como se ela vivesse um constante ontem, onde em todos os dias ela perdia Ruby sem nada poder fazer.

[...]

Eu me sentia uma total bagunça. O sentimento era de ser um lixo. Um monte de nada. E aquela tristeza profunda que nunca parecia poder aumentar sempre aumentava, e era sempre a mesma sensação de aperto no peito e um maldito nó na garganta.

Eu havia descoberto tantas coisas sobre mim durante todos os séculos que eu estava absolutamente sozinha. 

Eu chorava, chorava tanto, e nem sabia que era possível alguém como eu chorar. Mas eu chorava, todos os dias.
As vezes eu ficava totalmente parada olhando para o nada como se eu ficasse perdida...

Eu não tinha milhares de motivos para me sentir triste. Mais tinha bons motivos. Durante todos aqueles séculos eu observava toda a evolução do mundo passando diante dos meus olhos. Via pessoas nascendo e morrendo década após década. Eu poderia citar uma lista  interminável de justificativas infelizes nisso que eu chamava de vida.

Acho que os anos também me fizeram uma mulher fraca, eu nem de longe lembra a vampira de séculos atrás.

Eu só queria silêncio e um pouco de paz. Mas isso era impossível. Vampiros podiam dormir. Mais para isso tínhamos que estar bem. E eu já não estava bem a muito tempo. Nem me lembrava qual fora a minha última noite de sono.

Eu era uma maldita vergonha para qualquer um da minha espécie. Se é que ainda existia muitos de nós por aí.

Eu até hoje estava em uma busca insansetante de tentar silenciar tudo... queria um  um silêncio que deixa a respiração tranquila e o coração calmo, e não um silêncio que ensurdece e tortura a  alma... se é que eu tenho uma alma ainda.

Afterlife - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora