Capítulo I - Entrevistando Lena Luthor.

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Olho para o espelho, frustrada. Meu cabelo simplesmente não quer cooperar, e o resfriado repentino de Nia Maines me colocou nessa situação. Em vez de revisar resumos e capas para a próxima edição da CatCo, que está a apenas uma semana de distância, estou lutando para domar meus fios com uma escova. Não devo dormir com ele molhado. Recitando várias vezes esse mantra, tento, mais uma vez, escová-lo até abaixar os fios.

Reviro os olhos, exasperada, e observo a garota pálida de cabelo loiro e olhos azuis, desisto. Minha única opção é prender em um  rabo de cavalo e torcer que eu esteja mais ou menos apresentável.

Nia é minha melhor amiga e a pessoa com quem divido casa, com tantos dias para passar mal, escolheu logo hoje para ser vencida por uma gripe importuna. Portanto, não consegue entrevistar uma magnata que nunca ouvi falar, para o jornal que estagiava. Fui convocada como voluntária, deveria estar terminando minhas edições, tinha um ensaio para terminar, deveria trabalhar hoje à noite, mas não: vou dirigir por duas horas até Metrópole para me encontrar a pragmática CEO da LCorp Enterprises Technology.

Como empresária excepcional e principal benemérita de nossa universidade, seu tempo é extraordinariamente precioso — muito mais precioso que o meu — mas ela concordou em falar com Nia. Uma grande conquista, diz ela. Malditas atividades extracurriculares de Nia. Ela está encolhida no sofá da sala.

A conheci quando estava no meu 3° ano na universidade, nos esbarramos devido a um trabalho que consequentemente saímos juntas. Desde então, a amizade surgiu e hoje estamos como estamos. Conseguimos um estágio na CatCo Worldwide Media, fundada pela CEO Cat Grant, a empresaria rica e calculista que não gosta de perder. Eu segui sendo editora assistente e minha amiga redatora. Ah, já estava quase me esquecendo, estamos nos formando, e felizmente as provas finais já passaram e não preciso mais me preocupar com nada além do que dizer na formatura.

Olho para minha amiga e ela está encolhida no sofá da sala.

— Kara, me desculpe. Levei longos 10 meses para conseguir essa entrevista. Vou levar mais uns 5 para remarcar, nós duas já estaremos formadas. Como redatora de Cat Grant, não posso cancelar tudo, ela me comeria viva. Por favor —  Nia implora, com a voz rouca por causa da dor de garganta e olhos vermelhos e pidões.

Como ela faz isso? Mesmo doente, está graciosa e muito bonita, o cabelo castanho escuro no lugar e os olhos castanhos luminosos, apesar de um pouco congestionados e lacrimejantes. Ignoro meu sentimento inoportuno de solidariedade.

— Claro que vou, Nia. E você deve voltar para a cama para descansar. Quer um remédio para gripe? Ou um pra dor? — pergunto preocupada. Apesar de estressada com toda situação.

— Um remédio para gripe, por favor. Aqui estão as perguntas, lembre de gravar por favor. Pode pegar meu gravador, é antigo, mas funciona. — me entrega. — Basta apertar esse botão. Não perca nada, vou transcrever tudo.

— Não sei nada sobre ela, Nia! — murmuro incomodada e tentando em vão conter meu pânico crescente.

— As perguntas vão ajudá-la. Vá. A viagem é longa. Não quero que ocorra o risco de se atrasar.

— Estou indo. Vá descansar enquanto pode. Deixei uma sopa pronta para você esquentar mais tarde.— olho para ela com solidariedade.

— Vou esquentar. Boa sorte. E obrigada, Kara. Como sempre você está salvando a minha vida.

Pego minha mochila, lanço-lhe um sorriso irônico e depois saio para pegar o carro. Não posso acreditar que Nia me convenceu a fazer isso. Mas ela consegue convencer qualquer um a fazer qualquer coisa. Ela vai ser uma jornalista excepcional. É articulada, forte, persuasiva, sabe argumentar bem, é bonita, e é minha melhor amiga.

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