Mina esticou sua mão na direção de Rengoku que alcançou os pequenos dedos da garota como se segurasse a mais delicada das jóias. O rosto da garota corou violentamente assim que sentiu o toque quente do Hashira, suas íris não desviam das dele nem por um segundo, mas...ainda que os olhos do homem tivesse cores quentes, extremamente vibrantes por um milésimo de segundos ela pareceu enxergar as orbes multicoloridas que tem fugido há algum tempo. Sua respiração parou e sua mente só voltou ao presente quando Rengoku a guiou delicadamente até a mesa de jantar.
A ruiva se acomodou em uma das almofadas confortáveis ao redor da mesa que estava empanturrada de comida, ela estava ansiosa o bastante para mal se importar com seus próprios modos, alcançando rapidamente um oniguiri próximo, deixando que suas bochechas ficassem até um pouco inchadas pelo alimento no interior de sua boca. O (quase) namorado deixou que o seu riso mais contagiante tomasse o lugar, apenas Mina conseguia tirar aquela gargalhada vibrante de Rengoku, ainda que ele sempre estivesse empolgado.
— Eh? Quem é essa? — Mina praticamente pulou de assento quando sua visão encontrou a garota de cabelos negros na altura do queixo. Ela nunca tinha visto aquela menina antes e tinha tantas perguntas para disparar naquele momento. — Ela é sua amante, Rengoku? Padrinho, você está adotando outra garota? Quem é você? Fala logo!
O indicador de Mina estava apontado para a garota e sua expressão era claramente uma mistura de dúvida, curiosidade e tantos outros sentimentos.
— Amante? Adotar? Espera, do que você está falando? — A desconhecida estava com suas íris negras arregaladas tentando pensar em todas as perguntas que Mina disparava para ela.
— Mina, essa é a Amelie. Ela vai nos acompanhar na missão. — Rengoku levou sua mão até o indicador de Mina, abaixando-o vagarosamente, enquanto envolvia seus dedos aos da garota, fazendo um carinho suave nas costas da mão dela com seu polegar. — Além disso, ela é namorada do Tomioka.
— Eu não sou nada! — Amelie contestou mais do que depressa, mas foi possível ver que ela parecia um pouco nervosa com aquela afirmação de Rengoku.
— Ficou muito nervosa para responder. Você gosta dele, não é? Eu sei ver os olhinhos brilhantes de alguém apaixonado. — A ruiva largou seu hashi na mesa descuidadamente, arrastando-se de forma desengonçada até o lado de Amelie, juntando-se a ela como um cachorrinho filhote animado. — Ele é chato mas podemos fazer o melhor para que vocês casem.
— Eh?! Casar? — Amelie perguntou incrédula, tentando dar espaço para que Mina conseguisse um espaço ao lado dela.
Era tão evidente como as duas haviam gostado uma da outra tão rapidamente, ainda que tudo tivesse começado de uma forma um pouco estranha. Rengoku estava imensamente feliz por ver que Mina já estava próximo da garota que fariam uma missão. O Hashira acariciava os cabelos da garota suavemente, seus olhinhos estavam um pouco caídos e ele piscava pausadamente demonstrando o quão puramente ele estava.
O dia seguinte não demorou para chegar, o sol mal havia despontado no céu e Mina já saltitava animada ao ver o quão bonita era sua Nichirin quando as luzes solares começavam a tocá-la. Amelie estava igualmente animada, aquela também era a primeira missão dela e longe de Tomioka, ela odiava estar longe dele mas precisava de sua própria independência agora que era uma caçadora também.
— Está na hora, meninas. — Rengoku disse animadamente para suas duas companheiras de missão que o olharam imediatamente.
Ele realmente parecia ainda mais brilhante naquela manhã, sua empolgação podia invadir o coração de qualquer um que o olhasse ainda que por pouco tempo.
— Onde está a May e o Obanai? — As íris de Mina varreram o local procurando pela outra garota.
— Bem, eles foram avisados de que havia outra missão imediata e de extrema importância para irem, então partiram durante a madrugada. — O Hashira suspirou, sabia bem que aquele não era o tipo de coisa que Mina gostaria de ouvir, afinal, tinha certeza de que participaria de sua primeira missão com May.
Amelie e Rengoku ao perceberem o desânimo tomarem conta da expressão antes animada da ruiva, levaram suas mãos até cada uma das bochechas rosadas da menina, apertando-as delicadamente.
— Não faça essa cara de desânimo. Não combina com a sua Nichirin nova. — Os profundos olhos negros de Amelie brilhavam de maneira terna o bastante para que um sorriso genuíno crescesse lentamente nos lábios de Mina.
— Ainda que eu te ache bonita em todas as suas faces, eu acho que prefiro esse seu sorrisinho iluminando meu dia. — Rengoku disse calmamente, enquanto afastava um fio ruivo das madeixas de Mina do rosto dela para ter uma visão melhor do sorriso que ele amava mais do que tudo.
As garotas se entreolharam como cúmplices ao ouvir as palavras doces do Hashira e não era difícil perceber que elas estavam prendendo um pequeno gritinho histérico.
O padrinho da garota e alguns outros ferreiros estavam encostados no batente da porta de suas casas observando a animação do trio, eles estavam orgulhosos por sua garotinha ter crescido e se tornado uma caçadora, ainda que temessem pela vida dela tinham plena certeza de que ela sempre daria o seu melhor. Seus corações cheios do mais terno carinho que sentiam por Mina, o amor paternal que eles sempre nutriram pela ruiva. A garota saltitava ao lado de sua nova amiga, enquanto se afastava cada vez mais dos olhares atentos dos homens da Vila.
Yoshiaki não conseguiu se despedir diretamente com Mina, ele sentia o coração completamente apertado por ver sua caçula partindo em uma vida tão perigosa.
— Você sabe que o Rengoku vai cuidar bem dela. — Um dos homens disse para o mais velho, enquanto se aproximava calmamente percebendo as orbes um pouco marejadas de Yoshiaki.
Templo do "Culto do Paraíso Eterno", 2AM — Horas antes
Um dos dedos de Douma estava apoiado sobre o queixo de uma das mulheres de seu culto, ele a examinava por longos minutos em silêncio. Suas íris multicolores observavam os traços da menina, suas longas madeixas ruivas, as grandes orbes azuis e o rosto um pouco corado por estar nua na frente de seu Mestre.
— Seus olhos... — Douma disse com um tom de voz mais manhoso do que o normal, era indecifrável se aquilo era por puro desprazer ou se tinha algum outro sentimento rondando sua mente. Animada, a garota ajeitou sua postura ficando mais próxima do demônio mas no mesmo momento em que fez isso, o platinado soltou o rosto dela. — Eles não são lavanda.
Agora era possível perceber certo dissabor em sua voz. Aquela garota não era quem ele realmente almejava, apenas mais uma mundana que ele pouco se importava. Douma dificilmente ficava irritado, até mesmo quando Akaza o desrespeitava, ele mantinha sua postura infantil, mas agora era diferente.
— Não é triste, meu bem? Como as coisas podem ser decepcionantes no mundo... — Ele disse enquanto se aproximava perigosamente da garota. — Você entende que eu gostaria de te poupar de qualquer decepção quando te trouxe para cá...mas como eu poderia? Quando você é a única decepção desse lugar? — Douma tinha um sorriso largo em seu rosto como se não estivesse dizendo todas aquelas palavras horrendas para a jovem.
E não demoraria para que o sangue dela estivesse lavando aquele cômodo.
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serendipity
Fanfiction𝐷𝑜 𝑖𝑛𝑔𝑙𝑒̂𝑠 𝑠𝑒𝑟𝑒𝑛𝑑𝑖𝑝𝑖𝑡𝑦 '𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑏𝑟𝑖𝑟 𝑐𝑜𝑖𝑠𝑎𝑠 𝑏𝑜𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑐𝑎𝑠𝑜'. Serendipidade é como um raio de sol em um dia chuvoso ou como uma flor que desabrocha em meio ao inverno frio. Quando Douma viu Mina...