Capítulo 1 "Querido diário"?

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"Querido diário"?
Nunca me imaginei escrevendo em um diário, isso me parece meio tosco, mas infelizmente minha mãe e minha psicóloga me obrigaram, então vamos lá.

Meu nome é Oliver Lorenzo, tenho 17 anos e sou gay, me assumi faz pouco tempo e isso me gerou grandes problemas. Mas eu não quero falar sobre isso no momento.... Continuando, eu estou no segundo ano do ensino médio e de fato odeio ir para escola, lá só tem gente mesquinha e preconceituosa. Gosto muito de ouvir música, dançar e ler livros de romance e ficção, embora não acredite no amor eu continuo lendo livros românticos, talvez de alguma forma os romances me deem um pingo de esperança no amor! Eu moro em um pequeno sítio na minúscula cidade de boa vila, aqui realmente é tudo pequeno, tem pequenos mercados, pequenos hospitais e pequenas escolas, mas sabe o que é muito grande? O TÉDIO, sim, morar aqui é um tédio, ainda mais depois que eu "me assumi" gay. A situação só piorou porque aqui todo mundo se conhece, então eu virei o "menino gay da cidade de boa vila", todo mundo me chamava de "Oliver, o menino estranho" agora eu passei de Oliver o menino estranho para o garoto gay da cidade, que legal!

As pessoas não falam direito comigo e quando falam é só para me ofender, poucas pessoas continuam me chamando de Oliver, a maioria das pessoas só me chama de gay. Os adolescentes daqui não falam comigo, alguns diriam que eu sou muito solitário, mas eu só falo comigo mesmo, acho melhor estar sozinho do que mal acompanhado. Eu moro com a minha mãe e minha avó, meu pai foi embora assim que ele começou a desconfiar que havia algo de "errado" comigo, mesmo ele tendo me abandonado eu sou obrigado a ir aos finais de semana para casa dele. Ele tem uma pequena lanchonete e eu trabalho lá os fins de semana, minha avó acredita que se eu continuar ajudando ele na lanchonete de alguma forma ele vai me aceitar do jeito que eu sou, ela realmente não sabe o tipo de homem que ele é. A minha avó é um doce que sempre me apoia nas minhas decisões, uma vez ela me pegou dançando balé escondido no quarto, na época eu tinha sete anos mas eu me lembro bem do medo que senti, eu fiquei em pânico achando que ela iria brigar comigo, mas pelo contrário! ela sorriu e disse que eu era um bom dançarino, daquele dia em diante percebi que eu poderia contar com ela para sempre. Já a minha mãe ela também não é muito presente na minha vida, ela só ignora o fato que eu existo, e para parecer uma boa mãe me leva ao psicólogo uma vez por semana, ainda por cima joga na minha cara que eu não faço nada direito, embora ela não me culpe da separação dela e do meu pai eu tenho certeza que ela sente que eu sou culpado. Às vezes eu penso que era melhor eu não ter nascido assim, eu não atrapalharia tanto a minha mãe e não seria o motivo da vergonha do meu pai.... Minha mãe é advogada e não passa muito tempo em casa, o que às vezes é bom porque assim eu posso aproveitar e ser eu mesmo....
Eu acho que por hoje eu já escrevi muito então até outro dia querido diário.

Assinado: Oliver Lorenzo

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