Capítulo 2. Aqueles olhos

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Olá diário, hoje eu tive que vir aqui, pois parece que tudo está dando errado, você não vai acreditar Eu vi ele na escola hoje! O garoto dos olhos mais bonitos que já vi, o garoto que estragou a minha vida, não que minha vida antes fosse uma maravilha! Mas ninguém sabia que de fato eu sou gay não que eu me importe muito com isso, pois eu nunca estive em um "armário", eu sempre soube quem eu sou,e que eu gosto de garotos, e nunca tive vergonha de mim por causa disso, eu sempre me vestir com as roupas mais diferentes sempre me expressei da maneira que quero, talvez seja por isso que as pessoas me chamam de estranho, mas ninguém nunca imaginou que eu sou gay até que conheci ele o garoto mais bonito que eu já tinha visto, mas o que eu não sabia é que a beleza que ele tem, por fora esconde um monstro preconceituoso que ele é por dentro.

Eu me lembro muito bem do dia que eu o vi pela primeira vez, eu tinha 15 anos e ele tinha acabado de se mudar para a minha cidade, ele me parecia tão quieto, porém tão bonito, no dia em que eu o vi pela primeira vez na escola eu não tive coragem de falar com ele, mas por incrível que pareça ele veio falar comigo,
ele chegou com um sorriso de canto e falou,
Prazer meu nome é Gustavo! Bonito chapéu !

Eu lembro que meu coração acelerou e eu travei por alguns minutos e só consegui responder um obrigado, Com um pequeno sorriso no rosto, então ele perguntou o meu nome e eu me apresentei, mas também naquele dia só aconteceu isso, ele falou do meu chapéu, rolou alguns sorrisos, a gente se apresentou e cada um foi para o seu lado, eu lembro que no intervalo meus olhos só procuravam os olhos dele e que o meu coração parecia estar dando uma festa, naquele dia quando eu cheguei em casa parecia que nada mais me importava nem o fato da minha mãe não está presente em minha vida, eu só corri para o quarto tranquei a porta e coloquei as minhas sapatilhas de balé que guardo em um pequeno baú e só consegui dançar pelo quarto e sorrir afinal o único lugar que eu posso dançar é no meu quarto, eu lembro que passei a tarde inteira dançando imaginando uma vida com ele naquele dia nem comi nada talvez eu seja muito trouxa mesmo.

No outro dia na escola ele já tinha se enturmado com geral, como não? Se ele parecia ser tão legal e vamos ser sincero a aparência dele ajudou muito, todos da escola gostavam dele.

Então ele passou um ano sem falar comigo, ele só me olhava às vezes e logo disfarçava, eu até o entendia como ele poderia ser meu amigo se ninguém gostava de mim talvez ele deve ter sentido medo de virar um excluído como eu, já que ele se tornou um garoto popular, afinal quem quer ser um excluído? ninguém não é mesmo?
até que no início do ano passado eu estava sentado no campo da escola no intervalo, eu estava em um local afastado ouvindo música e cantarolando, quando do nada senti uma mão em meu ombro, eu tomei um susto, mas quando olhei para trás, sim, era ele! Era o Gustavo, ele sentou ao meu lado e sorriu, eu fiquei meio assustado, lembro de ter pensado, que porra é essa? O que está acontecendo? Até que ele quebrou o silêncio e falou que sentia a minha falta, então eu falei para ele, eu estou todo dia aqui na escola, você sempre me vê se não fala comigo é porque não quer! Ele então disse que não falava comigo, pois tinha vergonha de mim, ele disse que eu parecia estar sempre focado em alguma coisa e ele tinha vergonha de se aproximar e falar comigo, na época eu acreditei, fazer o que né?
ele pediu meu número e eu dei , naquele dia agente conversou a madrugada toda pelo celular, e na escola a gente só se olhava disfarçadamente.

Então um dia ele me mandou uma mensagem dizendo que queria me ver, marcamos um encontro no riacho perto da minha casa, eu me arrumei todo me lembro que vestir o meu melhor macacão, penteei meus cabelos e passei o meu melhor perfume... naquele dia estava uma noite tão bonita, o céu estava tão estrelado e o meu coração parecia uma escola de samba de tão acelerado que estava. Quando de repente eu vi ele quando ele chegou até mim ele não falou nada, nem me cumprimentou só agarrou meu rosto e me beijou, me beijou com tanta agressividade, puxando meu cabelo e eu retribuir o beijo, eu lembro que ele colocou a mão em minha nuca, beijou o meu pescoço e apertava muito forte a minha cintura, eu estava em choque parecia um sonho eu não conseguia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo.

Quando nos separamos do beijo estávamos ofegantes, e eu estava com um olhar de espanto, e sabe o que ele falou? Ele falou que eu era uma delícia do jeito que ele imaginou, ele olhou para mim mordendo os lábios inferiores e depois sorriu.
Eu só tinha 16 anos, e aquilo nunca havia acontecido comigo, aquele era o meu primeiro beijo e eu estava surtando por dentro, aquele com certeza não foi o primeiro beijo dele...Depois de um segundo se olhando sem dizer se quer uma palavra, ele disse que precisava ir embora e simplesmente saiu correndo, ele não deixou eu falar absolutamente nada, mas eu não liguei para isso, quando eu cheguei em casa não consegui dormir direito, só consegui pensar naquilo beijo incrível, porém estranho.

Quando acordei no dia seguinte tive que ir trabalhar na lanchonete do meu pai, pois era domingo...eu passei o dia inteiro ansioso para chegar em casa e ver se havia alguma mensagem dele, eu não levo o celular para o trabalho, pois meu pai não gosta que eu use o celular enquanto estou trabalhando.

Quando eu cheguei em casa já era por volta das 22:30 da noite e para minha surpresa não tinha nenhuma mensagem dele, eu posso até ser trouxa, mais não mandei nenhuma mensagem para ele, eu acho que no fundo Eu sabia que ele não gostava de mim...
Chegando na escola eu não consegui pensar direito no que eu estava fazendo, então só fui até ele e puxei ele pelo braço na frente de todo mundo, (Claro que eu não ia contar o que havia acontecido ente agente, pois não sabia se ele era assumido) então eu só falei que queria falar com ele em particular... no momento em que puxei ele pelo braço a sala que ha minutos atrás parecia até uma feira de tanto barulho, em um instante foi tomada por um silêncio ensurdecedor, todos nos olhavam como a expressão de dúvida e curiosidade. Quando de repente ele simplesmente me empurrou, e perguntou se eu era louco de ter tocado nele, então todos meus colegas começaram a rir e a dizendo que eu era muito estranho então falei meio confuso.

- Só quero conversar com você, não precisa me empurrar!

Quanto dirrepente ele disse em alto e bom som para todos ouvirem.

-Eu não tenho nada para falar com você, então para de me perseguir, você fica me olhando todos os dias, fica me encarando, eu tenho certeza que você é uma "bixinha" então vê se me esquece, eu não gosto de homem!

Então todos da sala começaram a rir e dizer que eu sou gay... (o que não era nenhuma mentira) . então daquele dia em diante todos souberam que eu sou gay, e não, eu não neguei, quando alguém me perguntar se eu realmente sou gay! Eu respondo que sou, sim e que nunca estive em um "armário" e não tenho problema nenhum com isso, a minha sexualidade só importa a mim e a mais ninguém.

Pois é querido diário, foi assim que ele tornou a minha vida um pouco mais difícil, quando ele falou esses absurdos para mim eu não briguei com ele, e não falei nada do que a gente tinha feito, apenas sair andando, porque para gente assim eu não dou palco.
Você deve estar se perguntando como eu tenho essa maturidade sobre minha sexualidade, E eu vou lhe responder, eu só sei quem sou e me amo do jeito que sou, devido à minha avó que sempre me apoiou e conversou comigo sobre tudo, não é que eu não fique triste com os comentários ofensivos, eu só aprendi a não ligo muito para isso, pois aprendi a me aceitar desde pequena, graças a minha ela, a mulher que eu mais amo.

Bom, como meus pais ficaram sabendo que eu sou gay, fica para outro dia, pois tenho que fazer minha lição de casa, então até mais querido diário.

Assinado: Oliver Lorenzo

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