Vou começar essa história falando sobre o fato de que a minha existência não era nem para acontecer.
Pois é, alguns anos atrás, minha mãe teve um problema no útero e os médicos disseram para ela que mais uma gravidez seria muito difícil e que talvez iria requerer muito tratamento. Mas ela nem planejava ter mais filhos, até porque a situação não era favorável. Meus pais já tinham o meu irmão mais velho, e minha mãe tinha descoberto uma traição. Meu Pai tinha outra mulher e outro filho. A confusão se instalou, mas minha mãe vem de uma época e de uma criação onde o casamento é para toda vida. E as circunstâncias em que ela se casou, a deixaram com medo e receio de trazer vergonha para a família dela, ainda mais sendo a única filha mulher e a mais velha. Então com promessas e manipulação meus pais não se separam. Com o casamento reatado, eles tentaram manter uma convivência, mas ficou cada vez mais difícil. Meu pai começou a beber muito, e a não trazer nada para dentro de casa, inclusive minha mãe dava para ele dinheiro para pagar as contas, só para depois descobrir que não estavam sendo pagas; dessa forma, até luz faltava. Mas nas palavras da minha mãe: "a gente sempre tenta acreditar que o dia de amanhã vai ser diferente, e acaba se decepcionando". Decidida a se separar depois de descobrir mais um filho fora do casamento, minha mãe marcou uma consulta com o advogado para resolver tudo que envolvia a separação; nesse dia pouco antes de ser atendida, ela passou muito mal e foi levada para o hospital; só para descobrir que eu estava a caminho.
Susto? Desespero? Culpa? Medo? Vergonha? Pavor? Nem sei dizer o que pode ter se passado na cabeça dela nesse momento, penso que eu nem conseguiria me mexer, daria pane total!
Então aqui entramos no dilema gigantesco que ela enfrentou, suportar mais traição, falta de apoio e bebedeira ou se separar estando grávida?
Naquela época, com todos os programas e crenças mentais, a única coisa que se passava na cabeça dela é que não poderia ser uma mulher grávida e separada. E foi assim que ela aguentou mais 6 anos.
Quando grávida de mim, minha mãe passou por poucas e boas. Não tinha o que comer, as vezes uma maçã meio estragada era tudo que tinha. O medo constante de estar sozinha era um pesadelo. A minha mãe sempre foi bem medrosa, principalmente com medo de insetos. Ela conta que uma noite tinha um sapo dentro de casa perto da porta e ela não conseguia se mover, e assim passou uma noite inteira em cima da mesa, com frio, fome, sono e muito medo.
Algo que ela sempre me conta, era que ela conversava muito comigo na barriga dela, dizendo que o que estava acontecendo ali fora não tinha nada a ver comigo, que ela iria resolver tudo e que eu era muito amada.
Apesar de todas turbulências, eu vim ao mundo, prematura. Tive que ficar no hospital por um tempo devido às complicações como icterícia; e logo após o parto minha mãe entrou em depressão, então não pudemos ficar juntas logo que nasci, nem mesmo ela pode me amamentar. Fui amamentada por uma tia que teve bebê recentemente e uma outra pessoa conhecida da família, que se tornou especial demais em nossas vida.
Depois disso, damos início da saga das quase mortes que eu tive desde os 6 meses de idade até uns 5 anos.
Com poucos meses de vida, fui diagnosticada
com Artrite Reumatóide Juvenil, que causava dores pelo corpo todo o tempo todo, febre alta a ponto de levar a convulsões; internações que duravam meses, e problemas de saúde como parada cardiorrespiratória seguida de um
coma, úlceras estomacais devido a medicação, e mais, meu baço começou a crescer demais, podendo atrapalhar os outros órgãos, sendo marcado então uma cirurgia para retirada.Minha mãe sempre foi uma pessoa de fé, apesar de naquela época não entender como a fé funciona na realidade. Dessa forma desde sempre, ela procurou ajuda espiritual de todas as formas e fontes, buscando a cura para mim. Nesse caso específico do baço, através de um Centro Espírita, foi feito uma cirurgia espacial, que seria como uma cirurgia normal, com os cuidados pré e pós procedimento, mas sem nenhum corte. Quando entrei em coma, até mesmo um Pastor da Igreja foi orar por mim, e tudo que ele disse para minha mãe, acabou se concretizando.
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Caos do Eu
SpiritualSe você já pensou em desaparecer, sumir do mapa, morrer, morar em outra cidade, em outro pais; ou se você já se imaginou tendo outra personalidade, sendo outra pessoa, se você já desejou ir viver bem longe onde ninguém soubesse nada a seu respeito e...