Urich, ainda com o coração acelerado, puxou a carroça até sua casa. A pequena cabana de pedra e madeira estava iluminada por dentro, indicando que sua família ainda estava acordada, provavelmente preocupados com sua demora.Ao abrir a porta, foi recebido por sua mãe, uma mulher de meia-idade com cabelos grisalhos e olhos cansados. "Urich! Onde você estava? Estávamos preocupados!"
"Peço desculpas, mãe", disse Urich, tentando esconder o entusiasmo em sua voz. "Fui pego pela chuva e... conheci um Mão Vermelha."
Seu irmão mais novo, Lorn, correu até ele com olhos brilhantes. "Um Mão Vermelha? De verdade?"
Urich assentiu, retirando o broche dourado do bolso e mostrando à sua família. "Ele me deu isso e disse que, se eu quisesse, poderia tentar a Prova de Aros."
Seu pai, um homem robusto com uma barba espessa, olhou para o broche e depois para Urich. "Os Kollers sempre foram pessoas de respeito em Surin, mas nunca tivemos um Mão Vermelha na família. Você tem certeza sobre isso, filho?"
Urich hesitou por um momento. "Não sei, pai. Sempre sonhei em ser um cavaleiro, em proteger nosso reino. Mas também sei que nossa família depende de mim."
Sua mãe se aproximou, colocando a mão em seu rosto. "Seu pai e eu sempre quisemos que você seguisse seu coração, Urich. Mas a Prova de Aros é perigosa. Muitos entram, mas poucos saem."
Lorn, com seus olhos jovens e cheios de admiração, disse: "Eu acho que você deveria tentar, irmão. Você é o mais forte de todos nós. E quem sabe? Talvez você se torne o primeiro Koller a ser um Mão Vermelha."
Urich sorriu, abraçando seu irmão. "Vou pensar sobre isso."
Naquela noite, Urich deitou-se em sua cama, olhando para o broche dourado. Ele pensou em Alastor, no respeito e honra que os Mãos Vermelhas carregavam, e no legado de sua própria família. Ele estava em uma encruzilhada, e a decisão que tomasse poderia mudar o curso de sua vida para sempre.
O amanhecer em Surin era usualmente uma promessa de paz, mas naquela manhã, o ar carregava um presságio sombrio. O ritmo distante de tambores e o brilho de armaduras no horizonte trouxeram um frio à espinha de Urich. Ele não estava sozinho em seu temor; o vilarejo inteiro parecia sentir a ameaça que se aproximava.
À medida que o exército de Vorgália se aproximava, a tensão em Surin crescia. Mulheres e crianças eram apressadamente levadas para abrigos improvisados, enquanto os homens, armados com o que podiam encontrar, formavam uma linha de defesa precária.
O General Karos, montado em um cavalo negro como a noite, parou a uma curta distância do vilarejo. Seus olhos frios varreram os defensores, e ele levantou a mão, fazendo o exército parar.
"Povo de Surin," sua voz ressoou, carregada de autoridade e desprezo, "entreguem a Adaga, e pouparemos suas vidas miseráveis."
Urich franziu a testa, confuso. Adaga? Ele nunca ouvira falar de tal artefato em Surin. Mas antes que pudesse ponderar, uma flecha é disparada de um dos arqueiros de Surin, atingindo um dos soldados vorgalianos.
Karos, com um olhar de fúria, gritou: " vorgalianos, Ataquem!"
O que se seguiu foi um massacre. Os vorgalianos, treinados e em maior número, cortaram através das defesas de Surin como uma lâmina afiada através de papel. Gritos de dor e desespero preenchiam o ar. Casas eram incendiadas, e o cheiro de carne queimada se misturava ao de sangue e metal.
Urich, com uma espada improvisada, lutou com toda a sua força, chegou a conseguir derrubar um guarda vorgaliano mas foi rapidamente cercado. Ele sentiu o frio do aço contra sua pele através de um golpe de espada em seu estômago e o mundo começou a girar. Mas, antes que a escuridão o tomasse, uma figura em vermelho surgiu, brandindo sua espada com uma habilidade impressionante. Era Alastor.
Juntos, eles tentaram resistir, mas a força de Vorgália era avassaladora. Em um momento de desespero, Urich viu sua casa ser consumida pelas chamas, e um grito agudo cortou o ar. Era sua mãe.
Quando a batalha finalmente cessou, Surin estava irreconhecível. Os poucos sobreviventes estavam feridos ou em choque. Karos, com um olhar de desdém, se aproximou de Urich e Alastor, que estavam ajoelhados e exaustos.
"Onde está a Adaga de Lysandra?" ele rosnou.
Urich, com lágrimas de raiva e dor, cuspiu sangue e respondeu: "Nunca ouvi falar dela."
Karos, com um olhar de frustração, ordenou que seus homens saqueassem o que restava do vilarejo e partiu, deixando para trás um rastro de destruição.
Alastor, ajudando Urich a se levantar, murmurou: "Temos que ir a Alberion. Eles destruíram sua casa, sua vida. Mas em Alberion, você encontrará um propósito e a chance de vingança."
Urich, olhando para o que restou de Surin, assentiu. Ele não tinha mais nada a perder. E com a imagem da destruição de seu lar gravada em sua mente, ele jurou que faria Vorgália pagar por cada gota de sangue derramado.
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Alberion
AdventureSangue e suor correm pelas ruas de alberion, um reino que certa vez já foi próspero e unificado agora sofre com o caos de uma catástrofe que separou o reino.