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Toni Topaz Point of View;

"A banda adolescente The insane que está roubando nossos corações e invadindo as televisões e rádios, está em busca de um novo integrante por todo o Canadá, esse que supostamente irá auxilar no baixi e no vocal. Fiquem ligados com as datas e local da audição!"

Escutava a voz grossa da mulher na TV dizendo que The insane cada vez mais ganhava fama, eu particularmente gosto de algumas músicas, não sou fã mas me sinto muito feliz vendo o estilo do rock sendo valorizado pelas pessoas.

Em seguida, era mostrado imagens dos integrantes da banda em shows e em ensaios fotográficos, e então, o telefone e e-mail para quem se interessasse.

-Por que não tenta, filha? - questionou minha mãe, Katy, que antes lia o jornal, agora se encontrava focada na televisão e em mim. - Você leva muito jeito com a Baixo, violão e sua voz é linda.

Fiz uma careta em discordância.

-Eu não sei, eu já não tenho mais tempo para praticar como antes, devo estar enferrujada. - soltei uma risada, voltando a atenção aos livros em cima da mesa, todos pegos da biblioteca da escola, de qualquer matéria e assunto que imaginar.

-Ah Toni, mas a audição é em três meses. Até lá você entra em seu período de férias e poderá praticar à vontade. - ela respondeu insistindo. - Vai que você encontra na música uma verdadeira vocação? Desde criança sempre adorou a ideia de tocar e se tornar uma artista.

-Mãe, eu cresci e a realidade agora é outra, tudo aquilo foi um sonho de criança que ficou pra trás. Eu preciso focar nos estudos nesses três meses e no resto do ano para que eu consiga passar num vestibular, como o papai falou. - retruquei de certa forma rude apontando para os livros que lia, mesmo que eu amasse a música, eu não acredito que conseguiria sobreviver dela.

-O Thomas não sabe de nada! É um ignorante, você vai dar ouvidos para um homem de mente fechada que passa o dia inteiro trabalhando como um condenado, infeliz e que se sente frustrado com a vida? - ela questiona rude da mesma maneira, me calando e fazendo com que eu reflita sobre. - Eu não quero uma vida de frustração para a minha filha, então trate de experimentar todos os prazeres e desafios que puder, certo?

Seu tom de voz suavizou e ela tocou minha
bochecha a acariciando, dando um sorriso,
eu acabei sorrindo também e confirmando
com a cabeça, jamais contrariaria a minha
mãe e seus pensamentos. Sussurrei um
"claro, mãe" e a vi levantando do sofá, me
entregando seu jornal e saindo do cômodo.

Eu pensei no que ela tinha me dito, mas
era difícil, procurava aprovação de um pai
que nunca se mostrou orgulhoso por nada
que já conquistei e que nada lhe satisfazia,
como quando minha mãe passou a pagar
aulas de violão quando eu tinha 12 anos,
quando toquei meu primeiro acorde, ou
quando tive que me virar em aprender a
tocar guitarra sozinha e pedindo ajuda
a quem soubesse, já que o mesmo se
recusava a me deixar frequentar essas
aulas, pois, segundo ele, "já tinha causado
prejuízo demais em deixar aprender algo
que jamais usaria".

Para ele, eu deveria deixar de lado muitos
hobbies e amadurecer, ele deseja que eu
ingresse numa universidade de renomada e
me torne "alguém" na vida. Desde então,
estou fazendo o possível para seguir o seu
plano para a minha vida.

Eu não me importava de estudar por
algumas horas, mas passar mais de 6
horas estudando, tanto na escola quanto
em casa, me cansava demais, cada dia me
via mais estressada com essa rotina e com
saudade de fazer coisas que antes fazia,
como uma jovem normal. Eu queria sair com meus poucos amigos, assistir algum filme, ou fofocar com minha mãe, tudo sem me culpar.

𝐄𝐥𝐞𝐜𝐭𝐫𝐢𝐜 𝐥𝐨𝐯𝐞 - 𝐂𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde histórias criam vida. Descubra agora