𝐍𝐨 𝐂𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐝𝐨 𝐌𝐚𝐫 ❘ Alanna é uma mulher sem pátria, que vive fugindo do seu passado.
Um dia, ela é capturada por Buggy, um pirata cruel e ambicioso, que a trata como uma arma.
O palhaço planeja usá-la como isca para roubar...
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𝔈la estava isolada do mundo exterior. Dias haviam se passado e uma sombra roxa nublava sua mente. Ela estava presa dentro de uma jaula, como um animal perigoso. Às vezes levavam para ela repolho e batatas, mas nada além disso. Por dois dias ela ficou encolhida em um canto da cela tentando a todo custo aquecer-se nas noites geladas e de ventania.
Ela não sabia o que pensar, então contava. Contou o número de barras, o número de vezes que os piratas entravam e saiam da tenda. O número de vezes que ela se pegou encarando a própria sombra, sempre achando ser um demônio que a seguia.
Ao final do segundo dia a soltaram, mas apenas para levá-la para dentro da tenda escura. Desta vez um conhecido azul escuro melancólico vibrou em sua mente. As palavras do palhaço ainda giravam em sua mente "Apenas desesperada". Ela mesmo já tinha admitido aquilo para si, mas ouvi-las de outra pessoa era diferente. Ela se sentia, mais do que nunca, como um fantasma.
As mãos do capataz apertaram com força seu corpo, forçando-a a se manter em pé, o que era difícil quando não se comia direito a semanas. O corpo dela havia perdido seu centro de equilíbrio. As coxas grossas, braços e cintura grandes estavam fracos. O rosto, estava mais pálido, e sombras escuras contornavam os olhos, como se eu fosse muitos anos mais velha do que realmente era.
Quando entraram na tenda, a primeira coisa que notou foi a escuridão dramática. Ela franziu o cenho, tentando enxergar além, mas ela só conseguia distinguir a arquibancada vazia e os grandes mastros ateando bandeiras piratas. Todas estavam caídas como flores murchas em um sol escaldante.
O pirata finalmente soltou seu braço, empurrando ela para o grande circo ao centro. Ela não caiu, mas ficou alguns segundos tentando recuperar o equilíbrio. Alanna olhou ao redor, estivera ajoelhada ali mesmo dois dias antes. Mas desta vez havia algo diferente, ela inspirou com cuidado, sentindo o cheiro de capim-limão. Seu coração deu um pulo dentro do peito, os dedos se contorceram e ela deu um passo hesitante para trás.
— Não, não. Não fique com medo. — O capitão disse com a voz penetrante. — Você deve estar cansada, garota. Por que não se senta?
Ela piscou, seus olhos finalmente se acostumando com a escuridão. Suas pernas estremeceram. O que ele estava fazendo? Havia uma mesa com uma toalha branca mais a frente, além de duas cadeiras e uma planta seca que estava dentro de um pequeno vaso ao centro. A figura do capitão se posicionou por trás da cadeira, puxando para que ela se sentasse. Bile subiu a sua garganta, ela estava sendo humilhada pelo próprio palhaço, então o que seria ela além de uma simples piada.
— Sente-se. — Ele rosnou, desta vez os olhos estalados a devoravam com ira.
Alanna se sentou à mesa, Buggy deu a volta sentando-se do outro lado. Ele sorriu como uma criança, tirando o grande chapéu e o jogando ao chão, revelando apenas a banana listrada que cobria os cabelos azuis. “Sem chapéu quando vai comer.” Ele disse a si mesmo, com jma risada. Não havia talher algum sobre a mesa, apenas uma arma e várias balas ao lado, bem em frente a ela.
— Deve ser difícil… — O palhaço começou, jogando seu tronco para trás de braços cruzados, revelando os músculos fortes. — Fugir a vida inteira… Eu demorei muito tempo até encontrar todas as suas vidas, e eu sou um cara muito bom para encontrar as coisas.
Alanna engoliu em seco se lembrando das inúmeras identificações falsas que tinha carregado a vida inteira. O palhaço continuou, desta vez apoiando os cotovelos sobre a mesa.
— Você é boa em mais alguma coisa além de mentir e fugir?
O azul em sua mente foi pouco a pouco voltando ao roxo gosmento. Ela acenou com a cabeça em negação, pensando no que aconteceria se atirasse no palhaço a sua frente.
— Eu tenho uma proposta para você. — Ele disse, se levantando com um sorriso vibrante no rosto. As luzes ao redor se acenderam. Forçando-a a cobrir o rosto com as mãos. — Minha querida, olhe para mim enquanto falo. — Ele murmurou impaciente.
Ela ouviu o barulho do que supôs ser a cadeira tombando para trás e sentiu mãos calejadas segurarem, com certo cuidado as suas, afastando-as de seu rosto. Alanna abriu os olhos, seu coração preso na garganta. O palhaço, ajoelhado ao seu lado, sorriu com a boca vermelha, como sangue, se contorcendo. A primeira lágrima fugiu de seus olhos conforme sua respiração falhava.
— Oh, não, não chore. — Ele sussurrou. Alanna queria se afastar, queria fugir daquele toque suave. — Não chore, garota. — O pirata disse passando suas mãos dolorosamente quentes sobre seu rosto, limpando as lágrimas que insistiam em cair. — Estamos em um circo.
— Por favor… por favor, me deixe ir. — A garota choramingou, apertando com força o tecido leve do vestido.
— Não existe um bote no meu barco, garota. Não há como fugir. — Argumentou o pirata, segurando seu rosto com ambas as mãos, a forçando a olhar para ele. — Você está comigo agora. — Não era uma pergunta. Não havia outra escolha, não para ela. — Ouvi falar sobre sua pontaria. Por isso, você vai ser a minha atiradora a partir de hoje, querida.
O pirata se levantou pegando a arma sobre a mesa oferecendo-a para Alanna, com sorriso dourado em seus lábios avermelhados.
Alanna engoliu em seco, ela queria negar. Queria dizer que ele estava louco. Ela queria falar. Ela tinha tanto a falar, mas tão pouco ele tinha a ouvir. A garota inspirou profundamente. Ela sabia que seria errado concordar com isso e que, nas mãos dele, ela seria apenas uma arma. Mas ela sabia como era o gosto da morte e não queria ser o cadáver dessa vez.
A jovem estendeu a mão, segurando o cabo perolado da pistola. Era mais pesada do que ela imaginava e, considerando o estado que ela se encontrava, ela imaginou que não daria conta de suportar tranco da arma.
— Ótimo. — Disse o pirata, mais para si mesmo do que para ela. — Agora você pode me chamar de Capitão Buggy.
Buggy sorriu exibindo todos os dentes tortos e desta vez, ela não desviou o olhar.
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