6 anos antes
Sabe quando parece que o mundo todo está em câmera lenta? Pois bem,esse dia foi exatamente assim, minha mãe tinha combinado de sair com os Collins,a família vizinha,me arrumei toda contente na esperança de me divertir bastante,que irônia,os eventos me aguardavam grandes surpresas.
Pegamos estrada rumo a uma praia na cidade próxima,em 2 horas e meia chegamos. Minha mãe estendeu um pano sobre a areia pro meu irmão Alex de 4 anos, enquanto a Alice brincava com a filha dos vizinhos.
Resolvi catar pedrinhas na beira da praia, fiquei por ali observando as ondas,na minha inocência de criança deixei a mente voar, imaginando como seria ser uma sereia.Sua cauda longa, cabelos brilhosos,uma voz doce e cativante .
Despertei com os gritos a minha volta,meu pai correndo rumo a praia, minha mãe desesperada procurando o que fazer, menos minha irmã que retocava tranquilamente seu protetor solar.
Minha mente acelerou ao lembrar do meu irmão, olhei a uns 3 metros de mim,ele sacudia os braçinhos tentando se livrar da água que o puxava.Pela distância que estava consegui chegar mais depressa,a água já havia o puxado ainda mais,nadei assim como me ensinou o vovô,e consegui alcançar a perninha do Alex,mas o meu pé se enrolou em algo e não se soltava.
O desespero me atingiu, o que eu faria?! Gritei para que o pessoal me ajudasse,e logo braços me puxaram pra trás,meu pai pediu pra que eu chamasse os paramédicos, enquanto ele tirava um Alex já ofegante de dentro da água.
Levaram pro hospital mais próximo,em meio as lágrimas e inquietação no corredor, finalmente o médico que atendeu deu a notícia.
–O Filho de vocês,vai ter que ficar sob observação,um responsável fica os outros voltam pra casa.
Três dias se passaram e o médico não dizia nada,nem se havia melhora ou se agravado a situação. No dia 27/09 em uma manhã de domingo,recebemos a notícia.
–Sinto muito família Jones,o Alex injeriu muita água e como seu pulmão já estava frágil não aguentou.
Nem preciso dizer que o meu mundo parou naquele dia, piorou no velório, quando minha mãe mal me olhava.
Numa terça-feira antes de ir pra escola espiei pela porta da cozinha meus pais e minha irmã conversando como se eu nem existisse.
–Talvez se ela não vivesse no mundo da lua teria conseguido salvar ele a tempo.–Disse minha mãe.
–A Evelyn sempre é assim, só se preocupa com seu mundo imaginário.–Diz minha irmã.
Oi,como assim, não estou conseguindo entender essa conversa,ela que ficou passando protetor enquanto nosso irmão se afogava.
–Ah Não fale assim Carol,sua filha fez o que pôde.
–Não defenda ela Gabriel,você sabe que sua filha não ajuda em nada.
Nem escutei mais daquela conversa fui pra escola chorando,me recuso a ser culpada por algo que não fiz,dei o meu melhor.
A partir daquele dia escutava mais e mais coisas sobre mim, até meu pai já não me tratava igual.Fui perdendo a vontade de falar,mas mesmo assim conversava com algumas pessoas.
Até que um dia algo aconteceu e tudo mudou completamente.
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O silêncio de Evelyn Jones
Teen FictionTodos na cidade conheciam a família Jones. Impecáveis de postura, classe e bondade.Conheciam o belíssimo rosto de uma de suas filhas, sempre tão perfeita e exemplar. Só que ninguém conhecia Evelyn Jones ,uma garota de 17 anos que não fala desde os...