Cap. 4 - Advogados são teimosos

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A noite envolvia tudo em seu manto úmido e ventania, enquanto duas crianças trajadas como abóboras atravessavam a praça, seus passos bamboleantes contrastando com a seriedade da época. Nas vitrines das lojas, aranhas de papel decoravam as montras, todos os adereços baratos e kitsch dos trouxas, simbolizando um mundo em que eles não acreditavam mais. Harry seguia deslizando pelas ruas, seu senso de propósito e poder misturado com uma sensação de correção, algo que ele sempre experimentava nessas ocasiões. Não era raiva que o movia, pois isso era um sentimento para almas mais fracas. Era triunfo, sim. Ele esperara por este momento, desejara por ele.

"Bonita fantasia, moço!" um garoto comentou com um sorriso enquanto se aproximava.

Porém, o sorriso do menino vacilou quando chegou perto o suficiente para espiar sob o capuz da capa de Harry. Medo enevoou o rostinho pintado da criança. Ela deu meia-volta e fugiu correndo, evitando olhar para trás. Harry notou a reação, mas não se importou. Sob a capa, ele acariciou o cabo da varinha, mas não viu necessidade de agir, pelo menos não ali.

Caminhando por uma rua mais escura, ele logo avistou seu destino à vista, o Feitiço Fidelius havia sido desfeito recentemente, embora os moradores ainda não soubessem. Harry fez menos barulho do que as folhas mortas que esvoaçavam pela calçada quando se aproximou e espiou por cima de uma sebe escura.

Eles não haviam fechado as cortinas, então ele os viu claramente na pequena sala de visitas. Um homem alto com cabelos negros e óculos lançava pequenas baforadas de fumaça colorida de sua varinha para encantar o menininho de cabelos escuros vestindo um pijama azul. O garoto ria e tentava pegar a fumaça, tentando mantê-la em sua mão pequena.

Uma porta se abriu, e a mãe entrou, dizendo palavras que Harry não conseguia ouvir claramente, seus longos cabelos castanhos caindo sobre o rosto. O pai ergueu o filho do chão e o entregou à mãe. A criança estava radiante, e o pai jogou a varinha descuidadamente sobre o sofá antes de se espreguiçar e bocejar.

O portão rangeu um pouco quando ele o abriu, mas Tiago Potter não ouviu. Sua mão branca retirou a varinha de sob a capa e apontou-a para a porta, que se abriu com violência.

Harry já estava dentro quando Tiago chegou correndo ao hall. Era fácil, fácil demais. Ele nem precisou pegar a varinha.

"Lílian, pegue Harry e vá! É ele! Vá! Corra! Eu o atraso..."

Detê-lo sem uma varinha na mão! Harry riu antes de lançar a maldição.

"Avada Kedavra!"

O clarão verde inundou o hall apertado, iluminou o carrinho de bebê encostado à parede, fez os balaústres da escada brilharem como raios, e Tiago Potter caiu como uma marionete cujos cordões foram cortados.

Harry ouviu a mulher gritar no primeiro andar, encurralada, mas enquanto ele tivesse bom senso, ela, pelo menos, não teria nada a temer. Ele subiu as escadas, achando graça nos esforços que ela fazia para se entrincheirar, sem perceber o perigo real que estava em sua casa. Ela também não tinha uma varinha em mãos, como se as armas pudessem ser postas de lado, mesmo que apenas por instantes.

Ele arrombou a porta, afastando uma cadeira e caixas empilhadas com um simples aceno de varinha. Lá estava ela, com o filho nos braços. Ao vê-lo, Lílian largou o filho no berço atrás de si e abriu os braços, como se isso pudesse detê-lo, como se ocultando o filho ela pudesse ser escolhida como alvo.

"O Harry não, o Harry não, por favor, o Harry não!"

"Afaste-se, sua tola... afaste-se, agora..."

"Harry não, por favor, não, me leve, me mate no lugar dele...”

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⏰ Última atualização: Sep 14, 2023 ⏰

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Harry Potter e a Ruína das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora