Kingsley Shacklebolt, o Ministro da Magia, estava em um grande dilema. E tudo isso tinha nome e sobrenome, Harry Potter. O Ministro estava em seu escritório, uma sala ampla com uma mesa cumprida no canto esquerdo, onde ele estava segurando uma carta em suas mãos - a intimação mágica de Harry Potter para seu julgamento.
Era uma situação difícil, pois ele tinha profundo respeito por aquele jovem. Harry era corajoso, poderoso e leal, qualidades que Shacklebolt admirava. Desde o fim da guerra, ele vinha tentando recrutá-lo para o Esquadrão Auror do Ministério, embora soubesse que o garoto precisava de descanso. No entanto, após a morte do afilhado de Harry Potter, o dilema se agravou. Quando chegou a denúncia de que Harry havia submetido um bruxo à Maldição Cruciatus, uma das três Maldições Imperdoáveis, o Ministro não duvidou. Ele próprio tinha testemunhado Harry usar essa maldição durante a guerra.
Ele pegou a carta e se levantou. Entregar uma intimação daquele tipo a um amigo não era uma tarefa fácil, mas era seu dever como Ministro da Magia.
Ele sabia exatamente onde o jovem estaria: no Largo Grimmauld, a antiga sede da Ordem da Fênix.
Num instante, estava em frente àquela portinha preta. Fazia anos que não vinha para aquele lugar, mas a sensação de nostalgia era inevitável. Ele havia vivido muitas coisas ali durante a guerra, era quase como a Fortaleza do Lado da Luz.
O Ministro bateu três vezes na porta e se afastou alguns passos, esperando ser atendido, sentindo-se mais ansioso do que esperava. Entregar uma intimação a um amigo, que poderia resultar em prisão ou morte, era uma tarefa penosa.
"Ministro," o Elfo Doméstico Monstro abriu a porta e se curvou brevemente a Kingsley. O gesto de respeito o surpreendeu, pois Monstro nunca havia sido educado ou respeitoso antes. Por um momento, Kingsley ponderou sobre como Harry Potter havia mudado até mesmo o Elfo Rabugento dos Black.
Kingsley entrou na casa com um balançar de cabeça em agradecimento ao Elfo e caminhou até a sala, onde imaginava que Harry estaria. A cada passo, ele se surpreendia. A casa estava impecavelmente limpa, sem aqueles quadros e fotografias horríveis e gritantes. Era surpreendentemente habitável.
"Ministro Shacklebolt, estive esperando sua coruja ou sua visita. Demorou mais do que eu previ," Harry Potter declarou quando o Ministro entrou em sua sala.
Harry estava sentado em uma poltrona negra, com um copo de Whisky em sua mão esquerda e um cigarro na direita.
"Harry Potter, faz muito tempo desde que nos vimos..." Kingsley começou, mas logo percebeu que estava dizendo demais.
"Sim, fazem dois meses, no enterro do pequeno Teddy," Harry murmurou amargurado, dando um trago em seu cigarro. "Falando nisso, seus Aurores Inúteis encontraram alguma pista? Ou só servem para serem torturados por mim?" Ele esbravejou com raiva, lembrando-se do ocorrido com Dean Thomas, o Auror responsável pelas investigações da morte de Teddy Lupin.
Kingsley Shacklebolt engoliu a seco, Harry estava em péssimas condições. Bebendo Whisky às 10 da manhã e cheio de ódio. Era difícil de testemunhar, especialmente considerando o quanto ele admirava o jovem.
"Antes de qualquer coisa, você poderia me explicar o que aconteceu dois dias atrás entre você e Dean Thomas?" O Ministro pediu, tentando entender o ocorrido. Dean Thomas alegou que estava na Casa Potter para dar informações a Gina Weasley sobre as investigações, mas Harry, ao ouvir o relatório, torturou-o antes de fugir. Kingsley não queria acreditar que Harry havia se tornado tão cruel.
"Ao invés de fazer o maldito trabalho dele, procurando os desgraçados que mataram meu afilhado, ele está ocupado com minha namorada," Harry disse com um toque de frieza em sua voz. "Como Hermione mencionou, Ministro, errei a maldição. Deveria tê-lo matado." A voz de Harry saiu tão fria que fez a espinha de Kingsley gelar.
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Harry Potter e a Ruína das Trevas
FanfictionUm Harry Potter quebrado após a guerra, depois de perder todo mundo, seria alguém normal para se encaixar na sociedade. Será que alguém tão quebrado, poderia se tornar alguém pior do que aquele que lutou sua vida inteira para derrotar?