INSUPORTÁVEIS

A PRIMEIRA VEZ É DIFÍCIL

— Hoje alguém foi até a minha casa e tocou a companhia. — Hamn se jogou na grama, cansado, onde estava Pietro DoValle, Ferdinino Becker e Pablo Leche, seus amigos — e depois fez um trote.

— Isso me lembra as idéias de alguém. — disse Pietro, ficando de lado, com os cabelos castanhos cheios de folhagem da grama, encarando Hamn, Nino e Pablo, que estavam deitados à sua frente. — Bem-vindo, Hamn. — e deu uma piscadela.

— Quem? — perguntou Nino, tirando os fones de ouvido, interessado na conversa.

— Ele não está aqui. — respondeu Pablo, que não tirou as páginas do pequeno exemplar de orgulho e preconceito de vista. — Cerda, te torturou muito, Hamn?

Hamn riu.

— Não acho que tenha sido, Max, Pietro. — disse. — E, sim, cheguei atrasado e Cerda não me poupou.

— Ah! — Nino respondeu decepcionado. — Não foi ele, passei a manhã na casa dele.

Pietro franziu o rosto ao olhar para Nino. Pablo viu uma interrogação se formar no rosto de Pietro, mas ele também tinha interesse nesse assunto, e encarou Nino por cima do livro.

— Eles querem saber o que você foi fazer na casa dele, Nino — disse Hamn, com os olhos fechados, por causa do sol.

— Ele precisava de minha ajuda em uma disciplina. — respondeu.

Pietro revirou os olhos e Pablo arqueou as sobrancelhas para Nino e soltou um risinho, fechando o livro.

— Não chegue atrasado, Nino. Cerda não tem uma boa fama no campus e ele não entende seu processo e o que você passou no último ano. — Aconselhou Pablo, tirando as folhagens de grama do cabelo de Nino.

Hamn lembrou que Pablo cursa psicologia.

— Não com todo mundo — Pietro foi logo dizendo. — Max foi...

— E onde ele está mesmo? — Hamn questionou, interrompendo a fala de Pietro.

— Disse que ia para a biblioteca, estudar. — respondeu Nino.

— Estudando? — Pietro riu. — Ele deve estar dando em cima da Renata, a biblioteconomista.

— O que vocês estão falando? — falou Max, numa voz não muito animada, pegando todos de surpresa.

Hamn abriu os olhos.

— Nada! — respondeu Pietro, rapidamente.

— Nada? — questionou Max.

— Não, é que eles estavam perguntado se — disse Nino.

— Estávamos falando sobre o trote que fizeram com o Hamn hoje cedo. — se intrometeu Pietro, se sentia bem por ter controlado a situação. — Por acaso sabe alguma coisa sobre isso?

Todos olharam para Max, que não disse nada.

— Vocês receberam um convite hoje? — questionou Max, se jogando na grama, ao lado de Hamn e lhe dando um abraço. — Bem-vindo, Shakespeare.

— De quê? — respondeu Hamn, que lançou um olhar semi aberto para Max, por causa do sol.

Pietro encarou Max, esperando a resposta, enquanto Nino e Pablo, fingiam ler e ouvir música.

— Não, nada. — disse por fim. — Acho que mandaram para o endereço errado.

Max fechou os olhos por alguns minutos, pensativo e depois se levantou, tirando a grama da sua calça moletom.

— Eu tenho que ir. — se despediu. — Tenho aula agora. Podemos nos ver hoje a noite, às 18h, na casa de Pietro? Soube que a piscina finalmente ficou pronta e eu estou louco para tomar um banho.

— Por favooooooooor! —Suplicou Nino. — Estou exausto e são apenas 16h. Preciso relaxar.

Pietro lembrou que tinha um jantar às 21h, com sua família, mas não disse nada pois teria tempo e não tinha nada para fazer quando chegasse em casa, já que adiantou todas as suas atividades da graduação dupla que faz em Direito e Administração.

Pietro lançou um sorriso amarelo para Max.

— 18h. Traga vinho, de preferência branco.

Max sorriu, se despediu e deu as costas, indo em direção ao caminho para o bloco L.

— Eu não tenho sunga. — disse Pablo, decepcionado.

— Sério? — perguntou Nino, surpreso.

— Não temos piscina lá em casa. — respondeu Pablo.

— Quer ir comprar uma? Eu tenho tempo agora. — perguntou Nino.

— Você não vai? — Pablo franziu a testa.

— Ã? — disse Nino, sem entender, se apoiando com os braços na grama e encarando Pablo, e só agora tinha notado que ele usava uma camiseta do The Smiths, sua banda favorita.

— Para aula. — se intrometeu Pietro. — Max disse que tinha aula agora, vocês fazem Filosofia juntos, lembra?

— Não, eu não tenho aula agora. — retrucou Nino, que se levantou e puxou Pablo pelos braços para se levantar. — Vocês vêm?

Pietro balançou a cabeça em negativa e quando ele olhou para Hamn, ele estava dormindo.

— Eu vou ficar aqui com ele, depois a gente se encontra mais tarde. — respondeu Pietro.

Pablo e Nino se despediram e foram embora.