UM CLARKEÉ MELHOR QUE DOIS CLARKE

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Era quase meio-dia, quando Hamn Clarke acordou, o motivo era o ding-dong da companhia incessante de sua casa. Depois de rolar na cama estressado com o barulho, Hamn percebeu que só ele estava em casa.

— Já vai! Já vai! — gritou, enquanto vestia uma samba canção.

A companhia não parou. Saiu do quarto furioso, e desceu as escadas sem se preocupar com a opinião a respeito dos par de meias horrendo que ele usava, que ganhou do seu irmão, Iván Clarke, no natal passado, e da camiseta cinza com mangas azuis com o nome escrito Looney Tunes e o rosto do Pernalonga.

Ele atravessou a cozinha e abriu a porta. Não havia ninguém.

Olhou para a esquerda, nada, além dos arbustos e da saída. Alguém muito ocupado tinha tirado o dia para zoar ele, mas antes que pudesse xingar, o telefone fixo da cozinha tocou e ele foi atender.

— Alô? — disse e ninguém respondeu.

Alô-ô? — tentou novamente e só conseguiu ouvir uma respiração. — Escute aqui, se você acha que pode...

Antes de terminar de falar, a ligação finalizou. Mais que desgraçado.

Quando estava próximo da escada, o telefone tocou novamente e Hamn ignorou, revirando os olhos e voltando para o quarto, babaca.

Hamn saiu do conversível de Iván mal humorado, assim que encontraram uma vaga, eles tinham ficado presos no trânsito e fazia dez minutos que procuravam uma vaga no estacionamento. Iván tinha insistido para deixá-lo e Hamn tinha aceitado, mas se tivesse pegado o ônibus, pensou ele, não estaria atrasado.

Fazia quarenta minutos que sua aula tinha começado e era o seu primeiro dia. Enquanto Hamn andava em direção a saída do estacionamento, que pelo horário estava sem ninguém e com vários carros.

Os olhos de Iván sobressaíram seus óculos trap hype e não estava acreditando que Hamn iria mesmo assistir aula, com aquela roupa.

A família Clarke era dona de uma dúzia de lojas de roupas masculinas no estado, a Clomes, e para Iván, que seria o próximo a administrar os negócios, precisavam manter uma boa aparência e investia muito nisso, menos seu irmão, que parecia não se importar.

Os irmãos Clarke eram opostos um do outro, enquanto Iván preferia rock, viagens, esportes, jantares em família — trazia sua namorada, Mônica, todas as sextas para jantar com os Clarkes, Hamn, curtia música clássica, literatura, fast food, ficar em casa e não jantar com os Clarkes nas sextas-feiras a noite e essa diferença se refletia naquela manhã, enquanto Iván usava uma roupa social, camiseta azul clara e uma calça cinza, e tinha um topete bem penteado, Hamn optou por uma camiseta grande roxa, uma calça jeans e uma , e seu cabelo estava curto, pintado de cinza com roxo.

Quando estava perto de sair do estacionamento, Hamn parou, e sem olhar, deu o dedo para Iván, percebendo que ele estava julgando sua roupa. Segundos depois, ouviu o carro saindo do estacionamento.

Era o seu primeiro período no curso de Língua Portuguesa e Estudos Literários na Universidade de Houve e ele estava animado para rever seus amigos, que não via mais com tanta frequência, depois que entraram na universidade. Seus amigos estavam a dois períodos à frente dele, isso porque durante o exame de seleção para ingresso na graduação um ano atrás, Hamn teve um ataque ansioso durante a prova e precisou ser levado ao hospital, perdendo a oportunidade de entrar na universidade naquele ano.

Hamn parou em frente a uma placa, que contém o mapa do campus.

A Universidade de Houve era dividida em blocos de A a Z, com numerações, e as aulas do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes — CCHLA, ocorriam nos blocos K, L e M.

INSUPORTÁVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora