Arriving Somewhere But Not Here - Capítulo 1

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"Buyout"

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"Buyout".

Certas coisas acontecem a todo o momento e ninguém vê, curioso, não? Buyout é quando alguém, geralmente uma pessoa estupidamente poderosa, decide comprar a maioria de uma coisa e – eu sei que você não gosta quando eu coloco números na história – geralmente não é algo simples, leve, calmo. Igual uma explosão de uma bomba atômica, milhares de compras, de aquisições e tomadas de posse acontecem sincronizadas como um relógio suíço. Nada pode ficar fora do lugar ou no tempo errado se não, tudo desmorona. Hoje o Japão está passando por uma das maiores crises financeiras, o que o mundo chama de " A Crise dos Tigres Asiáticos" e, cá entre nós, podemos dizer com muita tranquilidade que algo está acontecendo aqui.

Algo com as pessoas, um espírito, um tsunami, ou melhor, um buyout.

Uma tomada de posse, expropriação dos sentidos, dos ânimos, das vidas. Alguém está – por baixo dos panos, é claro – sequestrando alguma coisa de todas as pessoas aqui e ninguém está vendo, com a exceção de justamente eu, e você por consequência. Mas é claro que eu não vou falar pra eles.

– Joichi Ginturo, 17 anos, correto? – Disse um engravatado idoso cuja pele, velha, reside poeticamente manchada, como uma pintura abstrata que reluz sob a lâmpada fluorescente desse cubículo em que estamos. – Vejo aqui que você estuda matemática abstrata na universidade de Tokyo, é isso mesmo?

– Correto, senhor.

– Ei, Tojo, por que a gente 'tá entrevistando um moleque desses pra uma vaga de estágio, hein? Deixa isso pros meninos do RH ou coisa assim, você é o dono dessa empresa, pra que se dar o trabalho? – Indagou um outro senhor, um pouco mais jovem, estalando a língua. Ele era um pouco mais forte, vermelho como um bufão e claramente embriagado pelo pequeno poder que detinha naquele lugar, a única explicação para o desprezo constante.

– Foi a o que, 1 ano atrás? – Disse o senhor, puxando de sua mesa de carvalho escuro um pedaço de papel. – Por volta disso. Este jovem aqui me mandou uma carta escrito: "Uma crise vai acontecer por causa da bolha na economia, ações na bolsa muito voláteis vão cair 17%, empresas grandes, 9%. Não confie em seguros. Se isso acontecer, você me deve um estágio.". Acho que você imagina o que aconteceu depois, Welt. Você confirma que essa assinatura é sua?

– Sim, senhor, a carta é minha.

– E você acreditou numa coisa dessas? – Perguntou o senhor Welt.

– Lógico que não, por isso perdemos 2 bilhões de uma noite pra outra. – Levantando-se com muita dificuldade, sr. Tojo anda calmamente até uma prateleira. – Essa carta estava perdida aqui no meio dos meus livros e, curiosamente, ontem eu a achei e pedi a srta. Nakima para ligar no número escrito aqui. E olha só, estamos aqui agora, um olhando para o outro, e... eu 'tô me perguntando por que caralhos um garoto de 17 anos ganhou mais dinheiro que eu.

O silêncio invade o local e a sensação de ouvir meus próprios batimentos só acelera a ansiedade e fobia social galopante. Eu não queria estar aqui, merda, eu nunca quis nada disso.

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