Pérolas de Sangue- Prólogo

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O brilho dourado da luz do sol se estendia sobre a tranquila paisagem diurna, ainda mergulhada no manto do sono.

Nos aposentos adornados com uma meticulosidade extravagante de um castelo no sul da Estíria, a Condessa, figura central e símbolo de refinamento da honra e imponência que carrega seu nome, repousava em seu leito de ébano e brocados exuberantes, como um jasmim de delicadas pétalas palidas e corações vibrantes. O indicador do tempo teimava em marcar as horas e anunciava sua chegada inexorável, enquanto a Condessa, envolta em uma aura de mistério, mergulhava em um sono profundo e sem igual.

Em meio à penumbra que reinava no ambiente, o retinir de passos sutis despertava um mundo de silêncio, chamando a atenção para o iminente despertar da nobre dama. A forma altiva e atenta de uma criada, pertencente à servidão, era demonstração de obediência e respeito diante da presença magnética da Condessa, cuja importância social transbordava dos limites do próprio castelo.

Com um toque suave e reverente, a criada se aproximou do leito, seu olhar refletindo a responsabilidade de sua função. Com movimentos harmônicos e precisos, trouxe a presença onírica da Condessa de volta à realidade, sua voz embargada por anos de serviço fiel ecoando como uma carícia no ambiente. A Condessa, lentamente, abriu os olhos, revelando dois orbes de um verde intenso que guardavam vestígios de indagação e um brilho insaciável pela vida.

A criada, com sua leve inclinação, anunciou o alvorecer eminente e as obrigações a ela inerentes, trazendo uma colcha de silenciosa etiqueta para cobri-la, protegendo-a do arvorecer fresco e nostálgico. A Condessa, erguendo-se com uma dignidade imutável, emoldurada por seus trajes de veludo escuro e rendas delicadas, revelava uma figura senhorial, imersa em uma aura transcendental de imponência e elegância.

Assim, a Condessa emergia das brumas do sono, pronta para enfrentar os desafios que a aguardavam. Sua criada, humilde e devota, era apenas um fio na teia de complexidade que envolvia sua existência, uma figura secundária, mas essencial, em sua jornada através dos séculos.

O sol começava a infiltrar-se delicadamente pelas cortinas de seda. Ao seu lado, um relógio de pé anunciava com refinado som o início de mais uma manhã, nesse aposento principesco, onde a luz resplandecente se encontrava com o esplendor da opulência.

Com um suspiro gracioso, a condessa ergueu-se da cama adornada com lençóis de renda e seda, suas madeixas loiras caindo delicadamente em cascata pelos ombros. Os primeiros raios de luz, como acólitos humildes, beijavam sua pele pálida e iluminavam suas vestes.

A condessa caminhou com elegância em direção a seu guarda-roupa, repleto de vestidos exquisitos e acessórios de valor inestimável. Com a ajuda de sua criada, selecionou habilmente uma vestimenta que exaltava ainda mais sua figura aristocrática e encantadora. A cada movimento, cada fecho cuidadosamente apertado, o ar de autoridade e sofisticação se intensificava ao seu redor.

Enquanto a criada a auxiliava a adornar-se, a Condessa deixava escapar palavras repletas de tradição e um toque de nostalgia de uma era passada. Com uma voz suave e melodiosa, ela revelava histórias pitorescas de eventos corteses e momentos gloriosos de seu clã ancestral.

Assim, envolta em uma aura de distinção e cultura, a Condessa de Estíria estava pronta para enfrentar seus afazeres diários com toda a dignidade e magnanimidade que lhe eram esperadas. Com uma última reverência graciosa de sua criada, ela deixou seu quarto, fluindo pelos corredores com uma postura impecável e um sorriso gentil, como uma verdadeira condessa vitoriana a deixar sua marca indelével em tempos mais modernos.

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