Visões ?

699 58 18
                                    

(Sarah Pov's)

Aquela plateia inteira me olhando, não somente a mim, estava rodeada com meus colegas de classe, mas todos aqueles olhares, não me deixavam assustada, me deixavam ansiosa.
Um olhar nunca mais me trouxe algum sentimento profundo depois que eu mergulhei nos olhos dele.

Respira....
Solta o ar devagar pela boca
Inspira por oito segundos.
Solta o ar
Inspira
Solta o ar
Inspira.

Meus olhos percorreram todo o teatro, até encontrar aqueles olhos, talvez a ansiedade esteja me deixando louca, estou alucinando.
Ele estava ali, Samuel Borussi, com uma camiseta preta, de gola alta e mangas longas, uma calça alfaiataria masculina preta, todo de preto, com os braços cruzados e em pé.
Engoli em seco, meus lábios ficaram ressecados, pisquei diversas vezes e cocei meus olhos.

Eu não posso enlouquecer, já fazem quatro anos.
Do nada eu vou alucinar? depois de quatro anos??
Eu queria sair dali, ir até ele, e se não fosse real, correr para um psiquiatra, não podia ser real.

Corri para trás das cortinas, sem dar explicações, e mandei mensagem para giovanna.

"Olhe para cima, atrás, perto da porta, vê algo?" - digitei tremendo, as mãos suadas, arranquei aquele chapéu idiota da cabeça

Giovanna começou a digitar, pareceu demorar um século.

"Estamos ficando loucas juntas??? Ou é alguém muito parecido com samuel...."

Desliguei o celular, eu tinha que ir até essa pessoa, talvez minha visão estivesse turva, ou a iluminação não era boa.
Sai desesperada quase pisando em todo mundo, em direção a porta.
Assim que cheguei, quase não conseguia ver nada, estava muito escuro ali.

Sarah: com licença - toquei em seu braço

Segurança: quer sair senhorita?

Me assustei, não era ele....

Sarah: sim...por favor

Estou louca, o segurança abriu a porta e eu saí suando frio.

Samuel: e sua apresentação?

Virei pra trás e quase cai, minha respiração estava totalmente desregulada e estava com os olhos arregalados, como se estivesse vendo um espírito, talvez esteja mesmo!

Samuel riu, o espírito riu!
Espíritos podem rir?

Sarah: eu estou ficando louca - tapei os olhos - isso é só coisa da minha cabeça, coisa da minha cabeça

Senti ele me tocar e recuei, tirando as mãos dos olhos.

Samuel: eu posso me explicar?

Ele não mudou nada.....comecei a ficar tonta e minha visão ficou preta.

...

Acordei, estava sentada na enfermaria, a primeira pessoa que eu vi foi giovanna.

Sarah: eu tive um sonho louco - me sentei meio tonta

Giovanna: deixa eu adivinhar, o samuel estava no meio?

Sarah: sim! foi péssimo, pareceu tão real

Giovanna: porque foi

Sarah: ta alucinando junto comigo?

Giovanna: ele forjou a morte pra gente, disse que queria te proteger, organizou o próprio enterro e passou esses 4 anos na Islândia!

Sarah: é muita informação - falei sem ar - eu chorei quase dois anos!

Giovanna: eu lembroooo! ele tá la fora, com a Maia....

Sarah: ele...ele não mudou nada - respirei fundo - por que ele decidiu voltar do nada? por que não me avisou nada? eu poderia ter ajudado....

Giovanna: calma sarah, não surta, você vai desmaiar de novo

Depois de quatro anos, ver ele de novo, mais lindo, vivo e com aqueles olhos sufocantes....é surreal, até alguns minutos atrás ele estava morto pra mim, uma memória do passado, que agora se faz presente.

Quando consegui processar um pouco daquilo, me levantei e sai da enfermaria, ele estava brincando com Maia, ela não parava de rir e abraça-lo.

Giovanna: maia, vem cá, vamos dar um tempinho para os titios conversarem - ela segurou maia e saiu rindo

Engoli em seco.

Sarah: por que não pediu minha ajuda?

Samuel: nunca precisei, sei me virar sozinho

Sarah: chorei por dois anos, quis morrer todos os dias, fui pra terapia até um dia desses, você simplesmente enjoou de mim e quis ir morar em outro país?! Era só ter me avisado

Samuel: eu não enjoei de você! eu quis te proteger sarah, mais pessoas como aquelas que te sequestraram do nada estavam aparecendo, era um risco você perto de mim

Sarah: porra samuel, eu teria compreendido se tivesse me falado, mas você simplesmente fingiu que morreu e me deixou igual uma otaria!

Ele recuou, meio irritado, nervoso, não soube distinguir.

Samuel: me....me desculpa, só não quis correr o risco

Meus olhos estavam marejados, fui em direção a samuel e abracei ele, fiz o que eu tanto queria ter feito em quatro anos, lembrei do seu toque, dos seus olhos, do seu tom de voz, do seu cheiro.
Mas ainda me senti traída.

Não soube dizer oque eu senti, estava com raiva dele, mas só queria estar perto dele, talvez o medo de perdê-lo novamente me assombrasse.
Me assombra muito, muito mesmo.
Eu tinha 16 anos, e pra mim, naquele tempo, Samuel era TUDO.
Foi a primeira pessoa que me entreguei por inteira, ele agiu de maneira erronia.

...

Larguei o primeiro dia de aula e samuel foi pra minha casa.

Sarah: por que só 1%?

Samuel: porque 99% é meu - ele riu - brincadeira, tudo que é meu é seu

Sarah: samuel, vê se cresce

Samuel: olha quem fala, a pirralha

EU ODEIO QUANDO ELE ME CHAMA ASSIM.
EU SEMPRE ODIEI.

Sarah: vai se ferrar

Ele riu, estava de divertindo

Samuel: olha sarah, talvez um dia você me entenda... - ele respirou fundo

Sarah: talvez - desviei o olhar

...

Chegamos na minha casa, samuel parecia super confortável, se jogou no meu sofá.

Celine: senhor samuel, ouvi muito sobre você.... - ela disse desconfiada

Sarah: esse babaca celine, forjou a própria morte!

Ela arregalou os olhos, e riu, ELA RIU, ELE TAMBÉM RIU.
Eu não sei de estou muito puta com isso porque estou de tpm, ouu se é porque isso é realmente uma loucura.

Me sentei ao lado dele meio irritada, eu estava feliz porque ele estava vivo, mas irritada porque ele mentiu.

Samuel: vai ficar nessa? - ele me olhou

Sarah: só estou tentando encaixar tudo, tá bom?

Ele sorriu....
Me lembrei do sentimento, toda vez que ele sorria, sentia algo indescritível por aquele sorriso.
Samuel percebeu minha "quedinha" e me puxou, me beijando, me fazendo ficar por cima dele no sofá.

Eu não recuei, por 4 anos eu só queria lembrar do seu beijo.
Se eu estiver sonhando, não me acordem.

O.P FLOR 3 - BOPEOnde histórias criam vida. Descubra agora