Primavera - Tratie

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Por que tão idiota, Travis?
Por que me deixou aqui?
Tantas lembranças, tantas emoções.
E você não teve a capacidade de me dizer o porquê.
Me diga, Travis, foi porque eu comi todo o pudim? Ou porque esqueci de limpar o quintal?
Foi porque briguei com você aquele dia? Ou talvez seja porque não sou boa o suficiente.
É isso, Trav? É essa a razão? Encontrou pessoa melhor que eu?
Deve ter encontrado, já que foi embora tão rápido quanto um piscar de olhos.
Eu juro que tento te esquecer, mas não dá certo. A cicatriz que fez no meu coração tá muito recente e profunda pra curar assim.
Diga, Travis, eu te dei motivo para ir? Faltou amor na nossa relação? Eu acho que não, porque você nunca reclamou de nada. Mas mesmo assim você fez o que fez.
Nós éramos tão felizes. Ou ao menos, eu achava que éramos.
Eu só quero um motivo que me convença de fazer o que me pediu. Apenas um bom motivo. Porque devo te encontrar no mesmo lugar que nos conhecemos?
-Katie Gardner

Isso era o que estava escrito na carta que Katie mandaria a seu ex-marido e companheiro, Travis Stoll.
A relação antiga deles não estava boa desde que Travis começara a sair e voltar mais tarde do que o normal do trabalho. Katie, curiosa que só ela, decidiu o seguir um dia. Mas o que viu foi de quebrar o coração de qualquer uma.
Drew Tanaka, colega de seu Acampamento de garota, estava lá com ele. Se abraçando num restaurante chiquérrimo com seu marido.
Gardner, como qualquer pessoa acharia, acusou-o de tê-la traído. Foram rios de lágrimas e alguns gritos da parte dela que a fizeram mandá-lo embora. Então, a culpa de sua partida não era necessariamente de Travis Stoll. Foi Katie que o expulsou. E se arrependia disso durante todos os três meses que passara longe dele. Claro, tinha motivos, mas deveria ter dado uma chance para escutá-lo.
O estranho foi que, um mês antes de completarem os cinco anos que eram para ter de casados, uma carta chegou a porta da casa de Katie. A mesma continha poucas palavras, mas um significado enorme que a filha de Deméter só entenderia bem depois. Estava apenas escrito: "Encontre-me no lugar que nos conhecemos, à meia-noite do primeiro dia da primavera. Com amor, Travis Stoll". Bem simples, não?
A garota até tentou entender o motivo, mas não conseguiu. Por que, depois de tanto tempo, ele resolvera voltar? Finalmente ele iria se explicar? Havia tantas perguntas a serem respondidas ainda.
Na mesma hora que terminara de ler a carta, chamou Miranda para sua casa. Sua irmã apenas disse para escrever uma como retorno, para ele entender como ela se sentia. Então, ela se pôs a escrever. Não tinha ficado a melhor carta que já escrevera, mas dava para o gasto.
Enviou-a e, ao contrário do que imaginava, recebeu a resposta por SMS.
"Você só saberá o motivo se vier aqui, apenas confie em mim."
Confiar nele? Como? Ele já a abandonara, ela perdera uma parcela de confiança que tinha nele. Mas, resolveu deixar para lá. Só iria pela curiosidade, não porque confiava nele. Ao menos, ela mentia para si mesma que não confiava.
E lá estava ela. Arrumada e pronta para encontrar o idiota que a deixou.
Miranda fizera questão de escolher a roupa que usaria. Não que ela tivera feito um escândalo por não saber com o que ir, pfft, não mesmo.
Pegou as chaves de casa e, ao sair, deparou-se com uma limousine estacionada na frente do portãozinho semi-enferrujado da sua moradia. Estranhou mais ainda quando percebeu que era Argos que estava dirigindo. Há quanto tempo não visitava o Acampamento? Perdera até as contas.
De instinto, entrara no luxuoso carro e fora surpreendida por uma legião de semideusas. A maioria era sua conhecida de antigos verões. A saudade bateu e ela quase derramou uma lágrima, mas se manteve firme porque sabia que aquilo tudo tinha a ver com Travis.

- Okay, quero explicações. -ela disse, cruzando os braços em seguida.

A primeira a se manifestar foi Piper:

-Bom, querida Katie, recebemos pedidos de que não poderíamos dizer nada do que está rolando no momento então, por favor, nos deixe cuidar de você, estamos quase atrasadas.

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