Luto Gray Skye (CONCLUÍDA)

12 Acendendo esta chama fervorosa

Frio.

Um frio cru, cortante e de arrepiar os ossos.

Invasivo e afiado.

Perfurante.

Hostil.

Longos tentáculos árticos tomaram conta de Harry, enrolando-se em torno de seu corpo e espírito. Eles torceram e apertaram, arrancando sua mente semiconsciente das profundezas do nada e mergulhando-o em uma lucidez angustiante. Era como se todo o seu corpo estivesse submerso em um abismo gelado. Sua carne queimava e formigava com uma dor intensa e torturante, por dentro e por fora, o frio vingativo como mil agulhas penetrando em sua pele.

O pânico tomou conta dele. Algo estava muito, muito errado. Não era para estar tão frio...

Um frio cortante, penetrante e sufocante.

Ele estava se afogando no frio.

Um arrepio violento percorreu-o no momento em que uma respiração gélida passou por sua garganta apertada para escapar de seu amargo inferno. Seus pulmões se abriram dolorosamente, inspirando em resposta uma respiração desesperada e irregular. O ar quente e vital congelou no momento em que o encheu, transformando-se em vapor gelado que era glacial o suficiente para entorpecer a carne em um instante.

"...tem pulso agora e está respirando sozinho, Alvo. Sua contra-maldição... acho que está funcionando!"

De repente, o frio mudou, transformando-se em um calor abrasador e abrasador. Consumiu-o como chamas insaciáveis, como metal incandescente pressionado contra carne crua. O fogo diabólico interior atacou cada nervo de seu corpo, surgindo através dele como o próprio sangue correndo em suas veias. Com cada batimento frenético e errático de seu coração, o demônio incendiário se debatia no ritmo perfeito com seu pulso, uma cadência de agonia distorcida e impulsionadora.

Harry tentou gritar, colocando toda a sua energia para fazer com que sua voz entregasse seu apelo desesperado, mas nenhum som saiu. Seus lábios permaneceram selados, os olhos bem fechados.

"Espere... algo está errado. O coração dele está acelerado. Se isso continuar, Alvo, ele terá uma parada cardíaca!"

Vozes.

Vozes abafadas e distorcidas, como se viajassem através de uma tempestade torrencial ou de uma vasta imersão em água. Eles pareciam em pânico e com medo. Desesperado.

Harry tentou virar a cabeça em direção aos sons urgentes, mas seu corpo desobedeceu a todos os seus comandos. E ainda assim o calor implacável subia através dele, escaldando sua pele e queimando suas entranhas, devorando-o com uma potência excruciante.

"Poppy, onde está o professor Gazzoni?"

"Eu já enviei Horace para resgatá-lo, Albus. Eles devem estar aqui a qualquer-"

"Estou aqui! Estou aqui... qual foi a maldição? Com o que ele foi atingido?"

Mais uma vez, Harry tentou alcançar as vozes. Eles estavam mais próximos agora, mais altos, mais distintos. Mas todos os seus esforços para se mover... para chorar... para gritar... só pareciam aumentar seu tormento físico. A dor ardente dentro dele continuou a se intensificar, paralisando-o com pontadas de dor agudas e penetrantes, destruindo seus membros, seu peito, sua cabeça, em todos os lugares, com sua interminável tortura rítmica.

Pulsante.

Vibrando.

Latejante.

Rasgando.

Cada nervo ardia com picos ferozes de dor insuportável, meticulosa e cegante.

"Foi uma maldição paralisante, Daniel. Basicamente, desligou todo o seu sistema nervoso. Albus conseguiu restaurar a maior parte de sua função cerebral, mas ele não está reagindo bem. Ele pode realmente estar sentindo muita dor... e seu coração. .."