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Adeline estava concentrada em fechar o malão do sobrinho, que corria atrás de seu sapo de estimação. Era 1 de setembro e Neville havia, finalmente, chego a idade de ir para Hogwarts, assim como havia acontecido com a tia, com o pai e a mãe, a avó e tantos outros da família.

Embora fosse comum a euforia com a data, Neville estava muito mais tímido e nervoso. Adeline, que estava aproveitando as próprias férias com o sobrinho, percebia seu receio e como o mais novo tentava se esconder da avó. Não foi difícil para Adel descobrir o motivo da fugas do sobrinho.

Augusta Longbottom poderia ser até mesmo cruel com o neto. Era uma mulher já mais velha, com diversas cicatrizes e que, por algum motivo, parecia tentar diminuir o neto. É claro, como filha de Augusta, Adeline entendia os motivos da mãe, embora não concordasse com as atitudes. A mais velha só queria proteger Neville, dar a ele toda a segurança que não pode dar ao filho e a nora, que não eram mais os mesmos.

De todo modo, era uma data importante para o Longbottom mais jovem e Adeline queria que ele se sentisse importante e especial. Talvez, por esse motivo, havia saído com ele na tarde anterior, aproveitando o pouco calor que Londres dispunha. Os dois saíram em busca de uma sorveteria, mas cortaram caminho em direção ao St. Mungus, o hospital do mundo mágico que se localiza em Londres, onde Adeline deixou que o sobrinho ficasse por algumas horas na companhia dos pais, apenas para que o garoto pudesse ter em sua memória os rostos das pessoas que não poderiam enviar cartas ao filho.

Nem a avó ou a tia haviam mentindo para Neville sobre os pais. Quando o garoto questionou o motivo de não ter um pai e uma mãe como as outras crianças, mas uma tia e uma avó, Augusta lhe contou sobre os pais. Contou que pessoas cruéis haviam machucado muito e de forma irreversível Alice e Frank. As visitas, a partir disso, se tornaram mais frequentes e doloridas, afinal, o garoto passou a entender que os pais nunca melhorariam. Quando questionou sobre os responsáveis, Adeline foi direta ao dar-lhe os nomes. Bellatrix e Rodolphus Lestrange.

Não era preciso contar milhares de coisas, nem mesmo descrever o que havia acontecido. Neville sabia que não mudaria, sabia sobre os responsáveis e isso bastava. Ele queria a verdade e Augusta e Adeline nunca esconderiam isso dele.

A tarde com os pais antes do embarque, percebeu Adel, foi revigorante para o sobrinho. Depois dos sorvetes, os dois voltaram para a casa dos Longbottom rindo baixo e fazendo piadas. Nesses momentos ocorria a mais velha que nunca mais poderia ouvir a risada engasgada de Frank após tornar os cabelos da esposa purpura por acidente. Mesmo que a risada de Neville fosse parecida, não era igual e, nesses mesmos momentos, Adeline Longbottom se amaldiçoava por querer comparar uma criança com o irmão. Neville não era uma cópia do pai ou da mãe, era ele mesmo e merecia ser amado por quem era.

Depois de fechar o malão, Adel ajudou Neville a guardar o sapo em sua gaiola e seguiu com o menor para o lado de fora da casa. A "Mansão" Longbottom era simples se comparada as outras mansões de famílias puro sangue. Embora a senhora da casa se vestisse de modo pomposo, a residência nãoera  cheia de luxos ou riquezas, era simples, minimalista. Emboroa, é claro, a cozinha tivesse paredes adornadas de xícaras de chá das mais diversas porcelanas. Era, afinal, uma casa bonita e antiga, em meio a Londres trouxa. Para se locomoverem dentro da cidade, precisavam andar o mais discretamente possível, sem todos os chamarizes dos bruxos. Assim, Adeline havia feito o teste para tirar a habilitação trouxa e dirigia para a avó e o sobrinho, como fazia agora, os levando até a estação King's Cross, para o embarque no Espresso de Hogwarts.

- Tia Adel? - Neville tinha bochechas fartas, o cabelo castanho claros quase loiro, olhos brilhantes e uma voz baixinha, quase inaudível. - A-acha que eu vou me sair bem?

Neville questionou quando chegaram a estação. Adeline parou de andar, vendo a mãe atravessar a barreira que levava os bruxos para a plataforma 9 ¾. Deixou o malão do mais novo no chão e se abaixou um pouco, olhando nos olhos do sobrinho.

Sweet DarknessOnde histórias criam vida. Descubra agora