ANNA
ALGUNS DIAS DEPOIS...- Qual é a questão mesmo com o João? - perguntei a Dom no café da manhã daquele dia. - César comentou por alto que ele havia aprontando alguma coisa.
- Ele começou uma polêmica que pode atrapalhar meus planos em Cravos.
- Que polêmica?
- Os aliados de Soren, já tem um tempo, ameaçam a vida de Inácio. O homem que João libertou costumava ser um deles.
- Mas você sabe acabar com um boato.
- Costumo saber, mas as coisas em Cravos são complicadas. Não é minha nação, e pelo que pude descobrir até agora, o boato já deu início por lá, não vai mais demorar para chegar aqui. Sinceramente, se eu soubesse que as coisas iriam acabar assim, eu jamais teria deixado João ir para Cravos. E ele ainda trouxe Mala até aqui, o que piora muito a situação, principalmente por não conseguir encontrá-lo.
Enquanto tínhamos aquela conversa séria, a mesa era uma algazarra de crianças rindo e conversando umas com as outras. Olhei para Inácio que sequer havia tocado na comida, estava pensativo.
- E você?
- O quê?
- O que está pensando?
- Em nada.
- Não parecia estar pensando em nada.
Ele olhou para Dominique.
- Papai quer que eu fique de fora, então eu vou ficar.
- Você vai para a base em poucos meses, concentre-se nisso. E em terminar as tarefas que te dei antes de ir - falou Dom.
- Tudo bem.
- Você está livre está manhã de manhã?
- O que você considera livre? Ainda tenho um bebê comigo.
- Apenas para receber nossos amigos. Ontem quando cheguei, você já estava dormindo, não consegui te avisar que seu primo vai vir mais cedo. Deve estar chegando em duas horas, mas estou com a manhã cheia, só vou poder vê-lo pela tarde.
- Tudo bem, eu os recebo.
- Eles vêm sozinhos?
- Até parece, essas crianças não perdem uma oportunidade de estarem juntas. Tenho que ir agora, Flor - ele me beijou. - Tchau, crianças. Até o almoço.
Em um dia comum, só o veríamos com sorte no jantar, mas daquela vez tínhamos visitas e nós tínhamos um acordo. Se bem que chamar Thomas e Giselle de visitas era um completo erro, eles eram família.
A mesa a minha frente silenciou, meus filhos me encaravam.
- O que foi? - perguntei.
Madalena se levantou e veio até mim com um sorriso no rosto.
- Mãezinha - e bem aí eu já sabia que era golpe. - Nós estávamos pensando que, como os primos vêm hoje, talvez pudéssemos não ter aula hoje.
- Estão pedindo por vocês ou pelos outros também?
- Por todo mundo - Antônio se animou e levantou também. - Aí a gente podia jogar bola. Por favor, mãezinha.
Eu ri com a cena na minha frente.
- Só porque é sexta-feira, e contanto que não joguem bola no jardim.
Eles comemoraram. Enquanto isso Inácio beijou minha cabeça e saiu silencioso da sala. Por que eles tinham que crescer?
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A Santa Herança: Sacrifício
RomansE se, na verdade, a história não acabasse naquela histórica coroação? A verdade é que, para compreender a grandiosidade de Anna e Dominique, é necessário que conheçamos a história de seus filhos, a história da família cruz. Por essa razão, agora dar...