Eu vi você hoje pela manhã, tão bonita que chega me arrepiava só de lembrar só seu sorriso que não era para mim mas, para o zelador do condomínio. Vê você lá embaixo enquanto eu regava as plantas quase me fez cair, seria algo bom já que teria sua atenção, porém, ruim.
Sei que você não olharia para mim nem que eu passasse pela sua frente, não sou do tipo musculoso atleta e nem do tipo inteligente bonitão, sou do tipo que todos apontam me chamando de esquisito, calado e sempre no meu canto. Sempre invisível a sociedade, seus lindos olhos nunca pousariam em mim, como também posso não fazer o tipo dela.- Melhor deixar para lá. - Volto para dentro de casa ligando a televisão aumentando o volume, morar sozinho era solitário e libertador julgo que conviver em uma casa barulhenta por muito tempo acaba te influenciando. Escuto baterem na porta e vou a passos largos atender.
- Quem é? - pergunto aumentando o tom de voz segurando a chave para destrancar.
- Moradora nova! - Faço careta tentando me lembrar de algum caminhão de mudança no prédio, mudo de expressão rápido destrancando e abrindo a porta. - Olá! - Era ela, a garota de manhã.
- O-oi. Você é desse corredor? - Boto a cabeça para fora da porta olhando os corredores vazios, ela abre um sorriso tímido se aproximando mais.
- Sim! Muito prazer, sou Helena. E você é? - Seu pequeno braço se estica ficando em minha frente.
- Marcus. - Aperto em um comprimento a fazendo sorrir mais. - Me desculpe, eu não soube que teríamos alguém novo no prédio. -
- Eu cheguei de madrugada, não gosto que fuxiquem minha vida tão cedo. - Por isso não vi nenhum caminhão de mudança na porta do prédio.
- Você quer entrar? Só está um pouco bagunçado. -
- Sua esposa não vai se incomodar? - Sua cabeça inclina para o lado me fazendo sorrir.
- Não sou casado. - Seus olhos se arregalam mostrando espanto.
- É que ouvi voz de mulher do outro lado...-
- Era a televisão. E então? Café, chá ou uma xícara de chocolate quente? Temos água também. - Sorrio brincando com ela que ri da minha pequena atuação de barmen.
- Aceito o chocolate, odeio café. - Dou passagem para ela entrar fechando a porta em seguida.
- Finalmente alguém que não gosta de café. Tava torcendo para você escolher o chocolate sou especialista em chocolate quente. -
- Chuto que você não sabe fazer café. - Rio da sua hipótese mostrando a cadeira na frente do balcão que dava para a cozinha.
- Acertou. Odeio coisas amargas. - Faço careta ouvindo sua gargalhada.
- Então Marcus, o que faz da vida? -
- Sou escritor. - Falo enquanto preparo seu chocolate quente. - E você? -
- No momento faço faculdade de direito.‐
- Estou diante de uma futura advogada? Que honra. - inclino o rosto sorrindo para ela.
- Por enquanto ainda não, mas um dia talvez. O que você escreve? -
- Romance, daqueles que fazem você sentir na pele a maldita agonia do peito.-
- Então você faz os outros chorarem. - Viro-me para ela olhando em seus lindos olhos.
- Está errada, doutora. - Vou até o armário de copos pegando dois e nos servindo. - Em meus vinte oito anos nunca fiz ninguém chorar, sempre será ao contrário. - Estendo o copo para ela que logo pega inspirando o conteúdo.
- Que cheiro bom! Dá para sentir que você colocou um pouco de canela aqui. - Sorrio botando uma mão na cintura fazendo pose.
- Essa não é minha arma secreta para o melhor chocolate quente. Experimente!- Uma sobrancelha é levantada de sua face me examinado, ela bebe um pouco do conteúdo e logo vejo a sua expressão de espanto.
- Eu consigo sentir pedacinhos de chocolate e marshmallow, eu senti o cheiro da canela, mas está tão suave o gosto. - Ela bebe mais se deliciando a cada gole.
- É mashmallow caseiro, deixei o chocolate bem gelado para não derreter tão fácil na caneca. -
- Está uma delícia! - Sorrio bebendo o meu também. - Olha só lamento, mas vou ter que vim aqui mais vezes para tomar essa delicia. - Sorrio olhando minha bebida. "Eu nunca teria chance com ela, mas se eu ao menos tentar". Acho ela muito bonita e só de conversa um pouco com ela fico aéreo ao tempo.
- Será sempre bem vinda, Helena. - Ela sorri inclinando a cabeça me olhando no fundo da alma.

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Cartas para Helena
RomanceUma história pequena com experiências que todos nós passamos ou passaremos um dia.