Dowajuseyo! .Essa foi a minha primeira palavra ao adentrar o avião. Quer dizer socorro.
Inspiro e Expiro. "É só não olhar pra baixo",digo a mim mesma. Na poltrona ao meu lado esquerdo, a dona Estella ( minha mãe),se estica toda relaxada e feliz . Enquanto eu ,estou no auge do desespero. Acho tão chique essas pessoas que viajam de avião, não pensei que seria uma experiência de vida ou morte.Bem, Pra mim foi.
Meu pai tagarelava tanto, que eu já estava com medo de jogarem ele do avião.
-Eu já ouvi tudo isso antes pai, mas a adolescente aqui sou eu, ainda que você diga o contrário, não terá como ficar na minha cola 24 horas por dia.Não conhecemos Seul.
-No entanto, apesar de ser muito movimentada, Seul é um lugar seguro para chamar de casa, geralmente com baixas taxas de crimes.-Meu pai diz com toda a convicção do mundo.
-Onde você leu isso? No Google?Sabe que não é bem assim néh!? Há perigo em todos os lugares.
-Deixa seu pai quieto Kiara, você sabe que ele está empolgado com o trabalho que conseguiu, não desanime ele.
Uma dose de Romeu e Julieta pra esquecer que estou em um peixe voador (mais conhecido como avião).Se não fosse meus livros eu não sobreviveria metade de momentos iguais a esse.
❝A despedida é uma dor tão suave que te diria Boa Noite até o amanhecer...❞
Juro ,não me canso de reler esse livro, acho que o amor deles é algo avassalador demais,por mais que eu tenha chorado na primeira vez que li,esse livro me cativou.
Mais Três horas nesse treco de avião e chegaremos ao nosso novo lar.Até fiquei com a boca seca ao pensar nisso," novo lar", nunca pensei que fosse dizer essas palavras, muito menos fora do Brasil.
Mais quatro capítulos de Romeu e Julieta encostei na poltrona e apaguei legal.
Sonhei com olhos pretos e uma coleção de borboletas.
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Sou acordada pelo meu pai com a notícia de que já vamos desembarcar.Nem acredito que fui capaz de dormir tanto,ao menos esqueci meu medo.Tenho a sensação de ter desembarcado em um formigueiro,ou melhor ,em uma colméia.O local de desembarque estava super movimentado,encaixei meu braço no da minha mãe,ficar perdida não seria divertido.
Esperamos a liberação das nossas malas, enquanto meu pai chamava um táxi .
Fiz toda a trajetória até o nosso apartamento, igual uma boba olhando tudo que meus olhos conseguiam enxergar; Confesso gostei da vista.Ao chegar no lugar que íamos morar, surpresa, não era um apartamento,e sim uma casa de dois andares,graças ao dono da filal onde meu vai pai trabalhar.Ele conseguiu esse feito pro seu Andrey ( meu pai) ter mais espaço pro serviço ,que se resume em nada mais que uma pilha de papéis que são avaliados depois mandados pra outro país,enfim voltando novamente a Coréia pra uma checagem final.
A casa é pintada de um azul claro bonito,algum tipo de trepadeira de flores se entrelaçam nos postes da frente formando uma arcada.Os vizinhos devem gostar bastante de Flores também, porque possuem um jardim imenso todo colorido.
Meus pais estavam feliz, colocaram as malas no sofá e foram conhecer a cozinha,o lugar preferido da minha mãe, que é louca pela culinária coreana.Pego as minhas coisas e subo pra conhecer meu quarto.
Meu quarto,ou melhor, minha caverna. Sou do tipo de pessoa que sumiria dentro de um e ninguém me encontraria tão facilmente.
Vou sentir tanta saudade do Brasil, parece que estou vivendo o sonho das minhas amigas,elas que morrem de amores por esse país. Eu só quero saber até quando vou aguentar.
Pego meu celular e fico vendo minhas fotos, uma delas estou na praia com a Lara, minha amiga.Naquele dia ela me disse que estava feliz por ter conseguido se aproximar de mim,pois eu era muito sozinha e devia se abrir mais. Através daquelas palavras eu criei coragem pra conversar com algumas colegas,tive o privilégio de ter outras duas amizades.O tempo se passou,a adolescência veio,e eu novamente me fechei em meu mundo particular.
Alguns finais de semana eu ia com a Lara no cinema ou no zoológico,mas na maioria do tempo eu ficava dentro do quarto com a cara nos livros.Creio que não será diferente aqui em Seul.
Tiro as coisas da minha mala e começo arrumar nos seus devidos lugares.É óbvio que meus livros terão um lugar especial.
No 1° ano do ensino médio,eu li um romance em que a protagonista estava lendo,de repente das páginas do livro sai um garoto ma-ra-vi-lho-so.Pensando bem, a garota era coreana,eu estou na Coréia, será que se eu ler acontece isso também?
Olho pra minha foto que está em um porta retrato em cima da cama, já sei que minha vida amorosa é questão de milagre ,17 anos e ainda não apareceu ninguém.Na verdade eu me apaixonei por um garoto na sétima série,mas ele foi embora,e levou junto minha vontade de conhecer outros garotos.Minha mãe fica dizendo que devo arrumar um namorado,como se fosse simples, prefiro colecionar livros que corações partidos.
Termino de arrumar minhas coisas e vou até a janela, olhando pro céu faço uma prece pedindo para que tudo fique bem.
Em cinco dias terei que enfrentar o colégio,e não sei como será estudar nesse país.༄Continua...🌺
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Seul destino final
Teen FictionKiara está acostumada com sua vida aqui no Brasil, feliz com as amizades que construiu, porém de última hora surge um grande negócio pro seu pai na Coréia do sul.Em um piscar de olhos tudo vai por água a baixo, mesmo contrariada terá que acompanhar...