𝑳𝑶𝑽𝑬 𝑺𝑻𝑶𝑹𝒀, 𝑩𝒐𝒌𝒖𝒕𝒐 𝑲𝒐𝒖𝒕𝒂𝒓𝒐

I

   𝑬𝒍𝒆...

Mais um ano, mais uma mês, mais uma semana e mais um semestre a se seguir. Minha rotina estava um pouco cansativa e pesada já que eu estava estudando e treinando ao mesmo tempo. Tudo o que eu queria era me tornar um jogador de vôlei profissional, mas não era isso que meus pais queriam e de alguma forma eu acabei cedendo ao que eles queriam, cursando administração. Obviamente, não deixei de lado o que eu quero, estou conciliando ambos.

Minha família faz questão de dizer que o vôlei é apenas um esporte para hobbie. Não iria me dar uma carreira e que eu não iria pra frente. O melhor a se fazer era cursar o que eles queriam e logo em seguida trabalhar para meu pai. Eu não quero e nem pretendo desistir do vôlei mas sinceramente, é uma pressão do caralho.

Dito isso, eu tinha uma dose de serotonina além do vôlei. Um refúgio e uma salvação que me fazia esquecer a carga que estava levando. Ela tem nome e sobrenome até, [Nome] Hayakawa, a minha melhor amiga.

[Nome] está na minha vida desde que tínhamos 7 anos, somos amigos há 13 anos. Ela é inteligente e está na mesma faculdade que eu, confesso que eu queria muito estudar com ela novamente então tive que me esforçar para entrar, isso porque ela é sempre a melhor da turma. Estar com ela é divertido e aconchegante, ela é a melhor amiga que eu poderia ter, mas... Ela é só minha amiga mesmo? Eu só a vejo assim? Não sei.

Comecei a me questionar sobre isso tem algum tempo, desde que ela começou a namorar um cara chamado Terushima. Não gosto quando eles estão juntos, na verdade eu odeio. [Nome] e eu sempre estivemos juntos, então nunca parei para pensar sobre meus sentimentos em relação a ela antes.

No começo eu pensei que era só preocupação, já que esse cara é um lixo humano e a [Nome] é incrível demais pra alguém como ele. Mas os sentimentos dentro de mim estão em conflito. Ela merece algo melhor, ela merece alguém que a possa amar de uma forma pura e verdadeira. Quando me peguei pensando que talvez esse alguém devesse ser eu... Ah, eu já estava perdido.

Acho que realmente a amo. Bom, eu sempre a amei mas estou falando em um sentido romântico agora, e novamente, acho que sempre a amei.

Quando começou? Como começou? pode me perguntar se quiser, eu poderia citar milhares de motivos do porquê poderia estar amando-a. O dia em que nos conhecemos é, pode ter sido desde ali que aconteceu...

Infelizmente, eu não posso contar para ela e não vou deixar que ela saiba... ainda. Isso poderia nos afastar e eu definitivamente não quero isso.

— Ei, estou falando aqui a 30 minutos e você nem aí! - Ela diz toda bonitinha com um biquinho em seus lábios. — Se não quer me escutar falando sobre Acomaf é só dizer, seu idiota. - Tenta andar em passos mais largos para me deixar pra trás.

— Nossa, a pequena Nyx está brava. Com esse tipo de temperamento até eu entendo o Zeus.- Digo em tom de brincadeira e apertando os passos para alcança-la, o que a faz me olhar mortalmente.

Estávamos a caminho da faculdade, decidimos ir caminhando hoje - segundo ela, era "logo ali", o que quer dizer, uns bons 45 minutos andando.

— Cara, eu sou um amor, você que não entende minha forma de amar. Enfim, vamos sair hoje? Já faz um tempo. - Sugere enquanto me olha com esperança e batendo os cílios inocentemente.

— Faz sim, se "alguém" não estivesse muito ocupada tentando manter um certo "relacionamento" enquanto esquece que tem amigos sairíamos mais. - digo enfatizando as palavras principais, o que a faz suspirar, entortar a boca - mania que ela faz quando está pensando em algo relativamente ruim - e me bater com o ombro.

— Para, Kou. Você sabe que estou fazendo meu melhor pra conciliar tudo que está a minha volta. Além disso... O Terushima é legal, gosto dele. - Ela diz a última parte com um certo pesar, o que eu obviamente notei. Mas ainda assim ouvir ela dizer que gosta de alguém como ele é meio decepcionante.

— Sim, [Nome]. Eu sei. - Digo com a voz e expressão estóica, não querendo demonstrar nada. — Bom, sobre o convite eu aceito. Sair com minha pequena Nyx é sempre maravilhoso. - Sorrio divertido para ela e a mesma retribui.

Mudamos de assunto e falamos sobre coisas aleatórias. Caminhamos mais um pouco e finalmente chegamos ao nosso destino.

Assim que chegamos, encontramos nossos amigos conversando e entramos cumprimentando todos. Dentre eles estavam, Akaashi, Kuroo, Kenma e Yumi. Logo seguimos cada um para sua sala.

As aulas estavam um tédio só e eu estava rezando para que as horas se passassem mais rapidamente. Como se algum deus tivesse me ouvido, a aula acabou. Eu obviamente estava animado para sair já que iria sair com [Nome] depois de algum tempo. Fui em direção ao nosso ponto de encontro - entrada do campus - esperar ela.

E então ela vem, com aquele sorriso que faz meu coração palpitar. Se aproximando de mim ela tropeça nos próprios pés, como alguém tropeça nos próprios pés? Não iria rir, mas a cara de desespero que ela fez quando se levantou e tentou agir como se nada tivesse acontecido foi hilário. A minha risada foi genuína.

— Caramba, para de rir agora! Você nem pra me ajudar ein. - Ela mesma diz rindo – de nervoso – e batendo no meu ombro. — Sério… Que ódio. - Suspirou e me puxou para andar.

Recuperei o fôlego e seguimos nosso caminho. Não tínhamos um destino certo, provavelmente iríamos para algum lugar que sempre vamos, porque [Nome] apesar de ser sociável – as vezes – ela ainda prefere a paz de ter poucas pessoas ao redor.

— Quer ir comer no nosso lugar favorito antes de qualquer coisa? - O lugar em questão é um restaurante pequeno e com uma decoração aconchegante e acolhedora, passa uma vibe tão boa.

Então após a confirmação, nós dois seguimos para o restaurante. Comemos, rimos, falamos mal de algumas pessoas no caminho também, mas quem somos nós pra julgar né.

Aproveitamos bastante a companhia um do outro. Para finalizar nossos momentos juntos, [Nome] e eu sempre vamos para um parquinho, o mesmo em que brincávamos quando crianças. Gostamos de lá pelas sensações que nos causam, uma delas é nostalgia.

Ambos nos sentamos em um balanço. Em silêncio. Apenas aproveitando aquela paz e aquele silêncio.

— Kou… Você é tão importante para mim. Definitivamente não saberia o que fazer se não tivesse você. - [Nome] não me olha enquanto fala, ela continua se balançando e olhando para o céu.

Essa garota nem ao menos sabe o quão bem me sinto quando ela fala assim.

— O que é isso, hm? Esse sentimentalismo todo é raro. - Tento fazer graça e evitar o formigamento no peito que sinto.

— Estou falando sério. - Ela passou a me encarar agora, olhando fundo em meus olhos — Você é alguém que eu não quero perder nunca - Disse sorrindo de forma inocente e brilhante.

Ah… Nem todas as luzes da cidade brilham tanto quanto os olhos dela.