[EM ANDAMENTO]
⌈ Taekook • All Too Well • Shortfic • +18 ⌋ #BurningRed ❤️🔥
Aos 18 anos, sonhei com o amor pela primeira vez. E ele era o vermelho mais ardente que meus olhos já viram. Tão vermelho quanto o sangue que corria por minhas veias. Verme...
"Lembrar dele vêm em memórias e ecos Digo a mim mesma que agora é a hora, preciso esquecer Mas seguir em frente depois dele é impossível Quando eu ainda vejo tudo em minha cabeça Em vermelho ardente"
- Red, Taylor Swift
#BurningRed ❤️🔥
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Downtown, San Diego, Califórnia
Setembro de 2023
06:41 pm
Os olhos afiados do Jeon não desviaram do computador nem por um ínfimo instante, até que pudesse escutar o som irritante da chaleira apitando. Aquilo indicava que a água para seu chá já havia fervido e naquele momento, a única coisa que poderia lhe tirar da frente de seu instrumento de trabalho, era um bom chá. Foi pensando em si - pela primeira vez naquele dia, que já durava uma eternidade - que o jovem escritor levantou de sua poltrona não tão confortável.
O rapaz possuía fios quase na altura dos ombros, tão escuros quanto ébano, tal qual os grandes olhos redondos que enfeitavam seu rosto. Nos braços, parcialmente cobertos pela manga dobrada de sua camisa, traços de tinta preta enfeitavam a pele e lhe davam um ar mais intimidante do que possuía de forma natural.
Espreguiçou o corpo alto e musculoso por completo, concluindo que permanecer tanto tempo na mesma posição não parecia ser o ideal para alguém que já não possuía a mesma energia de quando mais jovem. E esse pensamento rondou sua cabeça por segundos, antes de se dissipar graças a uma nota mental que sempre fazia a si: "Você tem apenas 31, Jeon!"
Abraçado por esse consolo, que lhe servia como um tapinha nas costas, Jungkook levou as mãos aos cabelos desgrenhados e os juntou em um pequeno monte no topo da cabeça, enrolando-os num coque mal feito e prendendo com um elástico preto que carregava no pulso, sem nem saber o motivo.
No caminho para a cozinha, encontrou-se com o espelho em seu corredor e concluiu que mesmo após horas sentado em uma poltrona desconfortável, em uma posição duvidosa e com o sono de mil preguiças, continuava um grande gostoso. Acabado, mas ainda um gostoso. Sinceramente, não entendia como alguém poderia ter jogado fora a chance de estar com um homem como ele. Soava absurdo! Apenas um maluco de cabelos vermelhos o faria.
Desgostoso com o rumo de seus pensamentos - apesar de ter dedicado horas de seus últimos dias aos mesmos fatos -, o moreno agarrou o celular em seu bolso e selecionou a melhor playlist para se autoflagelar mentalmente, com o rancor de 11 anos de arrependimento influenciando suas decisões e se permitiu ser embalado por All To Well, dançando uma valsa solitária sob a voz de Taylor Swift enquanto finalizava seu trajeto.
Já não aguentava mais escutar o apito infernal da chaleira e talvez sua paciência estivesse levemente comprometida, mas o que poderia fazer? Retomar memórias antigas tem efeito nocivo aos que viveram dias sombrios.
Após desligar o fogo, mais irritado que o de costume e com uma expressão possivelmente nada amigável no rosto, buscou por sua caneca favorita e dedicou seu tempo a enchê-la com água quente. O preparo de seu típico chá de gengibre com limão, tornava-se quase artesanal quando realizado por si, possuía um cuidado excessivo, tudo em prol da paz de um homem cansado. Aquilo definitivamente era terapêutico. Afinal de contas, apenas o cheiro era o suficiente para acalmar o escritor, por mais que aquela não fosse a real função da bebida.
Com uma caneca fumegante de pura calmaria em mãos, seus olhos se fecharam e permitiu-se sorrir melancolicamente com a música, cantarolando os versos e dedicando-os ao único que teve a chance de tocar seu coração e deixá-lo em brasa. Ao único que lhe ouviu cantar sua música favorita, como uma tola declaração de amor. Ao único que ocupou seus pensamentos por anos. Ao único que teve coragem de machucá-lo.
And I know it's long gone and
E sei que isso foi há muito tempo
That magic's not here no more
E aquela magia já não está mais aqui
And I might be okay, but I'm not fine at all
E eu posso estar ok, mas não estou nada bem
Cantou com tanta força, que sentiu um leve incômodo em suas cordas vocais. A sensação era parecida com o que sentia quando pensava em seus já antigos sentimentos, lhe arranhava a garganta quase sempre. Mas ele finalmente lhe deixaria de uma vez por todas. E Jeon se certificaria de não ser abandonado novamente.
Após mais de uma década, o expulsaria para sempre. Na forma de palavras sussurradas ao vento, traduzidas em músicas da Taylor e principalmente, na forma das páginas frágeis de um livro qualquer, digitado em um computador qualquer, por um escritor qualquer.
Precisava se forçar a sentar novamente em frente ao laptop largado na sala. Precisava escrever páginas tão frágeis quanto aquele amor foi um dia. Precisava colocar tudo em folhas que facilmente poderiam ser queimadas. Precisava deixar claro para todos os que vissem, que mais destrutível do que um coração - tolo e jovem como o seu costumava ser -, era o amor que um dia lhe prometeram em vão.
E ele destruiria aquele amor, de uma vez por todas. Destruiria todo aquele vermelho. Destruiria as chamas que lhe queimaram. E destruiria Kim Taehyung. Não literalmente. Mas destruiria tudo o que restou dele, o que estava cravado em sua alma.
E ele seria, finalmente, livre.
Com esse pensamento, Jeon Jungkook, o escritor renomado, jogou no limbo de sua mente a sua versão jovem e frágil, que insistia em choramingar em seu ouvido o quão magoado ainda se encontrava, mesmo após 11 anos.
O Jeon de 18 anos permanecia chorando dia após dia, mas o Jeon de 31 anos tinha sangue nos olhos.
Então sentou-se com ódio em sua poltrona e tratou de digitar furiosamente, decidido a colocar um ponto final, seguido de uma página quase inteiramente vazia, preenchida apenas com um curto e solitário "Fim", antes da contracapa do livro. Esta que se fecharia, encerrando de uma vez por todas aquela tragédia grega que vinha sendo sua vida.
Com os óculos de grau redondos novamente em seu rosto, Jungkook retomou seu lugar na poltrona desconfortável, repousou a caneca na mesa de centro que se encontrava coberta de cadernos, canetas coloridas e as mais diversas anotações. Diminuiu o volume do celular, mas deixou que as músicas continuassem tocando e puxou o notebook para suas pernas novamente. Abriu o arquivo que vinha lhe aterrorizando por pouco mais de uma semana e digitou rapidamente: