Prólogo

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Oldemburgo, Alemanha, 2011.


Deitada na cama após o parto, Jessy tentava repousar, porque estava realmente cansada, física e psicologicamente.

Ela nem sequer tinha olhado para o bebê, quando o Dr. Herbert foi lhe mostrar.

Depois que a Dada e o doutor Herbert limparam-na e trocaram sua roupa e lençóis, Noah, que a segurava nos braços, colocou-a de volta na cama e ela se virou e deitou de costas para eles, os ignorando.

O parto tinha sido relativamente rápido e sem complicações.

Adorável e perfeita, a menina, começou a chorar novamente, deitada na cama, envolta em uma manta. Apreensivo, Herbert foi até ela, examinando-a.

— Jessy, você precisa alimentar o bebê, ela está com fome. — Porém, ela não se moveu.

Herbert olhou para Noah, que olhava apreensivo para sua irmã e suspirou cansado. Se seus nervos não explodissem naquele dia, não fariam mais.

— Jessy, eu sei que está exausta e com sentimentos conflitantes, mas ela é a sua filha, precisa dar leite a ela — Noah disse.

— Leve-a daqui e mate-a — Jessy sussurrou.

— O quê? — Herbert disse assustado.

— Eu não a quero.

— Jessy, se acalme e veja as coisas mais claramente.

— Sua loba a está rejeitando? — Noah perguntou.

Ela não respondeu.

— Jessy, por favor, querida, fale comigo — disse Herbert.

— Se não matá-la, Noah, eu o farei. Dê a alguém, mate-a, faça o que quiser, mas tire-a daqui.

Consternado e apreensivo, Noah foi até a cama, pegou a menina e ia sair do quarto, quando o médico tentou intervir, nervoso:

— Noah, por favor, não pode matar esta criança!

— Isso é assunto de lobos, doutor, é melhor não se meter e cuidar dela.

— Eu entendo este tipo de rejeição e que a mãe não se sinta amorosa pelo bebê. No caso de estupro e uma gravidez indesejada, isso é compreensível, mas então a dê para adoção.

— E quem a adotaria? Um humano? E quando ela se tornar uma loba, como fará longe de sua família, sem saber o que acontece com seu corpo? Não saberia se defender. Os humanos a prenderiam ou a matariam, ou a tratariam como cobaia como fizeram conosco.

— Não existe um lugar...

— Não existe um orfanato para lobos abandonados, doutor.

— Oh céus, então a dê para outra alcateia. Não pode fazer isso?

— Ela seria uma bastarda, mestiça e rechaçada, provavelmente sofreria danos. Os lobos mais antigos não toleram tais coisas. A menina não seria bem aceita. Matá-la é um ato de misericórdia. Isso pouparia seu sofrimento, não é, Jessy?

Era, mas Jessy não respondeu.

— Jessy?

Com os olhos arregalados, Herbert não sabia mais o que fazer ou argumentar. Ele olhou para Jessy, que estava com os olhos fechados e não respondeu.

— Eu estarei lá fora, cuide de Jessy.

Noah o olhou de maneira significativa e o médico piscou algumas vezes, sabendo que queria dizer algo. Herbert não sabia o que fazer, tinha aprendido muito sobre os shifters e sua forma de vida, sua cultura, mas aquilo era novo para ele.

QUANDO OS LOBOS CHORAM - Os Lobos de Ester - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora