Capítulo 2

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Jessy se revirou na cama e gemeu com o suor escorrendo pelo seu corpo.

Ela estava tendo mais um de seus pesadelos, como quase em todas as noites ultimamente.

Ela estava encolhida, abraçada a si mesma, sentada no seu catre e olhava fixamente para as grades de sua cela. Ela ouviu o barulho da porta metálica e se retesou enquanto sua respiração perdeu o ritmo. Ela rosnou, zangada e dolorida, quando dois dardos a atingiram, um na coxa e outro no peito.

Ela os arrancou. Em um minuto já estava tonta e fraca demais, seu estômago estava tão embrulhado que pensava que ia vomitar.

Um dos guardas havia atirado dardos de tranquilizantes por entre as grades e ela entrou em pânico e raiva, pois sabia que seu inferno começaria novamente.

Aquela droga a deixava lenta, sem conseguir se mover rapidamente e com força, deixava-a tonta e desorientada e não conseguia se transformar, se tornando indefesa.

Ela olhou para o lado quando ouviu o barulho da cela se abrindo, tentou se transformar em loba novamente e suas garras e dentes até começaram a crescer, mas não passou de um centímetro, ela rosnou e queria agredir os dois homens que entraram em sua cela, mas eles se moviam rápido e ela os via duplicados.

Quando a agarraram, ela ainda lutou bravamente, tentou arranhar, morder e chutar, mas suas mãos foram presas com largos e fortes grilhões que possuíam um bracelete de ferro com uma argola.

Um deles agarrou seu cabelo que estava cortado curto e desgrenhado e, então, foi jogada de bruços sobre seu catre, uma grossa corrente foi passada pelas argolas e seus braços puxados sobre sua cabeça.

— Viemos fazer nossa visita de rotina, cadela — disse um deles.

— Você foi muito má, hoje — zombou o outro.

— Sim, sua pequena revolta vai lhe custar caro.

— Quantas vezes temos que dizer que cães devem ser obedientes?

— Amanhã o doutor Heinegen fará um novo experimento em você. Vai ser bom de ver.

— Vamos te dar uma amostra.

Jessy sentiu sua roupa ser arrancada de seu corpo e suas partes íntimas sendo tocadas por aquelas mãos sujas.

Uma dor angustiante cortou através de seu corpo e um grito involuntário partiu de sua garganta

Jessy gemeu, sentou na cama, assustada, olhando de um lado a outro, com seus olhos cintilando e com suas garras cortando o ar, uma e outra vez, arfando desesperada.

Sua face estava banhada em lágrimas e demorou algum tempo para se orientar e ver onde estava.

Quando conseguiu focar a visão viu onde estava: na casa de Sasha, no quarto, sozinha e segura.

Foi apenas outro pesadelo. Mais uma de suas memórias.

Arfando, tentando puxar o ar para seus pulmões e usando somente uma calcinha e uma camiseta justa de malha branca, levantou e foi até a cama de solteiro, que ficava no canto do quarto grande e olhou Lili.

Dormia como um anjo, o seu anjo.

Jessy a cobriu com o lençol e foi acariciar seus cabelos, mas parou, pois sua mão estava transformada na forma Dhálea, sua forma intermediária. Ela tremia e seu estômago se revirou.

Então, foi cambaleando até o banheiro, abriu a tampa do vaso sanitário e vomitou. Arfando, bebeu um pouco de água, sentou no vaso com a tampa fechada, abraçou a si mesma e rosnou baixinho, tentando ser forte, tentando apagar sua mente, segurar o choro e voltar à sua forma humana. A sensação demorou a passar e seu coração doía fortemente.

QUANDO OS LOBOS CHORAM - Os Lobos de Ester - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora