Chamada Perdida

𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 1

Heather Miller saiu de casa por volta das 21h para ir á um bar nas proximidades do bairro onde morava. De acordo com a família, os pais não sabiam para onde a menina estava indo quando avisou que apenas iria sair.No dia 5 de julho, a Polícia Civil começou a procurar pela menina, com apoio da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Uma força-tarefa foi montada, e as buscas já aconteceram na casa da menina, em imóveis vizinhos, em açudes e nas matas da região. Foram usados cães farejadores, drones, helicóptero, mergulhadores dos Bombeiros e até retroescavadeira para reduzir o volume de um açude.

O delegado Hunter Jones, da delegacia de Shellworth, que também acompanha o caso, disse que, por causa do tempo do desaparecimento, a hipótese de homicídio passou a ser considerada. No entanto, há também a possibilidade de um sequestro. O delegado também afirmou que a polícia considera a hipótese de que a menina tenha sido vítima de um crime cometido por alguém próximo.

Pego o controle para desligar a tv

Mas que porra?

Antes mesmo de eu apertar o botão do controle,escuto o meu celular vibrar ao meu lado.

    Luke: Estranho,ela sempre fala para os pais onde vai ou deixa de ir.

    Peter: Talvez estivesse com pressa?

    Cassie: Com pressa para ir ao bar? Não faz sentido

Desligo o celular e coloco o prato na pia. Não tenho tempo para ficar discutindo sobre isso com eles agora,apesar de não conseguir tirar o assunto da minha cabeça. Ela sempre foi uma garota quieta, tímida, na maioria das vezes antisocial, não entendo o porque ela "estaria com pressa" segundo Cassie para ir a um bar. Fora que eu nunca imaginei Heather colocando uma gota de álcool na boca.

Termino de lavar os pratos e saio em seguida, trancando a porta de casa e verificando a hora no celular. 7:53

Merda. Estou atrasada.

Chamo o elevador, torcendo para que ele não pare em outros andares enquanto as notificações no meu celular não param de chegar. Anunciar um desaparecimento em Shellworth é como jogar um humano em um mar cheio de tubarões famintos, as pessoas passam uma semana falando sobre o assunto e depois esquecem como se nada tivesse acontecido.

Sociedade hipócrita.

Finalmente o elevador chega e eu entro  encontrando Jonh que ao levantar os olhos da tela do celular me encara com um sorriso de canto me olhando de cima a baixo.

-Bom dia- diz afastando para eu poder entrar.

- Bom dia Jonh- digo com um tom de voz entediado e evito fazer contato visual.

Ele é o meu vizinho desde que eu cheguei aqui a dois anos atrás. E desde que eu o encontrei  pela primeira vez quando fui apenas jogar o lixo fora ele não parava de olhar para as minhas pernas,erguia o olhar para me olhar nos olhos e desviar para as minhas pernas novamente.

Sinto muito se eu sou acostumada a ficar em casa usando um short confortável e não esperar encontrar um homem quase da minha idade me secando enquanto vou jogar o lixo fora.

E então nesse mesmo dia ele começou a puxar assunto comigo,me perguntando se eu eu era a nova vizinha e blá blá blá. Todos esses papos idiotas que um homem fala quando quer te levar para a cama.

- sabe? Eu já te falei que você tem um ótimo gosto para escolher suas roupas?- ele diz sem esconder aquele sorriso irritante me olhando de cima a baixo e eu juro que estou me esforçando para não vomitar na cara dele.

Baixo o olhar para as minhas roupas. Estou usando uma calça social preta, uma blusa de gola alta sem mangas e um blazer bege. É uma roupa profissional, não sensual. Qual a porra do problema desse cara?

- é o que eu uso para trabalhar todos os dias Jonh, não tem nada de interessante.

- eu acho interessante - ele dá de ombros e encara as portas do elevador enquanto esperamos.

Saio do elevador e o escuto falar atrás de mim

-tenha um bom dia Stella.

Não me dou ao trabalho de responder e ando rapidamente na direção do meu carro, jogando a bolsa no lado do passageiro e verificando novamente a hora no celular. 7:58

Senhor Brown por favor não me demita.