Capitulo I

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Rose sentiu seus pés afundarem na água, céus, como era bom um escalda pés.

Criação sua para tentar atrair clientes, modéstia parte.

A loja de sua família nunca foi o ponto mais badalado da cidade londrina, pelo contrário, o público alvo da pequena loja de produtos místicos eram as pobres empregadas que buscavam ervas para acalmar suas ladys, ou até mesmo solteironas desesperadas por um feitiço de amor.

A temporada social era a mais lucrativa para a família Dromá, Rose realizava a tiragem de mais cartas do que poderia contar.

Sempre as mesmas perguntas...


"Eu vou conseguir um marido?"


"O que Lord seja lá seu nome pensa de mim?"


"Vou engravidar?"


"Há outras que ele corteja?"


Por Santa Sara Khali, por alguns xelins Rose falava até que a jovem moça que estivesse à sua frente era a mais arrebatora que já pisou nesta terra...mesmo que essa jovem em questão fosse uma Featherington.

"Rose, saia desse balde e venha me ajudar, precisamos estar abastecidos" Sua mãe, Alba, grita de um canto da loja

"ah mamãe, como se alguém viesse até nossa loja" Rose da uma leve risada e tira os pés de dentro do balde

"De qualquer forma precisamos de mais lavanda" Alba diz com uma faca em mãos, por mais que já fosse uma senhora, possuía uma vitalidade típica de sua etnia, mesmo com com o passar difícil dos anos ainda era uma bela mulher, seus cabelos se assemelhavam com os de Rose, eram escuros como a noite e tão longos que dariam inveja a qualquer jovem senhorita, seus olhos eram grandes e castanhos e sua pele assemelhava-se ao tom de canela "sabe...Ramon já atingiu a idade de 27 anos, ele já é um belo rapaz"

"Pela última vez, eu não pretendo me casar com Ramon, nem que ele seja o último cigano desta terra" Rose diz pegando uma grande cesta e levando até a bancada da loja, precisava organizar aquele lugar.

Ramon era um rapaz esguido, levemente desastrado e com tendência a se meter em assuntos que não lhe diziam respeito, dentro da pequena comunidade cigana que estava instalada a poucos quilômetros da loja, no subúrbio de Londres,  o jovem Ramon era o único rapaz elegível para Rose.

Ou seja, não havia homem algum para Rose.

"Morrerei solteirona, não que alguém se importe com isso, temos sorte de não estarmos sendo enfeitadas como pôneis para a temporada social" Rose sente um arrepio subir sua espinha em imaginar a cena de um espartilho esmagar suas costelas 

"Já que você tanto ama a alta sociedade, que tal realizar umas entregas hoje?" Alba entrega uma cesta pouco menor do que Rose pegou anteriormente, repleta de pequenas sacolas de papel pardo 

"Essa era a função de papai" Rose suspira

Há poucos meses Alfredo sofreu um mal súbito, seu coração parou de bater enquanto pescava, algo que somente alguns anos a frente seria descoberto como um infarto, desde então, Rose e Alba lidavam com as coisas da maneira que é possível, fazendo o dobro de vendas, o dobro de costuras e o dobro de qualquer coisa que poderia lhes render um penny.

"Não há tempo para lamentações, lembre-se querida, a morte é só um dos primeiros passos para se viver eternamente" Alba diz colocando a mão na bochecha de sua filha "agora vá, entregue essas quinquilharias e faça algumas leituras, quando retornar teremos o jantar na mesa"

Rose suspira e pega a cesta, já sabia exatamente o que deveria fazer, indo até as laterais das enormes e requintadas casas da alta sociedade entregar grãos e ervas, sempre pela entrada dos funcionários, nunca pela entrada principal.

As regras eram claras, não olhe para eles, não fale com eles, não respire o mesmo ar que eles.

Mas é claro, essas regras eram para manter a sanidade de Rose, ela não suportava o cheiro forte de perfume deles, não suportava suas roupas e não suportava seus cabelos, acima de tudo, não suportava a falta de personalidade, entretanto, imaginava o quão horrível poderia ser viver como um pavão.

"Entrega" diz Rose batendo em uma porta

"Você trouxe?" uma moça jovem vestida com um avental cinza abre a porta, agindo como se estivesse cometendo um crime

"Com isto a sua senhora não sentirá mais os enjoos matinais" Rose entrega um pacote pequeno e pesado "Ferva as ervas e as deixa em infusão, só dar de beber a sua senhora a cada seis horas"

"Oh, obrigada!" a jovem tira alguns xelins de seu avental e entrega a Rose

Rose guarda os xelins e atravessa a rua, passando em frente a uma confeitaria

"Mas que cheiro" Rose diz enchendo os pulmões com o aroma de pão fresco, sentiu seu estômago se revirar e fechou os olhos por alguns segundos.

Alguns segundos foram mais que suficientes para sentir sua bunda batendo no chão e sua cesta se esparramar

"A senhorita me perdoe" o jovem homem guarda o relógio em seu bolso e estendendo uma mão para Rose

"Por favor, não preciso de desculpas, preciso que observe para onde anda" Rose diz ficando irritada, com o sol em seus olhos não conseguia ver quem a atropelou 

"Eu pedi desculpas, poderia ser uma dama e aceita-las?" o homem claramente estava tão irritado quanto Rose

E então os olhos de Rose se estreitaram e ela sentiu que jamais havia visto um homem tão bonito em sua vida.

"Como é o seu nome?" o homem pergunta enquanto juntava a cesta

"Rose, Rose Dromá" ela diz sentindo suas bochechas ficarem quentes e se amaldiçoou, como poderia sentir-se tímida perto de alguém que se portava como se tivesse com uma cueca enfiada no rabo

"Eu sou Anthony Bridgerton" o homem pega a mão de Rose e deposita um beijo 

Anthony tinha certeza que jamais havia visto criatura tão bela em sua vida, mesmo usando sandálias e um vestido velho com um cosert surrado, em um dia qualquer jamais prestaria atenção em uma mulher como aquela, ainda sim, havia algo naquele lenço vermelho que lhe chamava atenção 

Talvez fosse aquela argola que usava em seu nariz, ou seus olhos de raposa

Deus, ele sentiu vontade de fazer as piores libertinagens de sua vida com ela.


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⏰ Última atualização: Oct 10, 2023 ⏰

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Cigano - Anthony BridgertonOnde histórias criam vida. Descubra agora