SEMENTE

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Na busca por compreender a complexa teia das ações humanas, deparamo-nos com a intrigante analogia entre o cerco de fortalezas e o processo de dissolução da ingenuidade. Assim como não se conquistam todas as fortalezas com um único assalto, a sabedoria nos ensina que a subversão das mentes incautas demanda uma meticulosa preparação, que envolve cercos prolongados, estratégias elaboradas e campanhas ardilosas.

Neste intrincado jogo da mente, revela-se uma abordagem sutil e sofisticada. Ao invés de ataques diretos e intempestivos, preferimos a artimanha da infiltração silenciosa e da distorção de valores fundamentais. Essa é a senda pela qual, detendo já as rédeas de suas existências, manipulamos as marionetes humanas, não para satisfazer a sede de conquista, mas sim para lançar uma sombra sobre a virtuosa conduta da sociedade.

E assim, em nossa dança obscura, oscilamos entre os planos, diluindo a clareza moral com as sombras da confusão, fazendo com que os tolos, sem perceber, contribuam para sua própria decadência, enquanto seguimos em nossa busca pelo controle subterrâneo da realidade social.

Intrigante é a dinâmica entre a ingenuidade e a consciência, na busca pela consecução de minhas agendas. Prefiro, de longe, o cervo ingênuo, aquele que, em sua inocência, luta por minhas causas de maneira inconsciente, acreditando que suas convicções brotam de um solo próprio e não percebendo o intricado tecido de influência e subversão de valores que pacientemente construí em suas vidas.

A esse indivíduo, como um mestre das sombras, guio sorrateiramente, manipulando suas crenças e direcionando suas ações, enquanto ele permanece alheio à minha presença nas sombras. Este é o trunfo da obscuridade, a capacidade de agir nas entrelinhas, urdindo estratégias ocultas.

Na contrapartida, o tolo que ousa anunciar minha maldade de forma explícita, desencadeia uma reação em cadeia que pode abrir os olhos dos demais, revelando minhas artimanhas. Portanto, prefiro que meus desígnios permaneçam velados, como as sombras que dançam na periferia da consciência coletiva, conduzindo o curso da sociedade sem que esta perceba a mão que a direciona.

Através do sutil artifício da dúvida, semeio a discordância nas mentes vulneráveis, desafiando os alicerces dos bons costumes e normas sociais. "Por que isso é errado?" ecoa a voz de meu fiel acólito, enquanto questiona a origem das regras, ponderando sobre a relatividade de sua própria construção cultural em relação a esses valores estabelecidos. Assim, ele se torna meu instrumento, pronto para desestabilizar os pilares morais.

Sua filosofia, arraigada no autocentrismo, é um tributo ao egocentrismo. Para ele, tudo que o conduz ao bem-estar é digno de sua devoção, indiferente às consequências de desonra, morte e perturbação da paz que sua conduta possa causar. A única constante é a crença inabalável de que seus valores podem ser moldados e redefinidos, como se a moral fosse uma argila maleável sob seu controle.

Assim, persigo incansavelmente a supervalorização da subjetividade em suas mentes, criando um mundo utópico e ilusório onde eles encontram conforto e justificativa para suas ações. Nesse universo de ilusões, as verdades são maleáveis, e a realidade se curva diante das vontades individuais, perpetuando a dança da obscuridade enquanto eles se afundam cada vez mais nas teias de sua própria subjetividade.

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⏰ Última atualização: Sep 22, 2023 ⏰

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