𝑳𝒆𝒕 𝒏𝒐𝒕 𝒅𝒆𝒂𝒕𝒉 𝒔𝒆𝒑𝒂𝒓𝒂𝒕𝒆 𝒖𝒔 ⁻ ᴹⁱⁿˢᵘⁿᵍ

uma casa aconchegante

    Terminamos o trabalho e ficamos um tempo conversando, algumas vezes o irmão de Han vinha pedir algo, a mãe dele vinha nos ver ou o pai, a família de Han era muito acolhedora era incrível estar ali e sentir todo aquele carinho,a casa em si tinha cheiro de amor e carinho, admito que acabei por sentir inveja da casa de Han

    Ela era de certa forma maior que a minha, mas não foi por isso que senti inveja, meus pais se separaram quando eu tinha 7 anos, desde então somos eu e minha mãe, ela da o máximo de si para nos sustentar e acaba ficando exausta então eu não passo muito tempo com ela, mas não a culpo, sei que se pudesse ela ficaria mais tempo em casa, provavelmente cozinharia, me fizesse típicas perguntas constrangedoras de mãe ou assistiriamos filmes juntos coisas do tipo.

    Já meu pai, ele era um tremendo babaca, era horrivel ter ele em casa, quando ele ainda era casado com minha mãe apesar de não trabalhar tanto quanto atualmente ela ainda parecia cansada, porém não fisicamente, mas ainda asim sempre tirava um tempo comigo, era doce, gentil e amorosa.

    Minha mãe quer que eu me concentre nos estudos, e com a noticia do câncer ela não deixa que eu trabalhe de jeito nenhum, o que só torna as coisas mais difíceis pra ela, eu me sentia um peso, como se eu fosse uma maldição que ela tem que carregar consigo.

    Primeiro meu pai sempre dizendo coisas horriveis e batendo nela, quando finalmente se livrou e podia estar livre precisava trabalhar como uma escrava, pra piorar tudo um ano depois o câncer e precisamos fazer uma cirurgia que custou muito caro. Agora novamente eu estava dando mais trabalho a ela, talvez...talvez realmente fosse melhor que minha vida...acabasse, assim ela finalmente poderia ser livre de verdade.

    Eu estava a frente da porta e Han e a mãe me acompanhavam,a sra.Han tinha uma expressão alegre e um sorriso muito parecido com o de Jisung estampado em seu rosto. Jisung vinha atrás com uma expressão calma e neutra

— Foi muito bom tê-lo aqui querido, sinta-se livre para vir sempre que quiser, aqui você sempre será bem vindo e acolhido de braços abertos, mesmo pelo porco do Jisung que não arruma nem o próprio quarto – Ela olhou para o filho mais velho ao seu lado que estava agora com uma expressao incrédula

—  Nossa não precisava me humilhar, me cuspir e ne pisotear assim mãe. Credo achei que a senhora me amasse – Ele fez drama

— Não quero saber... – Ela tornou a me olhar – de qualquer forma,muito obrigada pela visita, você é um amor – Eu respondi um "obrigado" e ela me deu um abraço e voltou para dentro da casa me deixando com Han

— Sua mãe é maravilhosa

— Igual a mim – Ele fez uma expressão presunçosa e eu ri – Bom acho que ate as aulas né, afinal esse inferno ainda não acabou

— Pois é, decepcionante, eu estou cansado de estudar – Retruquei

— Com certeza...bem – ele me olhava,mas não nos olhos,repentinamente me deu um abraço e torci para que ele não sentisse meu coração palpitando com toda sua força. Ele me soltou e murmurou – ...tchau

Ele estava prestes a fechar a porta quando sua mãe chamou – Espera aí – ela disse vindo na direção da porta

— Jisung,vá arrumar seu quarto. Agora – Ela falou para o filho quando olhou novamente para mim assim que Han subiu as escadas ela me entregou um recipiente com um pedaço de bolo

— Hã...senhora não precisa... – Ela me interrompeu

— Por favor aceite, foi bom ter você aqui. Sabe de uma coisa – ela fez uma pausa – quando Jisung disse que você viria fiquei receosa, no começo ele sempre falava como você era assustador, e eu o via falando com Hyunjin coisas ruins sobre você – Senti uma pontada no peito. Coisas ruins sobre mim? como o que? por que?

— Me perdoe não estou tentando estragar sua amizade com Jisung. Depois de um tempo esses comentários foram se tornando cada vez menos presentes, as vezes eu o via rindo para o celular e quando passava por perto ele estava conversando com você, algumas vezes até comentava algo sobre você – Ela continuou

– O que quero dizer é que, me parece que você é um otimo rapaz, e Jisung parece de certa forma diferente agora, no começo pensei que você fosse algum tipo de delinquente mas vejo que não, portanto eu peço perdão e quero que saiba que aqui você tem uma família caso precise – Ela terminou de falar e me deu um forte abraço

— Eu não faço ideia do que dizer, mas muito obrigado sra.Han, foi incrível estar aqui e você e sua familia são ótimas pessoas – Eu disse e ela sorriu tímida com um leve rubor nas maçãs do rosto

Me despedi e fui para casa,o dia havia sido maravilhoso, tudo estava ótimo, na volta para casa senti uma dor aguda na cabeça como se acabassem de pregar um quadro dentro dela, cheguei em casa e avistei minha mãe jogada no sofá, deixei o bolo em cima da mesa de jantar que ficava ao lado contrário da sala

— Mãe... – me agachei ao seu lado e chamei-a

— Oh, meu amor você chegou, está tudo bem? – Ela sentou-se sonolenta

— Sim, estou ótimo. A senhora quer bolo de chocolate? – perguntei e ela assentiu com a cabeça

   Peguei o recipiente e uma colher e levei a ela, peguei uma garrafa de água e me sentei ao seu lado, ficamos em silêncio enquanto ela comia e eu mexia em meu celular.

— Há quanto tempo não nos sentamos assim, um ao lado do outro – ela disse em um curto sorriso me encarando com seus olhos cansados

— Realmente. Mas mesmo sem falar nada parece reconfortante estar com você de novo mamãe

— Eu te amo meu filho – ela disse e então mudou de assunto – Onde comprou isso,tem gosto de...

— Chocolate? – dei um palpite sarcástico que a fez sorrir com os lábios este que rapidamente desapareceu e ela olhou para o bolo com um olhar tristonho

— Tem gosto de bolo caseiro, como tarde em casa de avó... – ela parecia querer dizer algo a mais, talvez algo mais profundo, provavelmente achou que fosse ser idiota por ser um simples bolo

— Foi a mãe do meu amigo que fez

— Diga a ela que ficou maravilhoso

— Eu...vou descansar – falei

— Tudo bem, durma bem meu anjinho –  ela me deu um beijo na bochecha e fui para o meu quarto dormir.