Êxodo

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Deserto 

Capítulo I: Êxodo 

Faz horas que estou a caminhar de dunas e dunas. Horas? Não sei... Pode ser dias. De vez em quando sinto o amargor devido a minha garganta está seca, mas, no meio da dor, acabo esquecendo dela às vezes. Contudo, a sede sempre volta. 

O que aconteceu? Eu não estava em casa há pouco tempo?! Eu nem mesmo cheguei perto da porta, então como subitamente eu parei aqui? Era noite, mas este sol escaldante não me deixa duvidar que está por volta do meio-dia. 

— Melhor nem reclamar... — murmuro com os lábios levemente ressecados. 

Isso, Natan. Não reclame do Sol!! Por acaso já esqueceu de como faz frio à noite? 

— “Frio” ... — dou uma risada debochada — Isso é eufemismo! Aqui é...! 

Travo por um instante, sentando-me no chão. Estou cansado de pensar e andar ao mesmo tempo. Uma coisa de cada. 

— Sim... Aqui é o deserto. Embora, eu nunca tenha saído do meu país... como eu posso achar esse lugar tão familiar...?! 

Começo a ficar fadigado com o constante calor sob minha face. Cubro o rosto com minhas mãos, que estão sujas de areia.  

— Deus, que calor! Acho que vou morrer. — murmuro para o nada.  

Passou uns poucos minutos e então me sinto levemente revigorado. É então que noto uma pequena nuvem sobre o Sol, aplacando levemente os raios. Abro um sorriso como uma criança que acaba de ganhar um doce. 

Como se não pudesse melhorar, sinto uma leve brisa. Não é áspera, mas sim geladinha.  

— Eita que vidão! — entro em júbilo e ouso deitar-me. Todavia, assim que minhas coisas entram em contato com a areia alaranjada, sinto o fervor outrora esquecido. —Aish!! — levanto-me de imediato. — Alegria de pobre dura pouco! — bato nas minhas calças. 

Pelo menos pude aproveitar um pouco, pensei.  

— Graças a... — selo meus lábios. — Sim... foi depois que eu invoquei a Ele...! Eu também vim parar aqui depois de ter lido aquele versículo!! 

“Não devia ter lido!”, não consigo frear esse pensamento.  

— Inacreditável...! Tão pequeno, mas ignorância tamanha! — novamente aquela voz. A ouço, mas ao mesmo tempo não.  

—  O que é isso... — murmuro e olho aos arredores. Apenas mais e mais areia.  

— Sou a mesma “voz” que levou o Filho do Homem ao teu mesmo deserto. Contudo, nunca poderá equiparar-se a Ele! Natan, tu entendes o que eu quero dizer-te? — voltou a se comunicar de forma suave, mas firme. Havia autoridade ali. 

— Eu não entendo. Eu sou filho de homens, de quem mais seria? Quem é tu? Onde está? Não te vejo.   

— Não me vês porque tua fé é pequena assim como teu conhecimento. Tu achaste familiar esse deserto porque já passaste por ele, vieste para cá.  

“Fé”?  

— Tu falou que eu te conheço. Mas, tenho certeza de que nunca ouvi tua voz. E, bem... esse lugar me parece familiar, mas... Não sei quando estive aqui.  

—Eu sou o mesmo Espírito que levou o Filho do Homem ao deserto, Natan. Ainda não lembrou de Mim?  

— Espírito... — experimento a palavra oralmente. Que papo de xamã! — ”Filho do Homem” ...  

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⏰ Última atualização: Sep 24, 2023 ⏰

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