- Esta é minha história compartilhada - Guapoduo

• Trapaceiro • 2

Raios de luz da manhã adrentavam pelas frestas de uma das únicas janelas do local, deixando tudo iluminado. O brasileiro estava todo jogado no colchão, com a cobertura completamente dobrada lá na ponta de seus pés e com a sua cabeça enterrada no travesseiro. Lentamente abre os seus olhos por conta da luminosidade e se espreguiça de forma lenta, se virando de barriga para cima. Logo percebe que Roier não estava ao seu lado, nem as crianças. Então rapidamente se senta no colchão e olha ao redor procurando por eles, não consegue achar ninguém e pensa na possibilidade de terem saído sem ele, mas não demora muito para descartar essa ideia.
Cellbit, então, se levanta e se espreguiça mais uma vez, andando devagar até a porta do lugar, onde existia uma fresta aberta. Quando abre a porta se depara com Roier um pouco mais a frente, estava terminando de pintar as paredes do local, e por causa do calor insuportável que o fazia pingar suor, não estava de camisa.

_ Guapito?.. - Fala com uma voz sonolenta em meio a um bocejo, quase fechando os olhos enquanto se acostuma com a claridade. Estava apoiado na porta, esperando alguma resposta

_ Oh, gatinho! ¡Qué bueno que te hayas despertado! Dormiste bien?
( Ah, gatinho! Que bom que você acordou! Dormiu bem? ) - O mexicano se vira ao escutar a voz do brasileiro, estava todo suado por conta da temperatura alta que estava fazendo, e todo sujo com tinta por estar pintando a parede

Cellbit o olha por alguns segundos em silêncio, e logo desvia o olhar pro chão enquanto levanta um de seus braços até o seu rosto, tentando tampar os raios de sol que batiam direto em seus olhos - Hum.. Dormi sim, e você?

_ Dormí muy bien, incluso más cerca de ti.. ( Dormi super bem, ainda mais perto de você.. ) - Sorri levemente para o rapaz que ainda estava de pijama

No mesmo instante fica imóvel, sem jeito. Não era de ficar assim para qualquer comentário - Ahn.. Que horas são?? Desde quando você tá acordado? - Troca de assunto o mais rápido que consegue

_ Me desperté alrededor de las siete, y ahora son... las diez. ( Acordei por volta das sete, e agora são.. dez horas ) - Da uma leve pausa em sua fala para olhar onde o sol estava, e então responde o rapaz com um sorriso sutil no rosto

_ DEZ HORAS?!? - Fala com um certo espanto - Por que você não me acordou antes?? Puta merda! - Fica com as suas duas mãos na cabeça

_ ¡Cálmate pendejo! ¡No quise despertarte temprano, te dejé durmiendo porque estabas cansado! Y también porque estaba tan lindo durmiendo... no quería molestarte
( Calma idiota! Eu não queria te acordar cedo, te deixei dormindo porque você estava cansado! E também porque estava tão bonitinho dormindo... eu não queria te incomodar ) - O mexicano diz tentando ao menos acalmar um pouco Cellbit

_ Eu já deveria ter escrito metade da minha investigação! E..- Sua fala é cortada imediatamente por Roier, em um tom de voz um pouco mais alto

_ ¡Olvídate de esta investigación! ¡Solo piensas en eso y nada más! Hace días que pasa lo mismo.. Ya basta, Cellbit.. Cuídate un poquito más, yo me preocupo por ti... Por favor..
( Esquece essa investigação! Você só pensa nisso, e nada mais! Já faz dias que é a mesma coisa.. Chega, Cellbit.. Cuida um pouco mais de você, eu me preocupo contigo... Por favor.. ) - Diz, com um olhar de preocupação olhando diretamente para o brasileiro. Um silêncio tomou conta do lugar. - Te hice un café, está en la mesa. ( Fiz um café pra você, está na mesa. ) - Se vira de costas para Cellbit, continuando a pintar a parede

O rapaz ficou estático, e um sentimento de culpa surgiu dentro de si. Pensou quanto tempo passou na frente de um computador escrevendo e quebrando a cabeça com as suas investigações, revirou dias e noites acordado tentando solucionar, estava realmente acabado, mas não conseguia perceber isso sozinho. Tentava disfarçar isso com cafeína e remédios, porém as suas olheiras só pioravam, mesmo passando maquiagem por cima. Seu sono estava desregulado, não chegava a dormir nem 4 horas por dia.. Não conseguia passar tempo com a sua família e nem seus amigos, como Roier..
_ Eu.. .... - É difícil aceitar quando falam uma verdade na sua cara, é como um tapa. Apenas suspirou fundo e encarou o chão, segurando um de seus braços e meio que afegando o mesmo. Não demorando para logo entrar na base de novo, indo para a cozinha tomar o café que Roier fez exclusivamente para ele