Tudo Que Você Nunca Teve - Ohanitta

Capítulo 13

"Cada vez, uma diferente. Te amo"

A frase repetia sem parar na cabeça de Ohana , enquanto ela sentia seu corpo lentamente mudar. Suas mãos começaram a suar, seu coração batia de uma forma diferente, sua vista foi ficando turva e a voz da advogada, que ainda falava algo, foi ficando cada vez mais baixa e distante.

Qualquer coisa que se passasse ao redor dela seria imperceptível, pois agora seu pensamento foi preenchido por uma lembrança indesejada. Ela se viu de volta na cama desconfortável em que se encontrava quando foi presa por James, ele se aproximou em passos curtos e segurou em seu queixo. "... cada vez que vier pra cá, terá uma punição diferente. Dessa vez eu fui bom, porque te amo."

Era isso, James a encontraria. E quando ele a encontrasse, a punição seria muito pior.

- Ohana?

Ela levantou a cabeça, ainda um pouco perdida, olhou para as duas mulheres que a encaravam.

- A polícia vai achar ele, ele não vai se safar dessa! – Disse Larissa.

- Ok. – Foi tudo que a loira conseguiu dizer.

Minutos se passaram, a advogada explicou mais algumas coisas que, apesar de confirmar com a cabeça, ela não estava realmente escutando o que era. Sua mente borbulhava, estava enjoada e seus dedos dançavam uns com os outros em cima de seu colo. Larissa falou algo sobre seguranças e fez algumas ligações. Papeis foram postos à sua frente e ela os assinou apressadamente.

A cada minuto que passava, o aperto no peito aumentava e o nó em sua garganta estava tão grande, que não sabia se conseguiria emitir qualquer som que fosse. A sensação de que iria explodir a qualquer momento estava cada vez mais clara. Em sua mente já haviam passado diversos cenários, em todos eles acabava com ela de volta a prisão chamada James.

Agradeceu mentalmente quando ouviu a advogada se despedir e observou a porta sendo fechada, deixando-a sozinha com Larissa.

Puxou todas as forças que encontrou dentro de si e se pôs em pé. Seu destino era o quarto, entrar nele, fechar a porta e desabar. Se virou em direção ao corredor e deu alguns passos, abaixou o olhar e mirou em sua perna. E lá estava, a marca. Já um pouco mais clara, mas ainda sim bem evidente.

- Eu já contratei os seguranças e vou pedir a minha tia um dos motoristas dela! – Larissa se aproxima e Ohana se vira devagar para olha-la. – Assim, quando precisar sair e eu não estiver em casa, fica...

Larissa se calou quando viu Ohana colocar as mãos sobre a cabeça e puxar o ar com mais dificuldade.

- Ei...

- Ele vai me achar, ele vai me achar, ele vai me achar. – Ohana repetia sem pausas.

- Ele não vai te achar! – Ela tentava falar, mas a voz de Ohana ficava cada vez mais alta e ela sabia que a loira não estava escutando-a. – Ohana ! Ele não vai te achar!

Ela continuava repetindo, estava andando de um lado pro outro e de seus olhos já caiam lágrimas.

- Ohana ? Se acalma, ele não vai te achar! – Larissa se aproximou mais e segurou em seus ombros, fazendo ela parar de andar. – Olha pra mim, se acalma!

- NÃO! – A loira grita. – PARA DE PEDIR PRA EU ME ACALMAR! – Ela empurra Larissa. – Vo-você não entende a gravidade? Se, se ele me achar! – O choro aumenta, a impedindo de continuar falando!

Larissa se aproxima de novo, mas sem toca-la. Apenas observa, com o coração na mão, a loira derramar as dolorosas lágrimas. Ela sabe que nada do que falar ou fizer agora vai ajudar, na hora do desespero é difícil raciocinar. Então ela respira fundo, tentando acalmar seu próprio corpo que ferve em fúria. Ver Ohana chorar assim estava apenas aumentando sua vontade de sair na rua até encontrar James e acabar com tudo isso de uma vez. Não seria uma cena bonita de se ver, mas nesse momento ela não se importa de estar tendo pensamentos tão cruéis.