capítulo único

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Atsushi podia jurar, em nome do presidente, que nunca sentira tanto ódio por seu mentor quanto sentia naquele exato momento.

As palavras de Dazai ainda circulavam sua mente, "Tenho um serviço moleza pra você, certeza que da conta!". O garoto só conseguia se perguntar: onde estava a maldita moleza? 

Deitado em um dos sofás, um certo moreno tentava se esconder, deixando apenas seus olhos acizentados para fora do cobertor. Akutagawa parecia com raiva, mas sem nenhuma vontade de matar, ou melhor, sem nenhuma disposição para matar.

A primeira coisa que Atsushi fez ao chegar no endereço indicado por Dazai foi farejar, tentando reconhecer algum cheiro em específico. Era um apartamento, em um prédio assustador, de número 405. Ele temeu até a recepção do lugar, onde pessoas o observaram caminhar, como uma presa indo diretamente ao seu matadouro. 

O detetive teve de confessar a si mesmo, sabia que o cheiro predominante ali era de um executivo da Máfia do Porto, Chuuya Nakahara, portador da manipulação de gravidade. Era muito estranho entrar um lugar que sabia pertencer ao inimigo, mas confiava em Dazai. "Fui tão inocente", pensou. 

Atsushi entrou em pânico quando se encontrou com Akutagawa, se escondendo atrás do sofá oposto ao mesmo. Foi estranho não ser puxado pelo Rashoumon, nem ser completamente enfaixado, esticado, ofendido e torturado. Ele se viu na obrigação de ligar para o mentor, porém, uma mensagem chegou de imediato.

Enviado por: Dazai-san
Bom dia sushiiii!!!
Te mandei pro apartamento do Chibi, ele teve que sair trabalhar e não quis deixar o capeta sozinho, tendo uma saúde tão frágil. Então, como sua tarefa pra hoje, peguei todos os seus outros trabalhos pra te deixar de folga e cuidar de Akutagawa por mim. Você me conhece, trabalhar e cuidar de homens não faz meu tipo. Ah, e pode mexer em tudo que eu deixei, menos nos vinhos sagrados.
Nunca saia para missões sem saber do que se trata, fica como lição e já quebra esse galho pra mim :D
Se cuidem, e não faz sexo com doente!!!

Se Dazai nunca tivesse sido azarado, teria que começar a buscar por bênçãos. O de cabelos brancos o amaldiçoou mentalmente, cada pedacinho de bandagem. As orelhas de Dazai poderiam pegar fogo de tantos xingamentos que passavam em sua mente.

– Homem-tigre,– uma voz soou, desprezível e cansada– saia daqui imediata-

Uma crise de tosse cortou a fala de Akutagawa, que teve de se inclinar para frente para não se afogar. Ele pressionou o peito, sem conseguir respirar direito. 

Atsushi, com seus sentidos mais apurados devido ao dom, conseguiu perceber através do som que Akutagawa não estava conseguindo respirar. Rapidamente, saiu de seu esconderijo e encarou o moreno, desesperado. 

"A mesinha de centro" pensou, correndo o olhar pela mesma à procura de algum medicamento. Uma bombinha de ar estava ali. 

– Graças!– murmurou, aliviado, caminhando rapidamente até ali e agarrando o objeto. Mas aí veio seu conflito interno, o que fazer com ela? Apertar? Alcançar? Ajudar?

– MAS QUE PO-

Foi tudo muito rápido para Atsushi raciocinar. Em um instante a bombinha de ar estava em suas mãos, no outro, batia na cabeça de Akutagawa. O garoto apenas jogou o medicamento na hora do nervosismo, assim acertando o outro em cheio e piorando a tosse.

– Ahhhh!– gritava enquanto corria em direção a Akutagawa, pegando o objeto e a mão do mesmo, apertando os dois fortemente– Usa essa merda, pelo amor de Deus! 

O moreno usou o resto de suas forças para soltar sua mão das de Atsushi, levando as pressas até a boca. Ele apertou a bombinha seis vezes, tentando fazer isso com calma, mas também quase chorando de alívio. Finalmente, respirando.

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