Segundo: Audição

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Trato é trato!
Capítulo dois tá aí.

Sugiro você dar uma lida no último parágrafo do cap. 1 pra pegar o gap hehe.

Quer ver? Escuta!

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“As tábuas rangiam com os passos de pés descalços. Sua audição, que já era bastante aguçada, havia sido potencializada pela privação da visão, de modo que nada escapava aos seus ouvidos. Ele ouvia as gavetas deslizarem sobre as corrediças e até os dedos do outro roçarem contra o couro e o veludo, provavelmente ponderando sobre qual deles seria o mais apropriado para a ocasião. De certo ciente de que era ouvido ao fazê-lo. 

Ele estava ciente de que seu mestre era astuto o suficiente para deixá-lo saber apenas até onde ele queria.

Os passos ecoaram outra vez e a aproximação vagarosa o fez remexer-se involuntariamente sobre os joelhos em uma tola expectativa de ser tocado. Ao invés disso, ouviu um farfalhar de tecidos, seguido de um som muito familiar: o tilintar de guizos.

Ainda ajoelhado sobre o piso de madeira, sentiu os nós dos dedos do outro em seu pomo-de-adão e o metal frio contra sua pele. Dedos longos puxaram a coleira de couro justa em sua garganta e amarraram o cordão dos guizos, que soaram enquanto o outro terminava de atá-los."

[***]

Os sinos pendurados na calça de Kakashi retiniram suavemente quando o Hokage cruzou as pernas em sua cadeira, posicionada no alto da arena. O lugar estava lotado de civis e ninjas animados para assistir às lutas dos jovens que chegaram à última fase do exame chunnin naquele ano. 

— Todos os Kages estão dentro do perímetro, podem subir a barreira — ele notou quando Iruka passou por trás da cadeira dos Kages instruindo sua equipe de segurança através de um comunicador preso ao seu pescoço por um colar justo. O professor deixou o espaço a tempo de produzir selos suficientes para fazer surgir uma sutil luz azul no parapeito do camarote, protegendo os líderes das vilas que estavam junto ao Hokage antes de começar a primeira rodada de lutas. 

O Hatake conseguia ouvir os zumbidos dos selos sendo alimentados por chakra e sabia que apenas os ninjas ANBU eram capazes de transitar através da barreira invisível. Ela tinha sido projetada — em sua maior parte — pelo Umino, de modo que nem Kakashi podia transpassá-la.

Iruka era realmente impressionante. Cada vez mais fascinante, na opinião daquele seu superior hierárquico.

Para além desse fato, ver o sensei comandando outros shinobi com tanta eficiência fez Kakashi questionar o motivo pelo qual ele ainda estava na Academia dando aulas. Por outro lado, aquilo explicava como Iruka mantinha vinte pirralhos hiperativos sob controle em uma sala de aula e ainda conseguia os ensinar algo.

Assim como os outros Kage tinham seu próprio guarda pessoal, Kakashi tinha um ANBU fazendo sua segurança. Não era como se ele precisasse de proteção, mas aquilo fazia parte do protocolo.

Logo na primeira luta, um gennin da Folha saiu vitorioso do combate contra um ninja da Vila da Nuvem, proficiente em espadas. Kakashi viu quando Iruka comemorou a vitória próximo ao parapeito na lateral da arena.

— Você viu isso? — o Hokage comentou com o ANBU, mas ele apenas assentiu impassivo. 

Era naquelas horas que ele sentia a falta de Tenzo. 

Na metade de um dos embates, Kakashi deu uma ordem inusitada ao seu ANBU, pedindo que ele trocasse de lugar com Iruka-sensei. O homem, cujo rosto era coberto por uma máscara, acatou o pedido e atravessou a barreira com um salto sorrateiro para alcançar o Umino no lado de fora da proteção.

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